Page 124 - Revista da Armada
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mente, teriam custado ao Estado partição cumpre-me participar a importância de dois modelos anti-
mais de cem moedas por exemplar. V.Ex.a, em respeito ao seu oficio de gos, que vendi para o Museu de
Quando nos interrogávamos se 4 do corrente mês, que por Porta- Marinha.
os modelos teriam sido ou não ad- ria desta mesma data foi autorisa- Lisboa, 19 de Novembro de
quiridos para o Museu, aconteceu do o Conselheiro Director da 3.a 1863
termos deparado com um artigo pu- Direcção a põr à disposição de São R. s 90S000
blicado nos Anais do Clube Militar V.Exa. quantia de 90$000 réis para a) José Maria da Silva
Naval (6), que veio gratificar quem ser aplicada à compra dos dois mo- Reconheço o Sinal supra pelo
se dedica à apaixonante actividade delos de vasos de guerra portugue- próprio apresentado.
da investigação. Neste artigo, o au- ses antigos, expostos à venda no Lisboa, 19 de Novembro de
tor, diz-nos que encontrou, num al- bazar da Calçada do Marquez de 1863
farrabista, dois documentos que se Abrantes, os quais pelo seu mere- Em Test. o de Verd. e
encaixam rigorosamente no proces- cimento artístico, e antiguidade de- O Tab. m Int:
so em que estamos empenhados. O verão pertencer ao Museu de a)José Carlos Rodrigues Grillo»
primeiro, é um ofício dirigido pelo Marinha, como V.Exa. propôs no Este recibo mostra claramente
chefe da 1.a Repartição da 1.a Di- seu citado oficio •. que os modelos foram adquiridos
recção do Ministério da Marinha ao O segundo documento tem o de facto, para serem integrados no
Director da Escola Naval. Tem a da- mérito de nos garantir que o negó' patrimóniO do Museu de Marinha,
ta de 7 de Novembro de 1863 e o cio foi fechado. Ê um documento de tendo sido, muito provavelmente,
seu texto é o seguinte: venda, com a assinatura do dono do destruídos no incêndio de 1916. Es-
liDe ordem de Sua Exa. o Minis- bazar reconhecida. Reproduzimos o tava escrito, nas duras linhas do
tro e Secretário de Estado desta Re- seu texto: destino, que tinham, mesmo, os
"Recebi do m.mo e Ex. mo Sr. seus dias contados.
(6) AUrsdo Motta, Dois documentOll centa- Conselheiro Joaquim Pedro Celes-
náriOll referentes ao Museu de Marinha,
Anais do Clube Militar Naval. ano 1963. tino Soares, Director da Escola Na- A Estádo dos Reis,
pág .• 739·742. val, a quantia de noventa mil réis, cap.·m . .g.
HISTÓRIAS DE MARINHEIROS
104-A reconciliação
À saudosa memória do comandante Sousa Pinto
ouve um tempo, no passado. em
que os capitães dos portos exer-
H ciam, por inerência, a presidên-
cia das Casas dos Pescadores. Nestas se
concentravam múltiplas funções de as-
sistência social, a abranger os marítimos
residentes na área das respectivas capi-
tanias.
Decerto que a personalidade distinta
de cada um dos oficiais emprestava a es-
sas funções características por vezes di-
ferenciadas. para al4!:m dos deveres
comuns estritamente regulamentares que
a todos obrigavam.
Numa capitania nortenha era chefe
um oficial de excepcionais qualidades
humanas. em que concorriam, igualmen-
te, uma clara inteligência e aliaS atribu-
tos profissionais.
Era o seu nome evocado sempre,
com a maior simpatia, nos lares modes-
tos da classe piscatória - mesmo depois
da sua partida.
E se demoro um pouco nesta intro-
dução é para melhor se entenderem as
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