Page 20 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 502

CAPITÃO-DE-MAR-E-GUERRA

BALDAQUE DA SILVA

(1852 - 1915)

BIOGRAFIA                                                              Em 1891, ano em que é promovido a Capitão-Tenente, faz parte
                                                                     da Comissão das Obras do Porto de Lisboa para modificar o projeto
  António Artur Baldaque da Silva nasceu em Lisboa a 28 de de-       primitivo, de modo a torná-lo melhor e mais económico (em 1888
zembro de 1852 e assentou praça na Armada como Aspirante Ex-         publicara no Commercio de Portugal uma série de artigos a criticar
traordinário a 17 de outubro de 1870.                                as obras em curso). Não era a sua primeira incursão em projetos
                                                                     de âmbito portuário, pois já em 1885, fruto do seu levantamento
  Tendo embarcado em diversos navios em missão no Continen-          da costa algarvia (assim como dos seus conhecimentos da ondula-
te e no Ultramar, percorreu a África, o Extremo-Oriente e a Amé-     ção, dos ventos e das correntes marítimas), se apercebera da ne-
rica do Sul.                                                         cessidade de dotar o Algarve de um porto de abrigo, concebendo,
                                                                     então, o projeto de um porto junto à Ponta do Altar. Começava, já,
  Em 24 de agosto de 1878, foi mandado apresentar-se ao Dire-        a desenvolver uma visão própria para o desenvolvimento integra-
tor-geral dos Trabalhos Hidrográficos, sendo colocado a coadju-      do do território português, baseada no estabelecimento de uma
var os trabalhos geodésicos nacionais. No ano seguinte inicia o      cadeia de portos estratégicos (em que viria a incluir, mais tarde, o
Curso de Engenheiro Hidrógrafo na Escola Politécnica, que con-       projeto de porto oceânico do Cabo Mondego) e de um sistema de
clui em 1881.                                                        navegação interior (que concebera em 1890).

  Em 1882 publica, às suas custas, a sua primeira obra, Sondas
e Marés, que pretende ser um manual de referência para os le-
vantamentos hidrográficos que eram realizados pelos oficiais de
Marinha durante as suas comissões no Ultramar.

  A 8 de abril de 1884, recebe aquela que será a sua primeira
e maior tarefa no âmbito específico da Hidrografia: proceder à
organização do Roteiro das Costas e Portos do Continente do Rei-
no, missão que o vai ocupar durante mais de dois anos. Dos seus
trabalhos resulta a publicação, em 1889, do Tomo I – Roteiro Ma-
rítimo da Costa Occidental e Meridional de Portugal, referente à
costa do Algarve.

  Entretanto, entre 11 de maio e 7 de setembro de 1886, faz
parte dos trabalhos da Comissão de Limites Luso-Espanhola para
a Zona Marítima e em 25 de Novembro desse ano é mandado
efetuar o levantamento urgente da planta hidrográfica da costa
entre o Cabo Espichel e Setúbal, na parte onde se encontravam
as armações da pesca da sardinha, naquela que foi a sua primeira
tarefa oficial no âmbito das pescas.

  Em 4 de junho de 1889 é nomeado vogal da Comissão das Pes-
carias, onde, durante oito anos e graças, em boa parte, aos pro-
fundos conhecimentos na matéria que adquirira nos anos de ativi-
dade hidrográfica, desenvolverá um trabalho de reconhecido mé-
rito, organizando os serviços, dirigindo inquéritos e, no âmbito da
elaboração daquela que será a sua obra mais conhecida, o Estado
Actual das Pescas em Portugal (1891), reunindo uma coleção de
modelos de embarcações e de aparelhos de pesca única no País.
Da sua ação, que o credita como uma autoridade nacional indiscu-
tível na matéria, resultará um forte incremento no setor pesquei-
ro que, nos anos vindouros, não voltará, jamais, a ter paralelo.

20 DEZEMBRO 2015
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