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REVISTA DA ARMADA | 529
A DIMENSÃO HUMANA DA MARINHA
A SINGULAR DINÂMICA PESSOAL E FAMILIAR
DO OPERACIONAL DO DAE
ingresso no Destacamento de Ações Especiais (DAE) é um pro- São, também, as famílias muitas vezes postas à prova pelas cir-
O cesso prolongado e muito exigente, quer em termos İ sicos quer cunstâncias profi ssionais dos operacionais do DAE – para as quais
psicológicos. Uma vez obƟ das as qualifi cações para prestar serviço na não se voluntariaram diretamente, tal como aqueles o fi zeram,
Unidade, sucede um conơ nuo ciclo de treinos, exercícios e missões mas que, na maioria dos casos, assumem como suas. Trezentos e
– ciclo este que se prolonga, ininterruptamente, por vários sessenta e cinco dias por ano, todos os operacionais do
anos. A confi dencialidade e a natural discrição que DAE têm que se manter contactáveis e disponíveis,
rodeia as aƟ vidades do DAE, ainda assim, deixam sempre. Mesmo nos períodos mais folgados, a
transparecer a elevada exigência İ sica e técnica disponibilidade e a pronƟ dão para se apresen-
imposta aos elementos da unidade, mas menos tarem na Base é de poucas horas. A agravar
reconhecido, embora não menos relevante, é a exigência sobre as famílias, as missões
o grau de exigência imposto às famílias dos são, na sua maioria, sem pré-aviso e sem
homens que servem a Marinha no DAE. data marcada para termo. A área e o Ɵ po
A família e o círculo próximo de amigos de missão nunca é parƟ lhado e o militar
consƟ tui-se, aliás, como um potenciador do mantém-se incontactável durante toda a
desempenho do militar e da adaptação neces- operação. Factos facilmente geridos nas pri-
sária perante um quadro de aƟ vidades preen- meiras ocorrências, mas, quando reiterados,
chido de risco e incerteza, sob elevada exigência ao longo dos anos tornam-se profundamente
de desempenho. Desde logo, o stress que acom- desgastantes.
panha as aƟ vidades de risco, stress reiterado e pro- Assim, o militar do DAE, tal como qualquer militar
longado no tempo, exige, mais do que simples sangue frio, da Marinha, depende e é obrigado a contar com a família
uma robusta estabilidade psicológica com alicerces numa vida social como a retaguarda que lhe garante uma parte essencial das con-
e familiar equilibradas. Note-se que, como em qualquer profi ssão, dições para cumprir a sua missão – mas, tal como o grau de exi-
uma perturbação grave da vida pessoal condiciona o desempenho gência imposto aos operacionais do DAE é excecional, também as
profi ssional, no entanto, no caso do operacional do DAE, tal pode tra- vivências das suas famílias são singulares.
duzir-se em risco para a vida do próprio e dos seus camaradas.
O FATOR HUMANO NOS ACORDOS LOGÍSTICOS
INTERNACIONAIS
Direção de Abastecimento (DA) prevê no respeƟ vo regula-
A mento interno a parƟ cipação e a garanƟ a da “execução dos ParƟ cipação da Marinha no 20th Naval Systems User Group, organização da
Marinha Portuguesa, na cidade do Porto
acordos logísƟ cos celebrados com (…) organismos e agências inter-
nacionais”, o que inclui a parƟ cipação aƟ va em diversos eventos
tutelados pela NATO, designadamente, os programas da NATO
Support and Procurement Agency (NSPA).
A Marinha, através da DA, intervém aƟ vamente naquela Agência
como membro do COMMIT Support Partnership CommiƩ ee (CPC),
considerando as diversas parƟ cipações nos meeƟ ngs da NATO
LogisƟ cs Stock Exchange (NLSE), nas componentes naval e aérea.
É neste contexto que a representante da Marinha nesses eventos
considera o papel da Marinha essencial na prossecução da função
logísƟ ca, sendo que, do ponto de vista estratégico, como é referido
pelos membros das diversas nações, surge o lema, ainda que infor- Desta forma, em todos os meeƟ ngs, “aproveitamos para rentabi-
mal, “bringing the NATO community closer“, refl eƟ ndo o desígnio lizar os stocks internos, através da comercialização para as outras
do mar na “união dos conƟ nentes e no progresso da Nação”. nações, que, pela evolução da esquadra, deixaram de ter aplicabi-
Em 1994, ano em que ingressou na Marinha com enorme von- lidade na Marinha”. Finalmente, ainda que estas funções decorram
tade de ser bem sucedida e vincar a sua passagem pela organi- do seu cargo de encarregada na Subsecção de Contratação Especial,
zação, a Vanda Freitas jamais suspeitava vir a parƟ cipar nestes o respeƟ vo sucesso na parƟ cipação nos meeƟ ngs internacionais
eventos e a guarnecer, sustentada pela decisão da cadeia de “apenas é possível pelo trabalho coordenado de diversos interve-
Comando e pela estrutura técnica da DA, a “frente de combate” nientes da DA, em especial a Divisão Operacional e Técnica”.
nas transações entre as nações membros da NATO, e cumprir com A realização profi ssional individual da dimensão humana “passa
o principal core da Divisão de Obtenção da DA, “prospecionar o pela efi ciência que as organizações, no geral, e a Marinha, em par-
mercado com vista à obtenção e consequente cumprimento do Ɵ cular, reƟ ram do nosso desempenho”.
abastecimento naval”.
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