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SUMÁRIO
02 700 Anos da Marinha – Cerimónia de Encerramento OS VALORES E MÉRITOS Stratεgia 42
DOS FUZILEIROS 04
07 NRP Viana do Castelo. Frontex – Missão Lampedusa
09 Lusitano 17
18 Cerimónia Militar O MAR COMO FATOR DE PRODUÇÃO*
22 Direito do Mar e Direito Marítimo (13)
24 Academia de Marinha Cnomia, considera-se tradicionalmente
omo se ensina nas faculdades de eco-
25 Notícias que os fatores de produção são a terra, o
trabalho e o capital, sendo que por terra
28 Novas Histórias da Botica (66) 11 BALANÇO DAS se entendem os recursos naturais.
Ora, numa altura em que alguns recur-
29 Estórias (37) ATIVIDADES 2017 – MARINHA sos naturais dos espaços continentais do
nosso planeta – sobretudo os combustí-
30 Vigia da História (97) veis fósseis e os minerais – se aproximam
31 Desporto da exaustão, o homem tem-se voltado
cada vez mais para o mar, procurando
32 Saúde para Todos (51) nele aquilo que vai rareando em terra.
Neste particular, também aqui se aplica
33 Quarto de Folga com toda a oportunidade a observação de
Arthur C. Clarke de “quão inapropriado é
34 Notícias Pessoais / Convívios chamarmos Terra a este planeta, quando
ele é claramente Oceano”. Com efeito, tal-
CC Símbolos Heráldicos vez se justifique que o fator de produção,
em vez de terra, se passe a chamar mar!
ATIVIDADES 2017 – AMN 20 Todavia, antes de se detalhar o potencial toneladas de peixe em 2016, o valor mais alimentação, tanto animal como humana.
BALANÇO DAS
do mar como fonte de recursos naturais,
i.e., como fator de produção, importa frisar elevado de sempre. O peixe foi, assim, a Este mercado, com epicentro na Ásia, já
que a sua importância extravasa em muito fonte de cerca de 17% das proteínas ani- movimenta cerca de 10 mil milhões de
essa vertente, dado o papel fundamental mais consumidas em todo o mundo. euros a nível mundial. Embora não exista
dos oceanos como estabilizadores e regu- As perspetivas futuras, embora limita- produção significativa de algas em Portu-
ladores do clima, como fonte de biodiver- das pela diminuição dos recursos haliêu- gal, a expansão da cozinha asiática, sus-
sidade, como via de transporte que con- ticos – 33,1% dos pesqueiros são objeto tentada nas suas qualidades nutricionais,
corre decisivamente para a globalização e de sobrepesca – apontam para um cresci- justifica a expetativa de crescimento glo-
como fator de desenvolvimento humano, mento da produção de peixe, em virtude bal de 3% ao ano para esta indústria, de
sobretudo para a elevada percentagem da do aumento da apetência pelo consumo que Portugal pode também beneficiar.
população mundial que vive no litoral. de pescado, dados os seus benefícios para
a saúde humana. OCEANOS DE ENERGIA
RECURSOS VIVOS Este crescimento vai dever-se sobre-
tudo à aquacultura, cuja produção para O setor energético é uma área em que
A verdade é que o contributo dos ocea- consumo humano ultrapassou a pesca, a transição da terra para o mar arrancou
nos para o desenvolvimento económico do pela primeira vez, em 2014. Porém, ape- há muitas décadas, com a exploração de
Capa planeta é, também, uma realidade incon- jazidas offshore de combustíveis fósseis
Pelotão de Fuzileiros desfilando com o uniforme tornável. Desde logo porque os oceanos sar do potencial de desenvolvimento da
da Brigada Real da Marinha. aquacultura em todo o mundo, os dados (petróleo e gás natural) e, mais recente-
Foto SMOR L Almeida de Carvalho têm um papel cada vez mais significativo do Instituto Nacional de Estatística mos- mente, com o desenvolvimento de fontes
na segurança alimentar, sobretudo no tram que, no nosso país, ela representou como a energia do vento, das ondas, das
que respeita a recursos piscícolas – parti- apenas 6% em peso e 29% em valor, de marés e das correntes.
Revista da
ARMADA cularmente relevantes para uma popula- toda a oferta nacional de pescado em seis, a progressiva exaustão das reservas
No que respeita aos combustíveis fós-
ção como a portuguesa, que é a segunda
maior consumidora de peixe do mundo 2016. Mesmo com uma extensa costa, a existentes em terra tem contribuído para
produção nacional em aquacultura repre-
Publicação Oficial da Marinha Diretor Desenho Gráfico E-mail da Revista da Armada
Periodicidade mensal CALM EMQ João Leonardo Valente dos Santos ASS TEC DES Aida Cristina M.P. Faria revista.armada@marinha.pt (56,8 kg/ano per capita, mais do dobro senta menos de 1% do total da produção o incremento da sua prospeção e explora-
Nº 525 / Ano XLVII Chefe de Redação ra.sec@marinha.pt da média europeia e apenas ultrapassada da União Europeia. ção nos espaços marítimos. Nessa linha,
Janeiro 2017 Administração, Redação e Publicidade pelo Japão). o petróleo e o gás natural extraídos do
CMG Joaquim Manuel de S. Vaz Ferreira Revista da Armada – Edifício das Instalações Paginação eletrónica e produção Acresce ainda o enorme potencial a
Redatora Centrais da Marinha – Rua do Arsenal Página Ímpar, Lda. Neste quadro, cabe referir que, de acordo explorar na produção de algas. Além de fundo do mar já correspondem a cerca
1149-001 Lisboa – Portugal
Revista anotada na ERC 1TEN TSN -COM Ana Alexandra G. de Brito Telef: 21 159 32 54 Estrada de Benfica, 317 - 1 Fte com os dados mais recentes da Food and poderem ser convertidas em biocombustí- de 30% da produção mundial, devendo
1500-074 Lisboa
Depósito Legal nº 55737/92 Secretário de Redação Agriculture Organization, da ONU, a pesca veis e biomassa para a produção de ener- continuar a crescer 3,5% ao ano até 2030,
ISSN 0870-9343 SMOR L Mário Jorge Almeida de Carvalho Tiragem média mensal: 4000 exemplares e a aquacultura produziram 171 milhões de gia, estas são cada vez mais populares na segundo a OCDE.
JANEIRO 2018 4 3 SETEMBRO/OUTUBRO 2018