Page 13 - Revista da Armada
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do Guiné ou no Mediterrâneo; no apoio humanitário prestado pelos Mar territorial e 48% da nossa Zona Económica Exclusiva mapeados,
Fuzileiros portugueses à população de Moçambique num contexto é um imperaƟ vo que a Defesa Nacional conƟ nuará a promover.
de calamidade como aquele que conhecemos recentemente; ou A este desafi o juntam-se outros, ainda mais volumosos, inerentes
ainda na invesƟ gação cienơ fi ca de excelência que desenvolvem no à extensão da nossa Plataforma ConƟ nental, que esperamos venha
InsƟ tuto Hidrográfi co ou na Escola Naval. a ser aprovada pela Organização das Nações Unidas. Também aqui a
São as vossas demonstrações diárias de empenho e dedicação que Marinha assume, simultaneamente, o papel de dinamizadora deste
dão substância renovada à imagem histórica de Portugal como um processo e de garante do cumprimento das responsabilidades a ele
País de marinheiros, e que renovam a cada momento o signifi cado e inerentes. São amplas e requerem toda a nossa atenção.
a caracterização de Portugal como um País maríƟ mo. Nesta linha, vale a pena destacar também o trabalho de excelência
Aos ex-militares aqui presentes, cumpre-me também uma palavra cienơ fi ca que o Centro Meteorológico e Oceanográfi co Naval tem
de apreço pelo contributo inesƟ mável que deram para o presơ gio do desenvolvido, gerando conhecimento relevante para a condução das
País, da Defesa Nacional e da Marinha portuguesa. Mantemos uma operações, incluindo as das nossas Forças Nacionais Destacadas, mas
enorme dívida de graƟ dão para com todos, e também para com as também para toda a sociedade, de onde se releva o combate aos
vossas famílias, que tanto apoio vos prestaram e conƟ nuam a prestar. incêndios em Portugal.
A imagem de profi ssionalismo, dedicação e cumprimento dos nos- Esperamos em breve ter boas noơ cias relaƟ vamente à candidatura
sos valores é a razão que nos torna parceiros reconhecidos nos qua- que submetemos para que este centro venha a consƟ tuir-se como
dros mulƟ laterais que integramos, como a Organização das Nações um centro de Excelência NATO. O reconhecimento da qualidade e
Unidas, a Aliança AtlânƟ ca, a União Europeia ou a Comunidade de da relevância estratégica do trabalho deste centro, não apenas para
Países de Língua Portuguesa. Portugal, mas para os nossos aliados, demonstra que apesar da sua
Essa imagem congrega também, junto dos portugueses, o orgulho dimensão Portugal oferece um contributo da maior importância
nos seus militares e na profi ssão militar. A pátria contempla-vos efe- para os seus parceiros e aliados, num contexto de crescente com-
Ɵ vamente. Os nossos compatriotas olham para os nossos militares peƟ ção global.
na expetaƟ va de encontrar fontes de inspiração, modelos pessoais e Estando nós, hoje, em Coimbra – a cidade do conhecimento – é
profi ssionais que possam esƟ mular a fazer mais e melhor. justo lançar o repto para que as Universidades e os centros de inves-
Ɵ gação – incluindo o muito presƟ giado InsƟ tuto Pedro Nunes – se
Militares, associem à produção de conhecimento inovador que potencie as
Minhas senhoras e meus senhores, nossas capacidades e que, também no âmbito da Defesa, cumpram
Existe, hoje, na nossa sociedade um amplo consenso sobre a centra- o desígnio nacional de promover o bom nome do nosso país.
lidade que o Mar deve assumir no nosso desenvolvimento enquanto Mas a nossa ação no Mar vai muito para além do seu estudo. A
sociedade do século XXI, e na afi rmação internacional do nosso País. Marinha tem estado envolvida na promoção da segurança maríƟ ma,
O Mar representa hoje um espaço de inovação e desenvolvimento quer no espaço nacional, com impactos muito posiƟ vos em todo o
que nos lança importantes desafi os, porquanto se confi gura como AtlânƟ co Norte, fruto da nossa geografi a insular; quer no AtlânƟ co
um dos nossos aƟ vos estratégicos principais. O Mar é um desígnio Central, no âmbito da nossa cooperação bilateral com países como
nacional do futuro, tanto como o foi no passado. O conhecimento do Cabo Verde ou São Tomé e Príncipe. O apoio ao combate às aƟ vi-
Mar requer, portanto, todo o nosso apoio através das políƟ cas públi- dades transnacionais ilícitas nos espaços de soberania e jurisdição
cas devidamente estruturadas e sustentadas no tempo. nacional dos nossos parceiros da CPLP é um contributo fundamental
O trabalho desenvolvido pela Marinha, em todas as dimensões da para a paz e segurança regionais, e a Marinha portuguesa tem estado
sua interação com os nossos espaços maríƟ mos e ribeirinhos, contri- plenamente envolvida na promoção desse objeƟ vo da nossa políƟ ca
bui, de forma insubsƟ tuível, para esse conhecimento, para esse sen- externa e de defesa.
Ɵ do de pertença, para essa ligação afeƟ va com o Mar. A capacitação dos parceiros atlânƟ cos em matéria de defesa é,
Valerá a pena destacar o trabalho em curso no âmbito do InsƟ tuto portanto, uma prioridade que Portugal procura incenƟ var, e espera-
Hidrográfi co, como um exemplo superior do potencial imenso que a mos fazê-lo através da criação de um Centro AtlânƟ co de capacita-
aposta no conhecimento cienơ fi co pode gerar para a Defesa Nacio- ção no domínio da Defesa, sediado nos Açores. Esta será mais uma
nal, para a economia nacional e para a sociedade portuguesa. O pro- ferramenta que iremos liderar e que queremos colocar à disposição
jeto de Mapeamento do Mar Português que se encontra em curso no dos nossos parceiros para que o AtlânƟ co se mantenha um espaço
âmbito do InsƟ tuto Hidrográfi co, conta já com cerca de 39% do nosso seguro e de cooperação internacional.
Foto SAJ A Ferreira Dias
JUNHO 2019 13

