Page 261 - Revista da Armada
P. 261

1\0




                                                                                      Pelo vlalm.  Silva Braga
                                           (XIII)


          "   Velocidade económica, 12 nós,

               navegava  o  barco  deixando
        A pela  popa  larga  esteira  num
        mar chico.
           O vento fraco apenas encrespava
        o verde-azul  do mar.
           Muito  ao  longe.  pela  amura  de
        bombordo, pintava um paspalMo de
        mau cariz  que não chegara ainda a
        comer  os  raros  rabos-de-galo  que
        fugidamente  cobriam o  céu  velho.
           O Sol. receoso da enorme barca de
        água que se aproximava. escondia-se,
        por vezes,  entre os  rolos  enovelados
        dos  cúmulos.
           A grumetada, depois da volta aos
        serviços, no castelo e junto da balaus-
        trada,  divertia-se  em  movimentada
        correria.
           Desastradamente. um deles vai 80
        mar.
           Ouve-se o grito lúgubre: diomem
        ao  mar por bombordo_!
           O quartinho rendia nessa ocasião
        o quarto da  tarde.
           Guarnece-se  e  arria-se  o  salva-  a poucas amarras da praça e a baleei-
        -vidas  ao  lume  de  água  num ápice,   ra entrou na água.
        enquanto o oficial de quarto executa·   O  patrão,  de  voga  arrancada,
        va  prontamente e  com  acerto a ele-  aproou  ao  náufrago  que,  pouco
        gante curva  de Boutakow.          depois,  entrava a  bordo.
           A guarnição,  estendida  pela  ba-  A alegria  apareceu  em  todos  os
        laustrada, seguia ansiosa os aconte-  rostos.
        cimentos.                             Apanhadas as bóias,  foi  o salva-
           Os  binóculos,  junto  do  agu/Mo,   -vidas içado de leva-arriba e de longo.
        apontavam  cuidadosamente  ao         Tada  a  manobra, incluindo atra-
        náufrago.                          car,  dar  fundas  e  passar  boças  de
           Entretanto, chegavam os primei-  navegação,  não  durou  mais  de  15
        ros sa/seirotes acompanhados de ligei-  minutos.
        ra  brisa.                            O paspalháo passou, o céu velho
           O Sol  desaparecera.            apareceu de novo e o Sol veio enxugar   (ln  ,Panoramas  NavaIS •.  de  Amónio
           O  ar  plúmbeo  acompanhava  na   os borrifos deixados pela  salseirada.   Marques Espanelro)
        dor os corações de bordo.
                                           *********  *********
           O navio, finda  a evolução, parou
                                                                                                            7
   256   257   258   259   260   261   262   263   264   265   266