Page 4 - Revista da Armada
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PONTO AO MEIO DIA

      Os novos desafios da gestão financeira,
orçamental, económica e patrimonial da Marinha

Oponto ao meio-dia permite, em                  sumida às normas de direito financeiro       funcionais já instituídos na operação admi-
           termos retrospectivos, eviden-       público, cuja gestão, respeitando a axio-    nistrativa e financeira e, por último, a ges-
           ciar o que já foi alcançado e, em    mática dos recursos disponibilizados,        tão da tesouraria da Marinha e do Estado
termos prospectivos, o que falta alcançar       terá que observar, para além dos critérios   mediante a concretização plena do concei-
e traçar o rumo para atingir os objectivos      da economia, eficiência e eficácia, o prin-  to de tesouraria única.
e propósitos fixados.                           cípio do melhor valor acrescentado na
                                                concretização do produto institucional e     A EFECTIVA PRODUÇÃO DE EFEITOS
    A Superintendência dos Serviços Fi-         na edificação das capacidades.               DO MÓDULO DE CONTROLLING DO
nanceiros (SSF) respondeu, sempre em                                                         SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO
antecipação, aos desafios da modernidade,       A EDIFICAÇÃO DO QUADRO                       DA DEFESA NACIONAL
adoptando as melhores conceptualizações         PLURIANUAL DE PROGRAMAÇÃO
e inerentes modelos organizacionais, fun-       ORÇAMENTAL                                      A contabilidade de gestão, tal como já
cionais e processuais, ditados pelos valores,                                                está parametrizada em SIGDN, constitui
pela teorização científica e pelas boas práti-     É fundamental que o impacto no fun-       um instrumento, ao dispor das Unidades,
cas conexas com a evolução tecnológica.         cionamento, da decisão e concretização       Estabelecimentos e Órgãos, que deve passar
                                                do investimento, seja vertida no Plano       de mero exercício para um efectivo suporte
     A actual conjuntura que teima em tor-      Financeiro de Médio e Longo Prazo. Este      de informação habilitante à excelência na
nar-se estruturante, muito embora possa         inovador plano, que já encontra previ-       decisão, possibilitando, também, o inerente
ser interpretada como geradora de oportu-       são no Regulamento de Administração          controlo de custos e a responsabilização da
nidades, vem tornar mais clara a adopção e      Financeira da Marinha, constituirá um        gestão.
a concretização de modelos de gestão que        precioso e fundamental elemento da
obedecendo à visão estratégica do Almiran-      avaliação da sustentabilidade financeira        A valorização e reforço da função con-
te CEMA consubstanciada na Directiva de         de médio e longo prazo e, concomitante-      trolo, especialmente ao nível sectorial e
Política Naval 2011 (DPN 2011) e concretiza-    mente, o elemento de referência na ges-      operacional, são fundamentais no sentido
da, no âmbito funcional financeiro, na Direc-   tão dos sectores funcionais da Marinha.      de promover a verificação, desenvolvi-
tiva Sectorial da Superintendência dos Servi-                                                mento, avaliação e informação sobre lega-
ços Financeiros (DSSSF), navega no mar pe-         A jusante deste plano, são requeridos     lidade, regularidade, mérito na utilização
rene dos valores, designadamente, a honra,      métodos científicos de análise e avaliação   dos recursos e boa gestão dos programas,
a disciplina, a lealdade, a integridade, e nos  das despesas de investimento e de fun-       medidas, projectos, actividades, acções,
princípios da legalidade, da transparência,     cionamento com adopção dos critérios         elementos de acção e tarefas.
do rigor e da cooperação institucional.         do Valor Actualizado Líquido e do Cus-
                                                to/Benefício que terão que incorporar na     A CONTABILIZAÇÃO DAS CAPACIDA-
    Considero como elementos que ala-           máxima extensão o conceito de ciclo de       DES COMO OS ACTIVOS DA MARINHA
vancam a função financeira e que se             vida dos equipamentos e plataformas.
constituem, externamente, como factores                                                         A Marinha, através do processo de pres-
acrescidos de credibilidade da Marinha          A PLENA ADESÃO À REFORMA DA                  tação de contas, proporciona com transpa-
e, internamente, como potenciadores da          ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DO                  rência e rigor, informação credível indis-
concretização do produto institucional e        ESTADO                                       pensável à apreciação da rentabilidade do
do mérito da gestão, os seguintes desafios                                                   investimento e da bondade das decisões em
que, simultaneamente, se assumem como              Importante desafio que exigirá os inter-  relação aos recursos disponibilizados e ne-
factores resilientes:                           faces do Sistema Integrado de Gestão da      cessários à inerente sustentação.
                                                Defesa Nacional (SIGDN) com a Entidade
O ESFORÇO DA RACIONALIZAÇÃO                     Contabilística Estado (ECE), com o Siste-       No entanto, o valor patrimonial das ca-
                                                ma de Informação de Gestão Orçamental        pacidades só será rigoroso se integrar os
    A Marinha, mercê do esforço de ra-          (SIGO) e com o Instituto de Gestão da Te-    bens intangíveis, que, constituindo o Imobi-
cionalização, que há vários anos vem            souraria e do Crédito Público (IGCP) que     lizado Incorpóreo, integram, entre outros, a
encetando e concretizando, conseguiu o          permitam, fundamentalmente, a ligação        investigação, o conhecimento, a formação e
equilíbrio entre missão, actividades, tare-     em tempo real dos sistemas de gestão fi-     especialmente o treino, este como condição
fas e os recursos disponibilizados em que       nanceira e orçamental e a operacionaliza-    sine qua non para a edificação da capacidade.
incluo, os recursos materiais, humanos, fi-     ção dos Pedidos de Libertação de Créditos
nanceiros, tecnológicos e o recurso tempo.      (PLC) e dos Pedidos de Autorização de           Por último, sabendo que a Autorida-
                                                Pagamentos (PAP).                            de Funcional e Técnica só pode afirmar-
    No entanto, a especial situação orça-                                                    -se com competência, valores, princípios
mental verificada em 2010, foi substancial-        Estes propósitos determinarão a defi-     e rigor técnico científico, cumpre afirmar
mente agravada para 2011. Efectivamente,        nição de Níveis de Crédito conexos com a     que a SSF deve continuar a ser um orga-
a Lei do Orçamento do Estado para 2011,         expressão orgânica do orçamento da Mari-     nismo eficiente, respeitado, prestigiado
fortemente condicionante, impõe um qua-         nha, e exigirão as necessárias e adequadas   e constituir um referencial no âmbito da
dro restritivo e de austeridade.                adaptações na matriz de organização do       Administração Pública.
                                                Sistema de Administração Financeira da
    A monitorização e projecção, com            Marinha (SAFM), nos processos técnicos e                                 J.Esteves Nunes
absoluto rigor e disciplina, da inerente                                                                                      CALM AN
execução orçamental, naturalmente, sub-

4 AGOSTO 2011 • REVISTA DA ARMADA
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