Page 84 - Revista da Armada
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refrescar consideravelmente e o mar a mo o governador levara consigo muitos ra contra o rei de Bintão, de ir coDCJuistar
crescer. Os juncos chineses principiaram navios e muita gente de annas, resolve- 8arém, entregando-Ihe uma annada
a dispersar-se e os nossos navios, apro- ram disfarçar, esperando que ele se fos- constituída por dois galeões, uma Cata-
veitando a sota, conseguiram afastar-se se embora para, depois, se revoltarem vela, uma gal~ e três fustas com quatrO-
deles, seguindo de veOlo em popa a ca- abertamente. Entretanto, foram aprovei- centos homens de guarnição, entre os
minho de Malaca. tando a ocasião para lhe passar urna quais muitos fidalgos, pois que nenhum
Neste primeiro confronto naval com .. rasteira .• queria ficar em Ormuz enquanto os ou-
os Chineses, em que duas pequenas naus Por essa altura, o rei de 8arém e de tros iam a uma empresa tão arriscada e
e um junco fu.eram frente a uma arma- Catifa. de nome Mocrim, que era vas- onde podiam ganhar tanta honra. Na
da de cinquentajullCOS, não se poderá di- salo do rei de Onnuz, tinha-se subleva- companhia da annada ponuguesa foi
zer que os Portugueses se tenham saído do e não só deixara de lhe pagar tributo também a armada do rei de Ormuz,
ma1. O pior t que, a partir daI, o cnegÓ'- como também, com a sua armada decer- constituída por cerca de duzentas terra-
cio da China. ficou gravemeOle compro- ca de cento e cinquenta terradas (espé- das guarnecidas por peno de três mil
metido. cie de fuslas) , impedia que as naus homens, sob comando do guazil (gover-
daquela região fossem a Ormuz. Dai re- nador) da cidade, Rais Xarafo. grande
sultavam, obviamente, grandes prejuízos inimigo dos Portugueses e mentor da
para esta cidade. Aproveitando a presen- revolta que ejltava sendo planeada con-
BARÉM (27 de Julho de 1521)
ça de Diogo Lopes de Sequeira, o rei de tra eles.
Onnuz, a instâncias dos seus conselhei- Prestes a chegar a Barém, foram as
Tendo chegado aos ouvidos de ros, pediu-lhe que mandasse castigar o duas armadas surpreendidas por um vio-
D.Manuel que a alfândega de Onnuz rei de Barém e O obrigasse a voltar à sua lento lempora] que as dispersou. Por es-
rendia mais de 300 000 xerafins por ano obediência. Esperavam os conselheiros se raCIO, António Correia, que foi o
e que, apesar disso, o rei daquela cida- do rei de Onnuz que os Portugueses fos- primeiro a fundear diante da cidade com
de tinha, por vezes, dificuldade em pa- sem derrotados por Mocrim o que faci- o seu galeão e uma caravela, viu-se
gar os 20 000 xerafins de páreas que litaria a sublevação que tinham em mente forçado a esperar durante seis dias pelo
Afonso de Albuquerque lhe impusera, fazer, mais tarde. contra eles. Se, even- resto dos 'navios, perdendo. consequen-
devido à má administraÇão daquelas ren- tualmente. a vitória lhes sorrisse, fica- temente, o efeito da surpresa. Mesmo
das por pane dos seus oficiais. ordenou riam a ganhar sob o ponto de vista assim, ficaram a faltar-lhe duas fustas,
a Diogo Lopes de Sequeira que os subs- económico. uma que arribou a Onnuz e outra que
tituísse por funcionários ponugueses. Não podia Diogo Lopes de Sequeira chegou muito mais tarde.
Como se pode imaginar, tratava-se deixar de aceder ao pedido do rei de Or- Encontrava-se a cidade de Bartm
duma medida extremamente impopular muz, sob pena de grave perda de prestí- protegida por uma fone tranqueira ani-
que indispOs contra os Portugueses to-- gio para os Portugueses, e encarregou lhada e muito bem guarnecida por cerca
dos os onnuzinos, desde o rei até ao mais seu sobrinho António Correia, que tan- de doze mil homens, entre os quais al-
humilde dos seus súbditos. Porém, co- . to lustre ganhara, havia um ano, na guer- gumas centenas de frecheiros persas e aI-
BARÉM - 1521
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