Page 105 - Revista da Armada
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o metro                                                        1";:;00  •• _  ... , ....  l_!lul.  J,.;31 P


                                                                       SI.lN
                                                                       I.,;:.      t....   IISiO  •
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              á algum tempo atrãs. adquirimos num alfarrabis·          ,.",. ;---1'0<0.   fI,..I_.·  .1.10
                                                                                         . .. 1.6S
                                                                       Co .....
              ta um pequeno livro intitulado Compendio do No-          ..          l.       o.~
        H vo  Systema  Métrico  Decimal,  da  autoria  de              ... _." ..   It,..utt>.u ....  o.:»
                                                                                       •
                                                                                          .. O.H
                                                                                   •
                                                                                   S
         Joaquim Henriques Fradesso da Silveira, pUblicado em          I ...... ~ •• .w!.   ULooM.   O,9h:.
                                                                                            o.or. ...
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         1856. Este volume. apesar da sua modesta aparência.           U"          19 ........  ooo-mlu
                                                                                            O.OOOI";~
         teve, no seu tempo, uma excepcional importância, pela
         seguinte razão que importa destacar: permitiu a divul-
         gação de um sistema que Iria conseguir o entendimen-
         existentes, nAo s6 entre parsas, como dentro das fron- ª:L.,··.·~~.~· :r§.· .. ·~::::: ~'g
         to,  no  campo  dos pesos  e  medidas,  o  que,  anterior-
         mente, era bem dlHcU,  devido à variedade de padrOes
         teiras de cada um deles.                            1.,Ior>!  I"t  1-'-) .•••••..••••••••  !  .... ~I..; •••.•.••• _   0.'J18
                                                             \.,atd.   . ................  '1  •• ~ ........ _..   O.h,
            t: evidente que ,desde há muito,havia a perfeita cons-  J 'Lu  ~~~  beli .. ) ................ ~  oto:....  ..........  .....   O.,,~;.
         ciência da necessidade de normalizar as unidades de   .u .... o(~e ..... • .... l··········,··.  fI-ra,  ................  Il.Z~'J5
         medida, mas, cada um dos persas. naturalmente, pen-  0....: .................. , .........  S  o",''" ....... . ........ ,   O.~
        sava que a solução mais adequada era a utilização, a   ni"'.,.....  .........:l ~lot.......... ......  ..003~
         nlvel universal, dos seus próprios padrOes. Especialmen-  ~:~.~~:. ::: .. :'::::.' :'.::::.~~ .~,.~ .. ~ :~:::::: .:::::::  :::;:98
        te a Inglaterra, que enriqueceu comercializando os inú-
        meros  produtos  que  fabricava,  nAo  parecia  muito   Na tsb6la das Medidas de Peso, os valores da coluna da dirflita estilo
        interessada em prescindir dos seus sistemas de medi-  aJtpf8SSO$  fim quilogramas.
        da. A libra peso e a jarda tinham o seu prestigio asse-  Por curlo5kJede,  feprodUZem-se.  do livro de Ffad8sco da  SilVeIra,
                                                            tabelas de COf7V8fsAo das antigas medidas lineares" de (J6SO (estas
        gurado.  AlIás,  esta  última unidade  resultava  de  uma   referidas a quilogramas). o que mostra, nIo.sd a variedade de un1dar:J6s
         medição real, pois derivava do comprimento que ia des-  qU8,  na 4poc •• eram USAdq (a. poss/wIImfHlt8. nem todas) como •
        de a ponta do nariz do rei Henrique I, à extremidade do   tlcotnnt. relet;*J entnt ela. No que respeita I MQua a milha madtima
        seu  polegar.                                       os seus VIItlres ~ 00s valores reais que a. f9SP9G'1ivament8.
                                                            5556 e  1852 m8tfos.
            Em ponugal, nAo julgamos que tenha havido qual-
        quer  ambição  universalista,  mas,  fronteiras  dentro,
        percebeu-se, ao longo dos séculos, que era necessário   o sistema, porém, só se tornou, efectivamente, obriga-
        acabar com os diferentes valores que cada uma das uni-  tório em  França a panir de Janeiro de 1840.
        dades tinha de região para região. Há noticia de que,   Antes desta data, já alguns palses tinham introduzi-
        nas cortes de Lisboa de 1352, a população se queixava   do o sistema métrico, como a Bélgica e os Parses Bai-
        da confusão e variedade de medidas existentes, facto   xos  em  1816 e  o  Luxemburgo em  1820.  Portugal  foi
        que prejudicava, entre outras actividades, a liquidação   talvez o primeiro pafs a compreender as enormes van-
        de rendas.                                          tagens do sistema decimal proposto pelos  franceses,
            Nos reinados de O. João II, o .Manuel e o.Sebastião,   mas escolheu uma solução bizarra.  Efectivamente, lo-
        fazem-se tentativas no sentido de alterar esta incómo-  go em 1812, na Academia Real das Ciências, constituiu-
        da situação,  mas sem resultados significativos.    -se  uma comissão,  da qual resultou uma memória da
            A solução para o prOblema velo de França, quando   autoria de Mendo Trigoso. Nela se diz que a-delicade-
        em  1790, logo após a  Revolução, foi  aprovado na As-  za dos tempos e o brio nacional, que com razão tem hor-
        sembleia Constituinte, um proiec!o de unificação. O êxito   ror a tudo que traz o nome francês, se opõem à adopção
        do sistema deveu-se a:                              do metro, ou por paridade de razão, a qualquer medida
                                                            cuja unidade seja outra parte decimal do quarto do me-
            1. Uso de um segmento do meridiano terrestre c0-
                                                            ridiano,  pois  este  faria  o  mesmo  que  faz  o  metro,
        mo unidade fundamental, o que lhe dava uma dimen-
        slo universal.                                      podendo-se ainda  neste caso recorrer  a  uma medida
           2. As unidades da mesma espécie estarem ralacio-  portuguesa que é o  palmo craveiro-.
        nadas por um sistema decimal, o que facilitava extraor-  Esta posição resultava, evidentemente, do facto da
        dinariamente  as  operaç08s  em  relação  a  sistemas   França se encontrar em armas com quase todas as na-
        duodecimals, normalmente  usados.                   ~s da Europa. Todavia, em Dezembro de 1814, o prln-
           O metro foi a designação escolhida para a nova uni-  Clps regente, concorda com a proposta da comissão que
        dade de comprimento. O seu valor foi estabelecido co-  estabelecia as seguintes unidades de medida, para uso
                                                            no nosso pais:
        mo a décima milionésima pane do quarto do meridiano
        terrestre. Não sendo prático determinar tão grande dis-  Lineares:  a mio travessa,  (ldm) definida  como a
        tAncia, optou-se por fazer a medição entre Dunquerque   centésima milionésima parte do quarto do meridiano ter.
        e Barcelona e,  dai, deduzir o valor do metro (1).  Uma   (estre,  tendo  como  múltiplos  a  vara  (1 m)  e  a  milha
        lei de 1799 oficializou os padr08s - fabricados em plati-  (1km).Os submÚltiplos eram o dtkimo e o cent~simo da
                                                            mão  travessa.
        na irldiada- do metro e do quilograma que dele derivou.
                                                               Capacidade: a canada (1  litro) sendo os múhiplos o
           (1) A c:omphJxa fi apaixonante história dBsta m9didtJ 4 contada por   alqueire (10 I),a tanga (100 I), o tonel (1000 I) e os sutr
        06nis GU9d/.  am A Meridiana. Usboa,  1988.        múltiplos, o  dtkimo e  o cent~slmo da  canada.

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