Page 36 - Revista da Armada
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2ª 1934-1954
O projeto de substituição dos submersíveis da 1ª Esquadrilha participaram em exercícios que os levaram a estar 30 dias conse-
cutivos fora da base de Lisboa, tendo praticado os portos de Porto
começou por prever a aquisição de outros também de origem Santo, Funchal, Vila do Porto, Ponta Delgada, Angra do Heroísmo,
Praia da Vitória e Horta. Nada que se compare com as patrulhas
italiana. Contudo, devido à desvalorização da moeda italiana, de 3 dias que os navios da 1ª Esquadrilha efetuavam, navegando
sempre a uma distância curta da barra do porto de Lisboa. O treino
os construtores rescindiram os contratos, pelo que optou-se por nestes exercícios, e em diversos outros levados a cabo durante os
primeiros anos da 2ª Esquadrilha, servia essencialmente para ades-
adquiri-los em Inglaterra. O contrato foi estabelecido com o esta- trar as guarnições dos navios de superfície na luta anti-submarina
leiro Vickers de Barrow-in-Furness, tendo sido assinado em Lisboa e as dos submersíveis no desempenho de missões que lhes podiam
ser atribuídas em caso de conflagração.
a 9 de março de 1933. Para batizar os novos navios optou-se pelos
nomes Delfim, Espadarte e Golfinho. Uma inovação importante nes- No Verão de 1938, realiza-
ram-se exercícios aeronavais
tes navios era o facto de serem dotados com um moderno sistema de grande envergadura, cer-
Davies, destinado ao salvamento dos seus tripulantes, em caso de tamente com intuito de treinar
intensamente as nossas forças
acidente em imersão. para o conflito que se adivi-
nhava próximo, não se saben-
A cerimónia de lançamen- do qual seria a posição de Por-
tugal após a deflagração do
to à água ocorreu no dia 1 mesmo. Neste exercício merece realce o papel dos submersíveis
de Maio de 1934, para o Del- (dos quais apenas não participou o Golfinho devido a um incêndio
fim, e a 30 do mesmo mês, ocorrido a bordo a 16 de Junho desse ano) que através da simula-
para o Golfinho e o Espadarte. ção de ataques a navios de superfície isolados ou em formaturas,
permitiram um treino intenso de luta anti-submarina.
A entrega formal à Marinha De salientar durante os meses de fevereiro e março de 1939 o
Golfinho esteve ausente da sua base durante 51 dias consecuti-
portuguesa realizou-se a 1 de vos, tendo escalado Funchal, S. Vicente de Cabo Verde e portos
dezembro, para o Delfim, em 9 da Guiné, em cujas águas permaneceu 15 dias. Foi a primeira e
de janeiro de 1935, para o Espa- única missão ao Ultramar desempenhada por um submersível.
darte, e em 20 de fevereiro, para o Golfinho. Após ter deflagrado a II Guerra Mundial os navios de su-
perfície, que realizavam treinos com os submersíveis, foram
As características principais eram as seguintes: praticamente todos destacados do Continente. Os submer-
síveis tiveram que limitar o treino a ações de adestramento
Deslocamento à superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 854 toneladas das suas guarnições. Estes exercícios passaram a restringir-se
essencialmente na área entre os portos de Lisboa e Setúbal.
Deslocamento em imersão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.105 “ Terminada a Guerra, foi possível, a partir de agosto de 1945,
retomar os exercícios em moldes semelhantes aos realizados
Comprimento máximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69,30 metros antes do deflagrar do conflito, isto é, exercícios envolvendo
diversos navios de superfície e submersíveis, visitando portos
Boca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6,55 “ do Continente e dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira,
sendo por isso exercícios com uma duração prolongada.
Cota máxima operacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .100 “ Em 1950 foi decidido abater estes navios, uma vez que já
estava assegurada a sua substituição. Assim, por portaria de
Velocidade máxima à superfície. . . . . . . . . . . . . . 16,5 nós 14 de novembro, o Ministro da Marinha, o então Capitão-de-
-mar-e-guerra Américo Thomaz, determinou o desarmamen-
em imersão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9,25 “ to dos três submersíveis que constituíam a 2ª Esquadrilha e
que contava então com quinze anos de idade. A cerimónia de
de cruzeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 “ desarmamento realizou-se a 7 de dezembro desse ano de 1950,
sendo presidida pelo comandante da Força Naval da Metró-
Autonomia à velocidade de cruzeiro . . . . . . . . . 10.750 milhas pole, Comodoro Manuel Armando Ferraz. As bandeiras dos
Estavam armados com 1 peça Vickers-Armstrong de 101,6 mm e submersíveis da 2ª Esquadrilha foram arriadas pelos mesmos
marinheiros que anteriormente tinham içado as bandeiras das
6 tubos lança-torpedos de 533 mm, sendo 4 a vante e 2 a ré. Cada novas unidades que constituiriam a 3ª Esquadrilha.
uma das guarnições era constituída por 39 elementos. Colaboração da ESQUADRILHA DE SUBMARINOS
A chegada a Lisboa dos navios ocorreu nas seguintes datas: Del-
fim, a 18 de janeiro de 1935; Espadarte, em 6 de março e finalmente
o Golfinho, a 25 de abril. O primeiro e último destes navios fizeram
a viagem inaugural isolados, enquanto o segundo veio na compa-
nhia do aviso Afonso de Albuquerque, entregue a Portugal na mesma
data.
Com o fim da 1ª Esquadrilha e a vinda de navios de dimensões
bastante maiores, a Estação de Submersíveis de Belém revelou-se
exígua, com a agravante de ser impossível o seu alargamento, pelo
facto dos terrenos adjacentes serem pertença da Companhia de Ca-
minhos-de-Ferro. Desta forma, tornava-se urgente encontrar outro
local para estabelecer as instalações para os novos navios. Na zona
do Alfeite, além do Arsenal, já estavam instaladas várias unidades
de Marinha, tendo sido na extremidade Oeste desta Estação Naval
que se construíram os edifícios da nova Esquadrilha de Submersí-
veis. A transferência de Belém para o Alfeite iria efetuar-se a 5 de
abril de 1940.
Chegados a Portugal, os submersíveis da 2ª Esquadrilha inicia-
ram logo um intenso programa de treinos. Navios com capacida-
des muito superiores aos da anterior esquadrilha, já que podiam
desempenhar missões muito mais exigentes, em termos táticos
e de permanência no mar. Logo no Verão de 1935, os três navios