Page 8 - Revista da Armada
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Fotos SAJ FZ Horta Pereira







                                                                 Dia da Marinha assinala o momento em que a esquadra de
                                                              O Vasco da Gama alcançou a costa do Malabar e teve o pri-
                                                              meiro contacto directo com uma civilização até então quase des-
                                                              conhecida do espaço europeu. O dia em que o valoroso Gama
                                                              cumpriu a missão de que o incumbira D. Manuel I, dando corpo
                                                              a um sonho antigo de alcançar o Oriente, navegando ao longo
                                                              do Atlântico e contornando a África pelo seu extremo sul. A 20
                                                              de Maio de 1498 estava descoberto o caminho marítimo da Eu-
                                                              ropa até à Índia. E esta data é, antes do mais, uma data nacional,
                                                              vivida  com  alguma  emoção  por  todos  os  portugueses, que  os
                                                              marinheiros tomaram para si como o seu dia de festa, recordan-
                                                              do a capacidade humana de transformar em possíveis todos os
                                                              impossíveis. Quase um ano antes, partiram os navios da barra
                                                              de Lisboa, encetando uma carreira que se repetiu anualmente,
                                                              de forma ininterrupta, durante séculos: por alturas de Março ou
                                                              Abril, largavam as naus da Ribeira de Lisboa, fazendo-se ao mar
                                                              em busca de um destino que marcou toda a História de Portugal.
                                                                Este ano, a comemoração do Dia da Marinha foi associada ao
                                                              mote “Do Tejo partimos para o Mundo”, salientando a imagem
                                                              de que é deste mesmo Tejo, que hoje cruzamos, que continuam
                                                              a sair os nossos navios a caminho do mundo, onde quer que seja
                                                              necessário afirmar o dever e a vontade portuguesa. É um mote
                                                              feliz que nos recorda seis séculos de missões navais, que foram a
                                                              expressão da vontade de ser português que foi garante da inde-
                                                              pendência nacional. E, se o rio foi o albergue de muitas gerações
                                                              de navios, a viagem começou sempre com a saída da barra, em
                                                              direcção ao poente, deixando nas margens que vão desfiando o
                                                              último olhar de saudade. Oeiras, de algum modo, foi o primeiro
                                                              sinal da distância para quem parte. Ao cruzar a ponta de S. Julião,
                                                              desaparece o casario da cidade onde ficaram as recordações, e
                                                              o marujo fica entregue ao seu navio e à sua missão. É também



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