Page 295 - Revista da Armada
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nias, não foi menor a frustração que  ramos  das  FA  e  militarizadas,  ter   Do  mesmo  assinante  e  amigo,
          senti ao verificar que de entre os vá-  passado a usar boina, moda impor-  outra carta em  que manifesta a sua
          rios representantes da nossa Arma-  tante e tão rapidamente generaliza-  admiração pela poetisa e colabora-
          da não se viu um único marujo com  da  com  a  inevitável perda  de  uma  dora Helena Boujour, dizendo:
          o  seu  boné  tradicional  mas  unica-  certa individualização e caracteriza-  Como  são  belos  os  seus  poe-
          mente os impecáveis fuzileiros com  ção  das  várias  Corporações,  pese  mas!  Poemas  simples,  sem  frases
          as suas características boinas.  Isto,   embora  a  diferença  de  cores  de  feitas  ou  estudadas,  inspirados  no
          tanto durante as cerimónias da tarde,   umas e outras.               povo e feitos para o povo. Se a poe-
          na  colocação das palmas de flores    A «Revista da Armada .. já por vá-  sia pudesse ser ensinada, eu seria o
          junto dos belos painéis floridos,  fei-  rias vezes tem focado este assunto e  seu aluno mais fiel.  Mas não, a poe-
          tos  de  pétalas pelas  mãos  hábeis  estou certo que a maioria da Marinha  sia é algo tão belo que s6 almas elei-
          dos  habitantes  de  Vila  Franca  do  lhe dá o seu acordo. Os leitores que  tas a  sabem transmitir.  Desinteres-
          Lima, as mesmas mãos que execu-    se manifestem ...                 sadamente, essa ilustre poetisa con-
          taram  as verdadeiras obras de arte                                  tribui grandemente para que a nossa
          que são os cestos floridos que desfi-             o                  Revista contenha páginas com  ver-
          laram à cabeça de lindas moças nas                                   sos impregnados de grande beleza
          festas que se realizam, anualmente,   De Joio Manuel  Carvalho Lu-   ( ... ).
          naquela povoação minhota, como na  dovlco, Vila Chi, uma carta a res-   Envia  também  versos  que,  por
          cerimónia da noite em que aparece-  peito de várias vezes nesta Revista o  serem  a ela dedicados, lhe vão ser
          ram diversos militares das FA trans-  autor da  .. Nota de Abertura ..  focar,  enviados.
          portando gui6es e estandartes numa  com frequência e com certa nostal-
          confusa e enfadonha alegoria ao es-  gia e saudade, o facto de já não ver          •••
          forço militar pela independência na-  nas ruas de Lisboa marinheiros far-
          cional.                            dados. E diz:                     SAUDAÇÕES
             Se é facto que a Marinha tem sido   Quem como ele deixou a sua ter-
          impecavelmente representada pelos  ra  natal,  com  armas  e  bagagens,
                                                                                  Oe Anabela da Costa Vieira (ago-
          fuzileiros,  que sempre se  apresen-  rumo à grande Lisboa, que viria a ser
                                                                               ra, já identificada, pode ir mandando
          tam com um brilho inexcedfvel, não é  a sua segunda terra e aquela donde
                                                                               versos  à  apreciação,  sabendo  que
          menos  verdadeiro  que ao longo  de  partiria rumo a pafses até então, para
                                                                               podem,  ou  não, ser publicados); de
          muitos anos os marinheiros das ou-  ele, desconhecidos, nunca lhe pas-  João Marques dos Santos, Portale-
          tras  classes  também  o  fizeram  de  saria pela cabeça que, ainda em sua
                                                                               gre  (com  um  abraço  à  .. malta ..  de
          maneira  brilhante  e  garbosa.  Será  vida, deixaria de ver marujos farda-
                                                                               1955/56)  e de João António Cardo-
          que  já nos esquecemos do que deve-  dos em Lisboa.                  so, ex-mar. A 4348, Lamego.
          mos a estes, em prestígio conquista-  E  pergunta:  Quem  é  que  não
          do,  quando  desfilavam  pelas  ruas  paga o preço do progresso? Muitas
          das cidades do pafs perante o entu-  coisas que os ligavam à terra desa-           •••
          siasmo do povo orgulhoso, que não  pareceram por força das circunstân-
          regateava aplausos à sua MarinhaI?  cias, o que levou ao desaparecimen- CONvíVIOS
          Quem não se recorda da famosa fan-  to  dos  marujos  fardados.  ( .. .)  Vari-
           farra dos anos 50 com o seu elegante  nas, sopeiras ...  e  tantas outras coi-  Para comemorar os 20 anos do
          e ginasticado caixa, com as suas pe-  sas, tudo pertence a um passado do  seu  ingresso na Armada, os  .. filhos
          les de tigre ou leopardo que, isolado  qual o marujo era figura de relevo. Só  da escola» do recrutamento de Se-
          à frente do desfile, provocava o entu-  uma  coisa  resta  e  essa  não pode  tembro  de  1965 vão  reunir-se  num
          siasmo das multidões?              morrer pois,  se  isso  sucedesse ... ,  almoço de convivia no dia 28 de Se-
             Julgo não errar se disser que a  morria também a própria Marinha .. .  tembro corrente, em local a designar.
          grande maioria dos que alguma vez  A maneira como nos tratamos, o res-  Os  interessados  em  participar
           tiveram a grande honra de usar o bo-  peito e a harmonia que reinam entre  deverão  contactar,  até  ao  dia  20,
           tão de âncora, pensam que há lugar  nós e que têm feito com que sejamos  com: sarg.  FZM  João Gato  e  sarg.
           quer para os fuzileiros, da boina azul-  uma grande famllia, onde a amizade  CM Grosso, Centro de Educação Fí-
           -ferrete, quer para os marinheiros tra-  não distingue superiores e infenores  sica da Armada (telef.  2903048) ou
           dicionais do boné branco. Uns e ou-  e o saber de uns passa para os ou-  guarda Gruz, Base Naval de Lisboa
           tros, não tenho dúvidas, representa-  tros, mantendo-nos sempre unidos.   (telel. 220 1884).
           rão bem a Armada, quando a isso fo-  E termina a sua carta com  uma
           rem chamados. Aceito queos primei-  oeversalhada» da qual extrafmos es-            o
           ros sejam escolhidos para certas ce-  tas  quadras: Percorro o  Bairro Alto,
           rimónias, como por exemplo as guar-  Alfama,  Mouraria  /  Páro  e,  olho  a   Os  .. filhos  da escola ..  da  1.- in-
           das de honra  nos  aeroportos,  mas  cada esquina / Não vejo um marujo,  corporação do recrutamento de 1970
           defendo que nos desfiles se recorra  uma  sopeira  /  Não  ouço  o  pregão  que estejam interessados em partici-
           a  ambos.  Terminarão  assim os co-  duma  varina.  ( .. .)  Lisboa  está  mor-  par no habitual convívio anual devem
           mentários que amiúde se ouvem, de  rendo aos poucos / Quer nós queira-  contactar  com  Francisco  António
           quem é levado a pensar que os mari-  mos, quer não / Já não se vê marujo  Gonçalves  Maia,  R.  Martim  Moniz,
           nheiros já não usam boné, por a Ar-  nem sopeira / De varina, não se ouve  387 -  casa B -  4100  Porto  (telef.
           mada, tal com quase todos os outros  opregão.                       676035), da rede do Porto).

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