Page 11 - Revista da Armada
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plomático e dos militares do corpo de adidos, A escala foi entretanto aproveitada por par- Por outro lado, a Marinha de Moçambique
nacional e estrangeiro, creditados em Moçam- te de escolas militares e civis para a realização organizou diversas actividades que visaram uma
bique, bem como dos elementos da comuni- de diversas visitas de estudo, procurando-se, maior interacção com a guarnição do navio.
dade portuguesa, tendo comparecido cerca no primeiro caso, a troca de experiências e de Além de visitas a unidades militares, das quais
de cem pessoas. A presença de um elevado se destaca a que foi efectuada à Escola de Fu-
número de embaixadores – sete detentores zileiros, realizaram-se também alguns eventos
do cargo e dois Encarregados de Negócios – desportivos e de lazer.
permitiu dar uma visibilidade internacional a No dia 12 o Comandante da Marinha ofe-
esta visita, demonstrando, a parceiros e alia- receu um jantar, num restaurante local, ao
dos, a determinação e o empenho de Portugal comandante e oficiais do navio que contou
em manter uma presença activa numa área de com a presença de diversos militares Mo-
grande interesse estratégico. çambicanos.
A comunicação social Moçambicana deu Quando o navio largou para o mar a fim de
igualmente uma ampla cobertura ao evento, se juntar à SNMG1, pode afirmar-se que esta foi
tendo o Comandante Naval e o Comandante do uma escala de grande importância e significado.
navio concedido diversas entrevistas. Foi tam- conhecimentos, e, no segundo, encorajar vo- Os contactos mantidos, e a opinião expressa, de-
bém salientado o compromisso de Portugal, das cações e captar voluntários. Esta postura, foi ar- notam o agrado dos Moçambicanos em voltar a
suas Forças Armadas e da Marinha, em manter ticulada com as autoridades Moçambicanas e ver navios portugueses, da Marinha, no estuário
uma cooperação estreita, com as suas congé- procurou explorar o grande interesse suscitado do Rio Maputo, e um manifesto desejo de que
neres de Moçambique. por esta visita. este tipo de visitas possa ser mais frequente.
Em patrulha no “Corno de África”
Em patrulha no “Corno de África”
o decurso da sua viagem de circum-na- actos de pirataria – antecipando-se que o navio de um raio de vinte milhas da cidade de Mo-
vegação ao Continente Africano, após pudesse vir a ser envolvido em acções de pro- gadíscio. À “Álvares Cabral” coube, todavia,
Nas visitas aos Portos do Lobito, Cidade tecção da navegação mercante. Por esse motivo, comandar o grupo que se posicionou na área
do Cabo e Maputo a “Álvares Cabral” rumou esta fase foi também objecto de especiais cuida- oceânica (TG 410.02), onde a interacção com a
a norte para conduzir, conjuntamente com os dos na área da defesa próxima, promovendo-se navegação mercante foi mais profícua, promo-
restantes navios da força naval da NATO onde treinos de prontidão de resposta a ameaças as- vendo a presença da Aliança, como garante da
se encontra integrada (Standing Naval Maritime simétricas, e de manuseamento de armamento segurança marítima nestas águas.
Group 1 – SNMG1), uma operação de presença ligeiro, e portátil, numa base regular. As tarefas de vigilância intercalaram com a
naval no designado “Corno de África” (Horn of execução de exercícios nas disciplinas tradicio-
Africa –HOA), ao largo da costa da Somália. nais da guerra no mar, com ênfase na luta anti-
Numa primeira fase o navio actuou sozinho, submarina, tirando-se partido da presença do
uma vez que a escala em Maputo decorreu no submarino nuclear HMS “Talent” na área. Num
estrito plano das relações entre Portugal e Mo- destes exercícios, a fragata belga “Leopold I” in-
çambique, obrigando a que a fragata portuguesa tegrou a TG 410.02, comandada, como referido,
se afastasse das outras unidades da força, que, na pelo CMG Sousa Pereiral. Como curiosidade re-
circunstância demandaram as Ilhas Sheychelles. fira-se o facto de se tratar de um navio da classe
Seguindo o plano previamente definido pelo Co- “Karel Doorman” em tudo semelhante àqueles
mandante da SNMG1, a “Álvares Cabral” nave- que a Marinha vai adquirir à Holanda.
gou ao longo da linha de costa – fora das águas Após cerca de cinco dias na área de opera-
territoriais das nações ribeirinhas – procurando ções, ambos os grupos iniciaram o seu trânsito
coligir toda a informação possível sobre o tipo e para norte com o intuito de se reunirem em 29
a intensidade das actividades marítimas na área. de Setembro junto ao Djibouti. Durante este
Esta linha de acção procurou explorar o trânsi- trânsito a “Álvares Cabral” reabasteceu com o
to bipartido da força, complementando a infor- auxiliar americano “Tippecanoe”.
mação que os outros navios haveriam de reunir Já na área do Djibouti, a cada unidade foi
no decurso da sua deslocação para Norte, junto atribuída responsabilidade de vigilância e de
à costa Oeste de Madagascar. Recorde-se que controlo sobre uma área geográfica de cerca de
a missão primária da força é o de adquirir um 400 milhas quadradas. Naquela data, foi ainda
maior conhecimento sobre as áreas de operações interceptada uma pequena embarcação de pes-
ao largo de África, não só no que concerne às Durante os primeiros dois dias o navio perma- ca do Yemen, onde numa acção típica de Info
já referidas actividades marítimas, mas também neceu junto às aproximações Leste da cidade de Operations se distribuiram alguns panfletos de
no que refere às condições ambientais e à forma Kismaayo, onde, contrariamente ao que se espe- divulgação da missão Aliança nesta região, e se
como estas condicionam a utilização e o desem- rava, não foram detectadas quaisquer embarca- entregou algum material de primeira necessida-
penho dos sensores e das armas. Torna-se assim ções nem navios mercantes. De assinalar, con- de como água e farinha. Os pescadores mostra-
importante cobrir a maior área que for possível, tudo, a presença permanente de um destroyer ram-se receptivos à aproximação da semi-rígida
o que determina que se optimizem os sectores americano da classe “Arleigh Burke” junto à fron- com os militares portugueses, e de trato bastante
de cobertura dos sensores numa perspectiva de teira das 12 milhas, bem como do navio francês afável, muito embora tenham havido algumas
complementariedade e se opte por formaturas e “Dupuy de Lôme”, este vocacionado para a in- dificuldades de comunicação devido aos fracos
dispositivos em que os navios se mantêm relati- tercepção e análise de comunicações. conhecimentos de inglês dos Yemenitas.
vamente afastados uns dos outros. Pese embora a reduzida actividade junto a A força iniciou a fase seis do SNMG1 Africa
A condução das tarefas de vigilância e de terra sugerisse que se orientassem os esforços Deployment com a entrada no Mar Vemelho na
presença no mar da Somália gerou bastante de pesquisa para além das 200 milhas, zona de madrugada de 30 de Setembro.
entusiasmo no seio da guarnição, por se tratar passagem preferencial da navegação comercial, Z
de uma área onde se sabe que ocorrem uma quando a força se reuniu em 20 de Setembro (Continua) (Colaboração do Comando
grande quantidade de ilícitos – em particular parte da TG (TG 410.01) permaneceu dentro do NRP “Álvares Cabral”)
REVISTA DA ARMADA U JANEIRO 2008 9