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REVISTA DA ARMADA | 529
A DIMENSÃO HUMANA DA MARINHA
“SILENCIOSAMENTE AO SERVIÇO DE PORTUGAL”
s submarinos, por operarem em imersão, são de muito diİ cil
Odeteção e idenƟ fi cação e, como tal, disponibilizam uma com-
ponente de imprevisibilidade ímpar às Marinhas que os operam.
Por outro lado, o seu poder combatente, seja ele através dos tor-
pedos pesados fi lo-guiados ou através de mísseis que possibilitam
o ataque a navios ou alvos em terra a enormes distâncias, permite
caracterizá-los como uma das capacidades militares mais relevan-
tes ao serviço de Portugal.
Esta imprevisibilidade, discrição e letalidade tornam, o subma-
rino como um instrumento credível da dissuasão militar portu-
guesa por obrigarem, um possível adversário, a reunir uma força
naval devidamente treinada e com uma dimensão considerável
para o enfrentar com um mínimo de probabilidade de sucesso.
Numa situação de crise, as caracterísƟ cas singulares do subma-
rino, possibilitam a sua operação sem condicionar o nível políƟ co e
sem aumentar a tensão militar.
Mas, por mais poderosa que seja a arma e quaisquer que sejam
os seus automaƟ smos, o seu desempenho acaba por ser sempre
dependente do fator humano.
Os submarinistas são marinheiros altamente especializados que
operam em navios com reduzidas condições de habitabilidade e
privacidade, num meio extremamente hosƟ l, e que culƟ vam diaria-
mente a capacidade de antecipar, evitar e corrigir eventos inespera-
dos, atributos que caracterizam as organizações de alta fi abilidade. Por isso, consideram-se especiais, não melhores ou piores, são
Por realizarem missões em imersão durante longos períodos, unicamente diferentes, confi antes, focados na missão, pragmáƟ -
enfrentam e ultrapassam a pressão psicológica que decorre cos, informais, resilientes e com elevado autodomínio, mas que
da envolvente em que operam e que resulta no isolamento do fazem sempre jus ao seu lema:
mundo exterior e, muito em parƟ cular, na impossibilidade de “Silenciosamente ao serviço de Portugal”.
comunicar com aqueles que deixaram.
UMA UNIDADE COM ASAS
Esquadrilha de Helicópteros (EH) resulta de uma combinação
A de pessoas, tecnologia e cultura insƟ tucional, integradas com o
objeƟ vo de aprontar e disponibilizar a componente aérea da Mari-
nha. Sendo o emprego operacional das aeronaves o produto mais
visível de todo o trabalho desenvolvido, é nos militares que prestam
serviço na EH que reside o motor que garante a sustentabilidade
desta unidade única.
Esses militares adquirem na formação teórico-práƟ ca e na expe-
riência profi ssional, os conhecimentos e as competências neces-
sárias para o desempenho das suas tarefas, que associadas a uma
vincada cultura aeronáuƟ ca de rigor e segurança, permitem alcan-
çar excelência e saƟ sfação no trabalho. Se a estes ainda juntarmos
que muitos dos militares da EH têm permanecido nela por períodos
alargados de tempo, percebe-se a elevada profi ciência demonstrada
por esta pequena, mas altamente especializada esquadrilha, que
nos úlƟ mos 25 anos já cumpriu mais de 22.000 horas de voo sem um rigoroso processo de aprontamento de pessoal e material.
acidentes. Na Esquadrilha, as oportunidades são iguais para todos, inde-
Embora seja no seio da Base Aérea n.º 6 no MonƟ jo que a EH tem a pendentemente do género, procurando-se garanƟ r que a procura
sua casa, é no mar, através dos Destacamentos de Helicópteros, que de posições de maior responsabilidade seja algo moƟ vador e ali-
o seu produto operacional se torna visível. Os Destacamentos são ciante. Assim, só com profi ssionalismo individual e coleƟ vo, aliados
unidades operacionais consƟ tuídas por 13 elementos, que englo- à defesa dos valores militares e à promoção do espírito de equipa,
bam dois pilotos, um operador de sistemas um recuperador-salva- se consegue que a valorização humana e profi ssional sejam fatores
dor e a equipa de manutenção, prontos para embarcar nas unidades de maior importância para o crescimento não só do próprio militar,
navais. Sendo o regime de embarcado muito exigente para a equipa mas também da unidade que dá Asas à Marinha.
e respecƟ va aeronave, a geração de um Destacamento obedece a
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