Page 112 - Revista da Armada
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Fotografias Antigas, Inéditas ou Curiosas
Com um intervalo de 60 anos, Unidades de Marinha estiveram
presentes nas Terras do Fim do Mundo.
A lancha canhoneira “Cunene” no rio Cubango (1908) e a LDP 105
no rio Cuito (1968).
No principio do século XX no sul de Angola, após a Campanha do Cuamato e pacificado todo o distrito de Huila, à excep-
ção da região dos Cuanhamas, tornava-se necessário a ocupação das Terras do Fim do Mundo , mais propriamente a região do
sudeste banhada pelos rios Cubango, Cuito e Cuando. Assim, sob o comando do 2º tenente Jaime Teodorico da Silva Nunes,
a lancha-canhoneira “Cunene”, que patrulhava o rio do mesmo nome, foi, em Agosto de 1908, seccionada e transportada em
carros boers num percurso de 320Kms desde Forte Roçadas até Caiundo (Posto A) e ai montada e lançada ao rio Cubango.
O tenente Silva Nunes, nomeado Comandante Militar do Baixo Cubango, estabeleceu então postos em todo o vale do rio e
devido à sua valorosa acção toda a àrea até além do Cuito ficou sob efectiva soberania de Portugal.
Mais tarde, quando da Guerra de África (1961-1974), a Marinha realizou operações semelhantes, em Moçambique no
transporte de lanchas de fiscalização e desembarque das águas do Índico para o Lago Niassa, numa distância de cerca de
700Kms. Em Angola, no ano de 1966, a LDP 208, à semelhança da “Cunene”, foi seccionada e transportada num percurso de
1670Kms desde o Lobito até ao rio Zambeze, na fronteira leste. No ano seguinte a LDP 210 percorreu 1800Kms desde Luan-
da até ao rio Cuando, na fronteira sudeste. Finalmente, em 1968, a LDP 105 num itinerário de 900Kms, um pouco a norte do
seguido pela “Cunene”, foi de Moçamedes até ao rio Cuito, nas margens do qual seria instalada Vila Nova da Armada.
Decorridos 60 anos do notável desempenho da “Cunene”, a Marinha continuaria, através de unidades navais e de fuzi-
leiros, a sua presença nas Terras do Fim do Mundo.