Page 389 - Revista da Armada
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ções progredia a bom ritmo, impulsionado lhadamente os movimentos migratórios das Portuguesa, baptizado com o nome do penúl-
pelo trabalho de observadores competentes aves enquanto servia como militar britânico timo Rei de Portugal. Mas não vemos canhões,
e pela nova ferramenta, que viria a revelar-se na guarnição de Gibraltar. nem torpedos, nem sistemas de mísseis. Pelo
decisiva – a técnica da anilhagem, introduzida Com o seu “Catalogo illustrado das aves de contrário, existe aparelhagem científica, técni-
por H. Ch. Mortensen em 1890, na cidade de Portugal” D. Carlos de Bragança procurava cos que sabem utilizar esses instrumentos e
Viborg, na Dinamarca. sistematizar informação inédita que possuía que ensinam outros técnicos, para que um dia
Na Península Ibérica, a riqueza da avifau- sobre a avifauna do país, queria divulgar a também eles possam trabalhar no seu lugar.
na contrastava drasticamente com a escassez prática do seu estudo, talvez suscitar novas Existe ainda uma tripulação e um comando,
de ornitólogos capazes de a estudar. Em Por- vocações capazes de continuar o seu trabalho, que fazem funcionar esta plataforma, que le-
tugal, o Doutor Manoel Paulino de Oliveira, fazer avançar a ciência, promover e dignificar vam todo este potencial científico até onde seja
insigne director do Museu Zoológico da Uni- o nome de Portugal. necessário para cumprir a sua missão. Navios
versidade de Coimbra, publicou em 1896 um Para quem ainda duvide da utilidade práti- como este têm uma força tremenda. Constro-
livro destinado a auxiliar os estudantes na ca deste tipo de trabalhos, ignorando tratar-se em conhecimento no presente, formam recur-
determinação das várias espécies. Foi um tra- de verdadeiro investimento estratégico, recorda- sos humanos para o dia de amanhã, projectam
balho muito importante no seu tempo, para mos algumas palavras sábias da época: o país no Futuro.
o qual escolheu um nome hoje impensável: “As conquistas do progresso e da civilização É talvez desta forma que podemos pres-
“Aves da Península Ibérica e especialmente interessavam-no, apaixonavam-no. Era uma tar a nossa melhor homenagem ao trabalho
de Portugal”. perfeita e completa organização moderna de pioneiro de D. Carlos de Bragança, fazendo
É fácil percebermos a razão daquele título. várias aptidões brilhantemente exercitadas. avançar o conhecimento científico dos mares,
Portugal tinha poucos ornitólogos, menos O estrangeiro viu-o bem, acolheu-o jubilosa- divulgando o resultado desses estudos, contri-
de dez seguramente, incluindo já o próprio mente, festejou-o em academias, em torneios, buindo para concretizar aquele desígnio que
D. Carlos de Bragança. Mas no país vizinho em certames, em exposições, na imprensa e lhe era tão caro e que podemos resumir numa
a situação era bem pior. Desta época, os no- nos parlamentos. Na mente de todos estão as frase da época:
mes que ficaram para a história da ornitologia viagens de El-Rei pela Europa, que signalam “Sentar Portugal à mesa dos países civili-
Espanhola pertencem a Ingleses expedicioná- verdadeiros triumphos para a causa da nação. zados”
rios, como Howard Saunders e Lord Lilford, O estrangeiro julgou melhor, começou de fa- Z
que visitavam os mercados de Sevilha e de zêr mais justiça ao povo do Rei que tão viva- António M. Teixeira
Barcelona para se abastecerem dos espécimes mente o impressionava.” (Cónego Bernardo -Biólogo-
ali postos à venda pelos cazadores, quando não Chouzal, in El-Rei D. Carlos I e Príncipe Real, Genérico do discurso proferido na sessão de lança-
eram eles próprios que efectuavam colhei- D. Luiz Filippe.) mento do Volume III da obra de D. Carlos de Bragança
tas, auxiliados por batedores locais. Outros Por fim, quero expressar um sentimento “Catálogo Ilustrado das Aves de Portugal” realizada no
residiam no território, a exemplo do Coronel muito pessoal. dia 12 de Outubro de 2006, pelas 18:30 h, a bordo do Na-
Irby, excelente observador, que estudou deta- Estamos a bordo de um navio da Marinha vio Hidrográfico da Marinha Portuguesa “D. Carlos I”.
Novo talento FNAC Literatura 2006
Novo talento FNAC Literatura 2006
ealizou-se no dia 14 de Outu- mentos históricos, a saber: o terramoto
bro de 2006 na FNAC-Chiado, de 1755, a revolta do vinho do porto,
Ro lançamento do livro “Francis- Foto CAB L Figueiredo o processo dos Távoras, a expulsão
ca” da autoria do 1º Tenente César Ma- dos jesuítas, a abolição da escravatu-
garreiro. A este romance foi atribuído ra na metrópole, entre outros impor-
o premio Novo talento escritor FNAC/ tantes factos históricos, César Magar-
Teorema 2006. reiro, concebe um romance no qual
O prémio Literário FNAC/Teorema Francisca, cansada dos maus tratos e
2006 foi atribuído por deliberação do humilhações impostos por sua ama
júri composto por Dóris Graça Dias Josefa, procura pelas ruas da cidade,
(Professora Universitária), Helena Bar- os trabalhos das feiticeiras de modo a
bas (jornalista do Expresso), Nuno Jú- que estas, caso saibam como
dice (poeta), Rui Zink (escritor) e Carlos o fazer, lhe preparem remédios
da Veiga Ferreira (editor), que se reuniu de obrigar as vontades.
no dia 31 de Maio para deliberar o re- “Francisca”, é o primeiro ro-
sultado da análise das 91 obras que se apre- pela personagem Francisca), mance publicado pelo Tenente
sentaram a concurso. que foi presa e julgada pelo César Magarreiro, que exerce
No lançamento do livro estiveram presentes Santo Ofício, no Século XVIII. actualmente funções de En-
representantes do Júri, da FNAC, da Teorema, A acção do romance tem lugar carregado do pólo CCM-Mon-
o representante do Almirante CEMA, CALM em Lisboa, e enquadra-se num santo e Chefe de Serviço de
Roque Martins, anónimos, familiares e ami- período temporal que vai des- Manutenção de Sistemas no
gos do escritor. de o dia do terramoto de 1 de Centro de Comunicações de
Fizeram uso da palavra, o autor do livro Cé- Novembro de 1755, até ao dia Dados e Cifra da Marinha.
sar Magarreiro, Jorge Guerra e Paz como repre- 21 de Setembro de 1761, data O 1º Tenente SEE César Ma-
sentante da FNAC, Carlos da Veiga Ferreira da associada ao último auto de fé garreiro foi recebido em audiên-
editorial Teorema e Dóris Graça Dias como re- com queima de pessoas, ocorrido em Portugal cia pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, Al-
presentante do júri que atribuiu o prémio. (aquele em que se executou o Padre Jesuíta Ga- mirante Melo Gomes, no dia 12 de Outubro,
A obra é uma versão romanceada, adaptada briel Malagrida). o qual lhe transmitiu pessoalmente os votos de
em tempo e circunstâncias da vida da escrava Tendo por pano de fundo, seis anos que re- parabéns enquanto o autor lhe ofereceu um
Marcelina Maria (no romance é representada presentaram um tempo profícuo em aconteci- exemplar da sua obra “Francisca”. Z
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