Page 222 - Revista da Armada
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PONTO AO MEIO DIA
O Instituto Hidrográfico
Compromisso com a Marinha e com a Ciência
A ACTUALIDADE de, como garante de condições de segurança ainda da produção de novas edições dos Ro-
para a navegação e da vida humana nos espa- teiros das Costas de Portugal.
O ços marítimos de soberania, jurisdição e inte- tensão da plataforma continental, apoiando e
Instituto Hidrográfico (IH) tem prosse-
- Desenvolver os trabalhos associados à ex-
guido, desde a sua fundação em 1960, resse nacional;
assessorando a Estrutura de Missão para a Ex-
– Desenvolver instrumentos técnicos e cien-
um caminho de excelência e de bem-
fazer, que se traduz actualmente por uma es- tíficos certificados que permitam optimizar a tensão da Plataforma Continental.
tratégia assente na inovação, proporcionando intervenção em tarefas de âmbito militar na- - Incrementar a participação em projectos
actividades de desenvolvimento tecnológico e val, de protecção civil e de protecção do am- de investigação científica através de parcerias,
investigação científica aplicada. Isto é possível biente marinho; nacionais e internacionais, em áreas como a
devido, muitas vezes, à abordagem multidisci- – Desenvolver competências multidiscipli- acústica submarina, a circulação na plataforma
plinar das várias temáticas, bem como o apro- nares no âmbito das ciências e técnicas do mar, continental, a oceanografia costeira, a química
veitamento de sinergias entre uma estrutura que assegurem a evolução tecnológica e do marinha e a geologia marinha.
operacional de cariz militar e as capacidades conhecimento, posicionando o IH, enquanto - Incrementar as acções de cooperação nacio-
técnico -científicas há muito residentes no IH. LdE, na vanguarda do estudo do mar; nais e com países estrangeiros, apoiando, por
O carácter misto do IH, simultaneamente – Afirmar uma posição dinâmica no âmbito exemplo, o desenvolvimento das capacidades
como Órgão Central de Administração e Di- da cooperação com organizações e entidades hidrográficas dos Países Africanos de Língua
recção da Marinha (OCAD) e Laboratório do congéneres, participando activamente no qua- Oficial Portuguesa, através de acções de for-
Estado (LdE), leva ao estabelecimento de um dro institucional, científico e comercial, nacio- mação e treino e de assessorias nas áreas dos
Plano de Actividades pautado por um equilí- nal e internacional. levantamentos hidrográficos, da cartografia,
brio entre, por um lado as missões de apoio às Desta definição de objectivos decorre o esta- da segurança marítima, da oceanografia e da
operações navais e o serviço público, por ou- belecimento das seguintes linhas de acção para extensão da plataforma continental.
tro as actividades de investigação e desenvol- o triénio 2006-2008: - Melhorar e expandir as capacidades de
vimento (I&D). A estas junta-se a componen- - Incentivo à investigação científica e desen- monitorização do meio marinho, continuan-
te de serviços, fonte necessária de receita, não volvimento tecnológico sistemáticos no âmbito do o desenvolvimento do sistema integrado de
só para cumprir os requisitos de órgão com das ciências do mar; monitorização ambiental da ZEE portuguesa,
autonomia administrativa e financeira, como - Valorização organizacional e dos recursos em articulação com os interesses nacionais no
também para manter elevados os padrões de humanos; âmbito do GOOS (Global Ocean Observation
actualização tecnológica das actividades de- - Modernização dos meios operacionais; System) e consolidando o sistema de previsão
senvolvidas. - Modernização de infra-estruturas e dos oceânica que lhe está associado.
A Directiva Sectorial Oceanográfica e Hidro- meios de apoio logístico; Seria no entanto injusto esquecer, dentro
gráfica, recentemente homologada pelo Almi- - Optimização da gestão e modernização da modernização dos meios operacionais, a
rante CEMA, vem balizar essas actividades, a administrativa. conversão do NRP Almirante Gago Coutinho
partir de uma visão que passa por constituir o Dentro destas linhas de acção é de destacar em navio hidro-oceanográfico, programa de
IH como um centro de excelência e qualidade especialmente a primeira, dado o seu carácter vital importância para as futuras actividades
de I&D, no âmbito das ciências do mar, com muito específico. Assim, o incentivo à investi- na área da geofísica e da geologia marinha,
projecção nacional e internacional. Tudo isto gação científica e desenvolvimento tecnológi- não só para o IH como também para os ou-
no quadro de intervenção da Marinha na se- co sistemáticos no âmbito das ciências do mar tros actores da actividade científica nacional
gurança da navegação e na protecção do am- deverá passar pelo desenvolvimento dos se- nessa área.
biente marinho, contribuindo pro-activamente, guintes programas: De referir ainda, pela sua importância,
como LdE, para o desenvolvimento científico - Desenvolver a capacidade de apoio às ope- o especial empenho colocado na valoriza-
e tecnológico do País. A esta visão correspon- rações navais, através do estabelecimento e sis- ção organizacional e dos recursos humanos,
de a missão de, conforme descreve a actual Lei tematização da climatologia do meio marinho, com a aplicação de um Plano de Desenvolvi-
Orgânica (DL nº 134/91 de 4 de Abril), “asse- do reconhecimento dos fundos marinhos nas mento Pessoal aos quadros do IH, visando o
gurar actividades relacionadas com as ciên- aproximações aos portos nacionais tendo em aperfeiçoamento das capacidades e aptidões
cias e técnicas do mar, tendo em vista a sua vista o estabelecimento das Q-Routes e do de- individuais e a melhoria do seu desempenho
aplicação na área militar, e contribuir para o senvolvimento e implementação de Sistemas funcional.
desenvolvimento do País nas áreas científica e de Informação Ambientais de suporte. Independentemente dos resultados da ava-
de defesa do ambiente marinho”. A sua acção - Melhorar as capacidades ligadas às missões liação científica internacional em curso, do
fundamental, decorrente da missão atribuída de interesse público através da modernização conjunto dos Laboratórios do Estado em que
à Marinha, é pois de natureza militar, à qual e automatização dos processos da cartografia o IH se insere, bem como da avaliação efectua-
acresce uma vertente científica e de defesa do náutica, de que a impressão de cartas a pedido da no âmbito do Programa de Reestruturação
ambiente, no âmbito alargado do desenvolvi- (“Print on demand”) é um bom exemplo; do da Administração Central do Estado (PRACE),
mento do País. completamento da cobertura do novo fólio de a inserção do IH na Marinha é incontornável,
Também de acordo com a Directiva Secto- cartas, definido em 1994 para as cartas em pa- dada a potenciação de recursos que permite. A
rial, os objectivos do Instituto Hidrográfico pel e em 1997 para as cartas electrónicas; ou da utilização dos navios hidrográficos é disso um
(objectivos sectoriais oceanográficos e hidro- publicação da cartografia dos sedimentos su- bom exemplo, pois constituem-se como peças
gráficos) são claramente definidos: perficiais da plataforma continental (programa fundamentais em toda a actividade progra-
– Contribuir, na sua área de responsabilida- SEdimentologia da PLATaforma - SEPLAT); ou mada anualmente pelo IH. A par dos navios
4 JULHO 2006 U REVISTA DA ARMADA