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REVISTA DA ARMADA | 540
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50 ANOS NAS FORÇAS NAVAIS
PERMANENTES DA NATO
DA GÉNESE ATÉ 1995
“Atuarão como um polícia de turno. A tarefa do polícia é manter a segurança e dissuadir o crime. E tal como o polícia tem atrás de si
uma força maior, caso seja incapaz de lidar com uma dada situação, também vós tendes por detrás o apoio das marinhas da NATO”,
Almirante Sir John Bush (Royal Navy), Commander-in-Chief Eastern Atlantic (CINCEASTLANT),
cerimónia da ativação da Standing Naval Force Atlantic, Portland, 13 de janeiro de 1968
elebram-se, este mês, 50 anos desde restantes aliados (designadamente, Bélgica, nacional das unidades navais e das suas
Cque uma fragata portuguesa integrou, Dinamarca, Noruega e Portugal – a que se guarnições;
pela primeira vez, uma força naval perma- juntaram, posteriormente outros países que • Demonstrar, de forma contínua e visível,
nente da NATO – efeméride digna de registo, foram aderindo à NATO) integravam a força a solidariedade da NATO, mostrando as
ainda mais por coincidir com a altura em que por períodos que oscilavam, normalmente, bandeiras das várias marinhas, em atua-
se assinalam os 70 anos da criação da mais entre quatro a seis meses por ano. A NAVOC- ção combinada;
bem-sucedida aliança militar da História. E FORMED era uma força naval não perma- • Estar disponível para empenhamento
desde a sua criação, em 1949, que as forças nente, também com comando rotativo e imediato, em caso de risco ou ameaça;
da Marinha deram o seu contributo para constituída, essencialmente, pelos Aliados • Constituir um elemento inicial de inter-
a NATO, com a participação em exercícios da bacia do Mediterrâneo. venção, a partir do qual se poderia for-
de alta visibilidade, como o GRAND SLAM Cabe aqui referir que a ideia de consti- mar uma força naval mais poderosa.
(1952), o MAINBRACE (1952) ou o BLACK tuição destas forças já vinha a germinar há A STANAVFORLANT foi ativada pela pri-
JACK (1954), normalmente envolvendo mais alguns anos no Supreme Allied Commander meira vez em 13 de janeiro de 1968, em
de 200 navios. Todavia, a criação da primeira Atlantic (SACLANT), em Norfolk (EUA). Um Portland (Reino Unido), integrando quatro
força naval permanente no final da década dos seus principais mentores foi o Almirante navios: os contratorpedeiros Holder (nor-
de ’60 constituiria um marco para a Mari- G. Colbert (US Navy), que chefiava a Divisão te-americano), Holland (holandês) e Nar-
nha Portuguesa, assinalando o início de um de Planeamento e Operações do SACLANT e vik (norueguês), além da fragata britânica
compromisso contínuo, que agora atinge as que elencou, na altura, os seguintes objeti- Brighton. A estes navios juntaram-se, poucas
cinco décadas e que, por isso mesmo, justi- vos para a STANAVFORLANT: semanas após a ativação da força, mais duas
fica um olhar retrospetivo. • Manter um elevado nível de proficiência unidades navais: o contratorpedeiro cana-
Para isso, importa começar por recordar na tática naval, através do treino multi- diano Gatineau e a fragata da Alemanha
que em 1967 a NATO efetuou uma revisão
profunda do seu conceito estratégico, intro- Fragata Almirante Magalhães Corrêa navegando nos fiordes da Noruega, integrada na STANAVFORLANT,
duzindo a doutrina da resposta flexível, que em 1981.
previa respostas graduadas, envolvendo
inicialmente apenas armas convencionais e
só numa fase posterior armas nucleares. Foi
esse conceito estratégico que deu origem
à criação da Standing Naval Force Atlantic
(STANAVFORLANT), em 14 de dezembro de
1967, e da Naval On Call Force in the Medi-
terranean (NAVOCFORMED), em 28 de maio
de 1969. A STANAVFORLANT era uma força
naval permanente, com a participação da
quase totalidade dos Aliados com costa atlân-
tica, cinco dos quais em regime permanente
(Alemanha Ocidental, Canadá, Estados Uni-
dos, Holanda e Reino Unido), rodando entre
si, numa fase inicial, o comando da força. Os
4 MAIO 2019