Page 308 - Revista da Armada
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Cerimónia de lançamento à água
Cerimónia de lançamento à água
do “Tridente”
do “Tridente”
ealizou-se, no passado dia 15 de Ju- soal que se encontra no seu interior.
lho, no estaleiro da Howaldstwerke- Uma outra característica, herança da
R-Deutsche Werft GmbH (HDW), a adopção de soluções incorporadas nos
cerimónia de lançamento ao mar e bap- Tipos 212 e 214, consiste na utilização
tismo do primeiro de dois submarinos que de apenas um motor eléctrico de propul-
neste estaleiro – incorporando trabalho são. Este motor, de magnetização perma-
rea lizado igualmente no da Nordseewerke nente possui uma elevada capacidade de
Emden(NSWE) – estão a ser construídos na resposta para além de uma elevada dis-
sequência da assinatura, em 21 de Abril ponibilidade em caso de avaria, podendo
de 2004, do contrato entre o Estado Por- funcionar mesmo quando as suas capaci-
tuguês e o “German Submarine Consor- dades estão muito degradadas.
tium” (GSC-HDW, NSWE, MAN-Ferros- O motor é alimentado por baterias,
taal) que envolve o fornecimento de dois carregadas por recurso a dois geradores
submarinos da classe 209PN. ou à célula de combustível – cujo funcio-
A construção número 383, foi baptiza- namento se baseia na reacção de junção
da N.R.P. “Tridente”, e a construção nú- de átomos de Hidrogénio e de Oxigénio,
mero 384 será baptizada N.R.P. “Arpã o”, da qual resultam água e electrões livres
estando prevista ocorrer durante o primei- que vão gerar uma corrente eléctrica que
ro semestre de 2009. alimentará os vários sistemas do navio;
Estas duas novas unidades vêm substi- conseguindo-se desta forma incrementar
tuir as três unidades da classe “Albacora” a capacidade de navegação em imersão,
que esforçados serviços à Marinha e a sem recurso aos motores diesel, pelo que
Portugal prestaram ao longo de cerca de a taxa de indiscrição associada à carga
quatro décadas. das baterias é significativamente reduzida,
A classe “Tridente” caracteriza-se pelas o que se traduz em evidentes vantagens
suas modernas características e capacida- operacionais.
des, representando um salto tecnológico Todos os sistemas de bordo relaciona-
ímpar em relação não só às unidades da dos com propulsão, produção e distribui-
4ª Esquadrilha, como também, em algu- ção de energia, segurança em imersão e
mas vertentes, às restantes unidades na- controlo da plataforma possuem uma ele-
vais combatentes da nossa Marinha. vada taxa de automatismo, o que permitiu
reduzir quase para metade a guarnição –
CLASSE “TRIDENTE” cerca de 33 elementos –, sendo controla-
CARACTERÍSTICAS dos pelo sistema de controlo e gestão da
A classe “Tridente”, constituída por sub- plataforma, cujo acrónimo designativo é
marinos Tipo 209PN, deriva, em termos de EMCS. Assim, as mais variadas manobras
design, da classe 209, tendo-lhe sido in-
troduzidas algumas alterações e soluções Características da classe “Tridente”
técnicas características dos Tipos 212, da Dimensionais
Marinha Alemã e 214, que equipa as Ma- Comprimento de fora a fora 68 m
rinhas da Grécia e da Coreia do Sul. Comprimento casco resistente 53 m
A sua principal diferença em relação a Boca máxima 6,35 m
Diâmetro casco resistente
6,3 m
estes dois tipos e ao tipo 209, consiste no Calado médio à superfície 6,6 m
facto de estar dotada de uma antepara re- Deslocamento à superfície 1842 ton
sistente até à pressão de colapso do casco, Deslocamento em imersão 2020 ton
separando o navio em dois compartimen- Desempenho
tos resistentes distintos incrementando a Profundidade máxima de operação >350 m
capacidade de sobrevivência da guarni- Velocidade máxima em imersão ~20 kts
ção – ou de alguns dos seus elementos – Velocidade máxima à superfície ~12 kts
em caso de acidente em consequência do Autonomia global 45 dias
qual o navio, pelos seus próprios meios, Autonomia global a 4 nós (USP) >12.500 nm
não consiga emergir. Autonomia em imersão a 4 nós
Em termos de salvamento e segurança, Apenas com a bateria >350 nm
esta classe encontra-se igualmente equipa- (Velocidade ultra-silenciosa)
Apenas com o sistema AIP
da com duas balsas auto-insufláveis, fatos (Velocidade ultra-silenciosa) >1200 nm
para abandono do submarino a grandes
profundidades, eclusas viabilizando a reali- realizadas a bordo são controladas, na sua
zação de escape e ascensão livres e capaci- grande maioria, pelo simples pressionar
dade, segundo os actuais requisitos NATO, de um botão de comando.
de receber veículos submarinos de salva- Os sensores da mais variada ordem
mento e “pods” – contentores – contendo – acústicos, electromagnéticos, ópticos,
víveres e água para sobrevivência do pes- entre outros – são geridos pelo Sistema
18 SETEMBRO/OUTUBRO 2008 U REVISTA DA ARMADA