Page 263 - Revista da Armada
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mantimo em todo o território nacional. a segurança nas Entretanto, torna-se necessário começar a pensar na
praias e a investigação cientifica do mar nas áreas da substituição dos três submarinos existentes, cuja vida útil
hidrografia e oceanagrafia. sem esquecer um apreciável se aproxima rapidamente do fim.
conjunto de actividades culturais. Seria extremamente doloroso e improdutivo perder-se,
De forma discreta e humilde e com a certeza do dever num repente uma escola de submarinistas que acumulou
cumprido. todas estas tarefas são executadas pela Marinha saber e experiência durante 75 anos, proporcionando
no dia a dia sem quase se dar por isso. É bom não esquecer simultâneamente o indispenSável treino aos navios de
que as envolventes operacionais estão activadas 24 horas superfície no que respeita à guerra anti-submarina.
por dia, 365 dias por ano. podendo, muito excepcional- Mas, mais importante para o Pais é o grande efeito
mente. haver apenas sistemas de alerta que permitem a dissuasor que possui um número reduzido de submarinos.
respectiva activação em curto espaço de tempo. Nas marinhas de pequena dimensão, o submarino é sem
Apesar de todas as limitações que resultam da dúvida o meio mais barato e eficaz de acção dissuasora.
avançada idade da maioria dos meios navais e também A indústria portuguesa, designadamente o Arsenal do
dos constrangimentos financeiros, só com muita sacriflcio Alfeite, tem a capacidade suficiente para chamar a si a
do pessoal, o que muito me orgulho realçar, tem sido construção de novos submarinos, com apoios pontuais de
possivel manter os padrões de treino e adestramento a um marinhas aliadas, o que seria altamente prestigiante por
nivel satisfatório, bem como o cabal cumprimento de todas um lado e lucrativo por outro, na medida em que se
as missões atribuídas. estimularia a produção nacional em vários ramos de
Como rectrospectiva de um ano. gostaria de, muito actividade e se obteriam conhecimentos tecnológicos de
resumidamente, salientar alguns dados disporúveis, entre enorme valor.
os quantificáveis, que permitirão aferir o que foi a A vontade politica do Pais já demonstrada através das
actividade da Marinha nas suas duas vertentes, a militar leis de programação militar, o apoio internacional e a
e a de interesse público, ambas actuando como sentine- viabilidade e o interesse de uma maior participação da
las da Pátria, na defesa do bem comum. indústria nacional de construção naval e de defesa,
Durante o ano operacional de 1988, as unidades navais fazem-me acreditar que o esforço de modernização da
da Marinha participaram em 6 grandes exercicios Marinha de Portugal já em curso, chegará a bom termo,
nacionais e 7 exerdcios combinados e NATO, para além em tempo útil.
de 12 pequenos exerc1cios, aproveitando a passagem na Para tenninar e sintetizar, diria que a vocação atlântica
costa portuguesa de navios de Marinhas estrangeiras. portuguesa tem sido uma constante da nossa história que
No âmbito da fiscalização da pesca, os navios da não dispensa o uso e o controlo nacionais do mar de forma
Marinha totalizaram o equivalente a 2500 dias de perma- eficiente, porque Portugal é e será sempre uma potência
nência no mar, tendo sido inspeccionadas 1414 embar- mantima, com todas as consequências que dai advêm em
caçOes, das quais 169 estrangeiras. termos estratégicos.
Nos portos foram inspeccionadas 4876 embarcações. O Portugal de hoje, moderno, como nação Euro-
Infelizmente, contam-se em algumas centenas as -Atlântica de concepção arquipelágica, com uma imensa
infracções verificadas. zona económica exclusiva e um território descontinuo
Foram desenvolvidas 227 acções de busca e salvamen- separado pelo mar, precisa de uma Marinha altamente
to no mar, resultando 88 assistências efectivamente profiSSionalizada e dotada de meios à altura das suas
prestadas e 99 pessoas salvas. responsabilidades nacionais e compromissos interna-
Para além destas actividades de cariz marcadamente cionais.
operacional muitos foram os dias cüspendidos em instrução Pretendo por fim exortar à tranquilidade institucional
no mar e em acções de presença naval em território que emana do dever bem cumprido, todos os militares,
nacional e em portos estrangeiros. nomeadamente em militarizados e civis ao serviço da Marinha, prosseguindo
países onde existem significativas comunidades portugue- com confiança o desempenho das tarefas que nos são
sas ou onde o interesse Nacional tem exigido tal presença. especificas, trabalhando com afinco para um futuro mais
Muitas foram também as realizações no campo da promissor.
hidrografia, das infra-estruturas, da cooperação com os Assim continuaremos, como sentinelas da Pátria, a
países africanos de expressão portuguesa, da cultura e da prestigiar a Marinha ao serviço de Portugal que defende-
colaboração em geral com as mais diversas organizações mos para que seja livre, evoluído e seguro do seu destino.
e associações e com o público anónimo.
O esforço de reequipamento da Marinha deu já um
passo importante com o programa da primeira série de
três novas fragatas da classe .Vasco da Gama. , estando
prevista a recepção do primeiro destes navios em
Novembro do próximo ano.
Foi já lançado o concurso público para a construção
de cinco lanchas rápidas de fiscalização, com o apoio da
CEE, destinadas à fiscalização da pesca.
Outras unidades se seguirão, de acordo com as priori-
dades convenientes. quer no sentido de fortalecer a
componente oceânica, quer no respeitante a outros tipos
de navios que permitam fazer face às missões e tarefas
da responsabilidade da Marinha. • ••••••••••••••••••••••••
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