Page 221 - Revista da Armada
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a Nota de Abertura
Que futuro
para o Mundo?
Mundo está cada vez mais carecido mente com água do mar. O ((vegetal do
de alimentos para dar de comer aos futuro», como lhe chamam os cientistas.
O seus mais de seis biliões de habi- Como é sabido, apenas um décimo das
tantes. Basta saber que todos os anos mor- terras do nosso Globo estão cultivadas, o
rem de fome cerca de 30 milhões de pes- que corresponde a um hectare por pessoa,
soas, quase metade das quais são crianças. havendo centenas de milhar de quilóme-
É certo que existem regiões onde a pro- tros quadrados de deserto e costas areno-
dução excede as necessidades e outras sas que nada produzem. Acresce que,
onde sucede precisamente o contrário. segundo as previsões de cientistas ameri-
Mas, mesmo que os primeiros dessem o canos, metade das terras cultivadas fica-
que lhes sobra aos segundos, o problema rão salgadas até ao fim do século.
não se resolveria porque não eram cober- A esperança está pois na salicornia e
tas as necessidades. E, sendo assim, quem noutras invenções do homem, não só no
produz o suficiente, ou tem dinheiro para reino vegetal, como no animal e até no
comprar o que lhe falta ... safa-se, se não ... mineral.
passa fome, adoece ou morre! Veja-se só que uma área de dois mil
A verdade, porém, é que embora im- hectares de salicomia, planta de topo
pere o egoísmo e os que comem e bebem, carnudo e caule rijo, pode produzir óleo
pouco se ralem com os outros, há uns tan- vegetal suficiente para abastecer 12 000
tos abnegados que dão voltas à imagina- pessoas; alimentos com elevada percenta-
ção para resolver. ou pelo menos minorar. gem de protainas para 77 000 frangos e
o problema. forragem para 15 000 vacas ou 36 000 ove-
Vem tudo isto a propósito de um artigo lhas e cabras. E tudo isto com pouco tra-
da Agência Novosti, na secção Internacio- balho e despesa, pois basta haver sol, areia
nal, de 27 de Janeiro passado, intitulado e água do mar!
«Desertos Verdes do Século XXVI, segundo Como a imaginação do homem não tem
o qual (. . .) duas dezenas de investigadores, limites, talvez um dia venha a acabar a
técnicos e operários mexicanos e norte- fome no Mundo. Mas, quanto a mim, na
-americanos trabalham desde há varias condição de que acabe também a ganân-
anos no escaldante deserto da costa cia e se cultive a solidariedade ...
mexicana do Oceano Pacífico, junto ao
Golfo de Quino, com o objectivo fantástico
de transformar centenas de quilómetros de
areia e sal em várzeas produtivas.
E a verdade é que conseguiram, para
já, desenvolver uma espécie de planta
muito rica em proteinas, a salicornia, a
qual cresce no deserto regada exclusiva-
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