Page 158 - Revista da Armada
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receu o segundo grupo de lancharas de
Bimão que ia pelo outro braço do rio e
que, ouvindo o troar da anilharia, vol-
RIO DE SIACA tara atrás e tomara o caminho do
primeiro.
1515 Apesar de estarem quase todos feri-
dos e muito cansados, não tiveram os
portugueses outra alternativa senão
aprestar-se para novo combate. E, ainda
mais que no primeiro, procuraram por
todas as formas tirar o máximo partido
MALAIA da artilharia e das espingardas por forma
.' .. a impedir que o inimigo se aproximasse .
Graças ao tiro certeiro dos nossos bom-
bardeiros e espingardeiros mais duas
lancharas de Bintão foram afundadas,
sofrendo as restantes muitas avarias e
grande número de mortos e feridos, o
que as levou a bater em retirada ao cair
, ~ da noite.
"
Metade dos navios da armada do rei
•
de Bintão haviam sido afundados com
perda de algumas centenas de mortos e
SAMATRA
muitos feridos . Os portugueses não
perderam um único navio, uma vez que
•
~ .. a lanchara que os malaios haviam tomado
foi recuperada. Mas tiveram cerca de
trinta e cinco mortos, ficando os restan-
tes praticamente todos feridos. Pare-
cendo-lhe que a esquadrilha de Jorge
Botelho nada mais teria a recear e
precisando urgentemente de tratar dos
feridos, Francisco de Melo apressou-se
' . a regressar a Malaca.
O combate do rio de Siaca, em que
Rio de Si.ca a annada de Bintão deu provas de notá-
vel combatividade, veio mostrar, mais
uma vez, aos Portugueses o perigo que
a sua existência representava para os
interesses de Malaca.
RIO DE COSMIM (Setembro? de
1516)
A guerra latente com o rei de Bimão
charas, tiveram apenas que combater abordagens, procurando afundar os tornava muitas vezes difícil o abasteci-
com doze em vez de vinte e quatro! navios inimigos com a artilharia ou mento de Malaca a partir do Sul. Por
Logo que o inimigo foi avistado, as queimá-los com lanças de fogo e pane- essa razão, Jorge de Albuquerque, capi-
lancharas de Francisco de Melo, fazendo las de pólvora. No entanto, os malaios, tão da cidade, procurou estabelecer
força de remos e aproveitando a força da animados pelo sucesso inicial, não relações comerciais com o Nane. Nesse
corrente, foram abalroá-lo. Porém, uma cessavam de arremeter contra as nossas sentido, em Agosto? de 1516, mandou
das nossas lancharas que primeiro afer- lancharas disparando sobre elas, a curta Henrique Leme com uma nau a Mana-
rou uma das grandes lancharas de Bin- distância, grande quantidade de flechas vão, um dos principais portos do grande
tão foi mal sucedida. Sendo apenas dez que feriam muita gente. Durou o com- reino do Pegú que, na altura, atravessava
os portugueses que nela iam e mais de bate desde o meio-dia até quase ao fim um período de grande esplendor.
cem os malaios que guarneciam a con- da tarde. À custa de alguns mortos e mui- No caminho, Henrique Leme captu-
trária, a nossa lanchara foi tomada com tos feridos, os portugueses acabaram por rou um junco de mercadores daquele
a morte de todos os que nela se encon- conseguir incendiar dez das doze lancha- reino que, imprudentemente, levou con-
travam. ras inimigas, o que levou as duas restan- sigo na intenção de o mandar carregado
À visla disso, os capitães das restan- tes a pôr-se em fuga. com arroz para Malaca.
tes lancharas portuguesas tornaram-se Ainda não tinha decorrido meia hora Não tendo possibilidade de alcançar
mais prudentes e trataram de evitar as sobre o final deste combate quando apa- Martavão, conforme lhe fora determi-
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