Page 14 - Revista da Armada
P. 14

REVISTA DA ARMADA | 529

              A DIMENSÃO HUMANA DA MARINHA


              “SILENCIOSAMENTE AO SERVIÇO DE PORTUGAL”


                 s submarinos, por operarem em imersão, são de muito diİ cil
              Odeteção e idenƟ fi cação e, como tal, disponibilizam uma com-
              ponente de imprevisibilidade ímpar às Marinhas que os operam.
               Por outro lado, o seu poder combatente, seja ele através dos tor-
              pedos pesados fi lo-guiados ou através de mísseis que possibilitam
              o ataque a navios ou alvos em terra a enormes distâncias, permite
              caracterizá-los como uma das capacidades militares mais relevan-
              tes ao serviço de Portugal.
               Esta imprevisibilidade, discrição e letalidade tornam, o subma-
              rino como um instrumento credível da dissuasão militar portu-
              guesa por obrigarem, um possível adversário, a reunir uma força
              naval devidamente treinada e com uma dimensão considerável
              para o enfrentar com um mínimo de probabilidade de sucesso.
               Numa situação de crise, as caracterísƟ cas singulares do subma-
              rino, possibilitam a sua operação sem condicionar o nível políƟ co e
              sem aumentar a tensão militar.
               Mas, por mais poderosa que seja a arma e quaisquer que sejam
              os seus automaƟ smos, o seu desempenho acaba por ser sempre
              dependente do fator humano.
               Os submarinistas são marinheiros altamente especializados que
              operam em navios com reduzidas condições de habitabilidade e
              privacidade, num meio extremamente hosƟ l, e que culƟ vam diaria-
              mente a capacidade de antecipar, evitar e corrigir eventos inespera-
              dos, atributos que caracterizam as organizações de alta fi abilidade.  Por isso, consideram-se especiais, não melhores ou piores, são
               Por realizarem missões em imersão durante longos períodos,   unicamente diferentes, confi antes, focados na missão, pragmáƟ -
              enfrentam e ultrapassam a pressão psicológica que decorre   cos, informais, resilientes e com elevado autodomínio, mas que
              da envolvente em que operam e que resulta no isolamento do   fazem sempre jus ao seu lema:
              mundo exterior e, muito em parƟ cular, na impossibilidade de   “Silenciosamente ao serviço de Portugal”.
              comunicar com aqueles que deixaram.



              UMA UNIDADE COM ASAS


                 Esquadrilha de Helicópteros (EH) resulta de uma combinação
              A  de pessoas, tecnologia e cultura insƟ tucional, integradas com o
              objeƟ vo de aprontar e disponibilizar a componente aérea da Mari-
              nha. Sendo o emprego operacional das aeronaves o produto mais
              visível de todo o trabalho desenvolvido, é nos militares que prestam
              serviço na EH que reside o motor que garante a sustentabilidade
              desta unidade única.
               Esses militares adquirem na formação teórico-práƟ ca e na expe-
              riência profi ssional, os conhecimentos e as competências neces-
              sárias para o desempenho das suas tarefas, que associadas a uma
              vincada cultura aeronáuƟ ca de rigor e segurança, permitem alcan-
              çar excelência e saƟ sfação no trabalho. Se a estes ainda juntarmos
              que muitos dos militares da EH têm permanecido nela por períodos
              alargados de tempo, percebe-se a elevada profi ciência demonstrada
              por esta pequena, mas altamente especializada esquadrilha, que
              nos úlƟ mos 25 anos já cumpriu mais de 22.000 horas de voo sem   um rigoroso processo de aprontamento de pessoal e material.
              acidentes.                                            Na Esquadrilha, as oportunidades são iguais para todos, inde-
               Embora seja no seio da Base Aérea n.º 6 no MonƟ jo que a EH tem a   pendentemente do género, procurando-se garanƟ r que a procura
              sua casa, é no mar, através dos Destacamentos de Helicópteros, que   de posições de maior responsabilidade seja algo moƟ vador e ali-
              o seu produto operacional se torna visível. Os Destacamentos são   ciante. Assim, só com profi ssionalismo individual e coleƟ vo, aliados
              unidades operacionais consƟ tuídas por 13 elementos, que englo-  à defesa dos valores militares e à promoção do espírito de equipa,
              bam dois pilotos, um operador de sistemas um recuperador-salva-  se consegue que a valorização humana e profi ssional sejam fatores
              dor e a equipa de manutenção, prontos para embarcar nas unidades   de maior importância para o crescimento não só do próprio militar,
              navais. Sendo o regime de embarcado muito exigente para a equipa   mas também da unidade que dá Asas à Marinha.
              e respecƟ va aeronave, a geração de um Destacamento obedece a


              14   MAIO 2018




                                                                                                                  27/04/2018   12:41
        09-17-9ª.indd   14                                                                                        27/04/2018   12:41
        09-17-9ª.indd   14
   9   10   11   12   13   14   15   16   17   18   19