Page 222 - Revista da Armada
P. 222

PONTO AO MEIO DIA






            NRP “Almirante Gago Coutinho”



          Um reforço significativo da capacidade hidro-oceanográfica nacional

               ompete à Marinha garantir as capa-  da extensão da plataforma continental, cam-  xiliares de Marinha adaptadas para traba-
               cidades necessárias para executar as  panhas para o estudo do canhão da Nazaré,  lhos de   hidrografia e oceanografia . Este
          Coperações de carácter militar e dis-  apoio ambiental a operações navais e apoio  conjunto de meios operacionais virá facili-
          por de meios, com capacidade oceânica e  à comunidade científica nacional.   tar o cumprimento dos objectivos estabele-
          costeira para, complementarmente, execu-  O NRP “Almirante Gago Coutinho” foi  cidos na Directiva Sectorial Oceanográfica
          tarem outras tarefas de serviço público.   transferido para Portugal em 2000, estan-  e Hidrográfica, aprovada pelo Almirante
            Os navios hidrográficos da Marinha exe-  do actualmente na fase final do processo de  CEMA em 2006. No contexto presente im-
          cutam actividades relacionadas com as ci-  conversão em navio hidro-oceanográfico.  porta assegurar o equilíbrio entre o empre-
          ências e técnicas do mar, tendo em vista a  Para além de equipamentos idênticos aos  go estritamente militar dos navios da classe
          sua aplicação militar e contribuem, comple-  existentes no NRP “D. Carlos I”, financia-  “D.Carlos I” e a sua utilização técnico-cien-
          mentarmente, para o desenvolvimento do  dos pelo MDN/ Estrutura de Missão para  tífica civil, seja no âmbito das actividades
          País nas áreas científica e da defesa do am-  a Extensão da Plataforma Continental e ins-  hidro-oceanográficas do Instituto Hidro-
          biente marinho.                   talados pela Marinha ,  foi equipado com    gráfico, seja no apoio à comunidade cientí-
            O Agrupamento de Navios Hidrográficos  novos sistemas para trabalhos de geofísica  fica nacional ou na execução de acções de
          dispõe de quatro navios: dois com capacidade  e geologia marinha, designadamente um  política externa nacional. Nesta perspecti-
          costeira, NRP “Andrómeda” e NRP “Auriga”  “Sub-Bottom Profiler” e um guincho para  va, a eventual utilização destes navios em
          (classe Andrómeda) e dois navios oceânicos,  efectuar recolha de amostras geológicas do  missões NATO (por exemplo, apoio de “Ra-
          NRP “D. Carlos I” e NRP “Almirante Gago  fundo do mar. Com a sua configuração  o  pid Environmental Assessment” (REA) in-
          Coutinho” (classe D. Carlos I). O emprego  NRP “Almirante Gago Coutinho” garan-  tegrado na NATO RESPONSE FORCE) ou
          operacional destas unidades navais abrange  te complementaridade com o outro navio  a sua utilização em missões de cooperação
          a execução de um amplo conjunto  de tare-  da classe nos domínios da geofísica e geo-  no espaço lusófono, deverá ter necessaria-
          fas, designadamente no âmbito da instrução,  logia marinha. Até finais de 2008 prevê-se  mente em atenção a contribuição a prestar
          da oceanografia, da hidrografia, do assinala-  um elevado empenhamento operacional do  à comunidade científica prevista no proto-
          mento marítimo e da monitorização ambien-  navio, maioritariamente em apoio aos tra-  colo anteriormente referido, bem como as
          tal. Sob o comando operacional do Comando  balhos em curso para a extensão da plata-  missões do Plano de Actividades do Insti-
          Naval, os navios hidrográficos estão coloca-  forma continental portuguesa. Saliente-se  tuto Hidrográfico.
          dos na subordinação directa do Instituto Hi-  que, desde 2004, e no âmbito deste projecto,   O cenário descrito constitui um ambi-
          drográfico (IH)  no que respeita aos aspectos  o NRP “D. Carlos I” já efectuou a cobertura  cioso desafio para o futuro das actividades
          técnicos da execução das suas missões.   do fundo do mar numa área equivalente a  hidro-oceanográficas da Marinha. Haverá,
            Os navios da classe Andrómeda entra-  cinco vezes o território de Portugal.  contudo, que ter em consideração: as longas
          ram ao serviço na segunda metade da dé-  Parte do investimento aplicado no equi-  e continuadas tarefas a desempenhar pelos
          cada de oitenta, tendo sido construídos no  pamento do NRP “D. Carlos I”, e previsto  dois navios oceânicos, tradicionais recordis-
          Arsenal do Alfeite de acordo com requisi-  efectuar  ainda  no NRP “Almirante Gago  tas em horas de navegação anuais; os recur-
          tos operacionais definidos pela Marinha.  Coutinho”, resulta de financiamento já dispo-  sos humanos qualificados e experimentados
          São navios versáteis, capazes de embarcar  nibilizado e a conceder  pela Fundação para a  para satisfazer as necessidades dos navios
          e operar equipamentos diversificados , e  Ciência e Tecnologia, de acordo com um pro-  e das brigadas hidrográficas; a obtenção e
          foram concebidos para operar em zonas  tocolo celebrado em 1999. Como contraparti-  manutenção de elevados padrões e qualifi-
          costeiras e portuárias. São frequentemen-  da,  a Marinha  assumiu atribuir, anualmente ,  cações do pessoal militar e civil da lotação
          te utilizados por outros organismos de in-  75 dias de cada navio para missões em  apoio  do IH; e , não menos  importante, a escassez
          vestigação do Estado e fundamentais para  da comunidade científica nacional.    de pessoal técnico-científico apto a operar
          o projecto das Rotas Seguras de Acesso aos   No âmbito militar, o emprego dos navios  alguns dos novos sistemas instalados e a
          Portos Nacionais.                 hidro-oceanográficos no apoio ambiental  instalar nos navios. Desejavelmente, a nova
            A capacidade hidro-oceanográfica  oceâ-  às operações navais tem sido realizado  lei orgânica do IH, compatibilizando o es-
          nica reside nos navios da classe D. Carlos I,  com sucesso durante os  exercícios navais.  tatuto de OCAD e de Laboratório do Esta-
          dispondo estas unidades de sistemas e equi-  As metodologias de avaliação e treino da  do, permitirá a utilização de ferramentas de
          pamentos “state-of-the-art”, desenvolvendo  Flotilha foram bem assimiladas e permiti-  gestão suficientemente flexíveis para torne-
          a sua actividade ao nível dos melhores pa-  ram elevar o desempenho global das suas  ar algumas das dificuldades que se perspec-
          drões de âmbito mundial.          guarnições. A participação de um navio da  tivam a curto e médio prazo. A Marinha e o
             O NRP “D. Carlos I”passou ao estado  cl asse D. Carlos I no “Hydrographic Ope-  País muito terão a ganhar com um Instituto
          de armamento em 1997 e  concluiu a sua  rational Sea Training” (HOST) no Reino  Hidrográfico apostado em continuar a de-
          adaptação a navio hidro-oceanográfico em  Unido, a efectuar assim que o planeamen-  sempenhar um papel de excelência na in-
          2004. Foi equipado com um sistema son-  to operacional e os recursos o permitam,  vestigação do mar e uma capacidade naval
          dador multifeixe, perfiladores acústicos de  constituirá uma oportunidade de inovação  hidro-oceanográfica dotada de meios huma-
          correntes, guinchos oceanográficos, apare-  e melhoramento que produzirá reflexos po-  nos e materiais prontos, disponíveis e aptos
          lhos de força e novos laboratórios. Desde  sitivos na operação dos demais navios do  a  satisfazer as reais necessidades das comu-
          Maio de 2004, com a actual configuração,  Agrupamento de Navios Hidrográficos.  nidades , militar e civil, que servem.
          tem vindo a efectuar múltiplas missões de   A partir do segundo semestre de 2007 a                  Z
          carácter científico, com destaque para os le-  Marinha passará a dispor de quatro navios   José Augusto de Brito
          vantamentos hidrográficos para o projecto  hidro-oceanográficos e de três unidades au-             VALM


         4  JULHO 2007 U REVISTA DA ARMADA
   217   218   219   220   221   222   223   224   225   226   227