Page 335 - Revista da Armada
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PORTUGAL E O ORIENTE


         A cerâmica decorativa de Macau




               cerâmiCa como manifestação humana de cultura, inte-  vezes o duplo sentido de cenas palavras.  Encontramos como
               ligência,  sabedoria e  tradição de um  povo, constitui   exemplo  a  palavra chinesa, fu,  que  significa  morcego,  mas
         A como anc decorativa uma das mais antigas e das mais   também significa felicidade; os cinco morcegos que se obser-
         difundidas.                                         vam em muitos motivos decorativos representam as cinco ben-
            Encontra-se remotamente enraizada e indissoluvelmente   çãos:  longevidade.  riqueza.  tranquilidade.  virtude  e  morte
         ligada à China. onde existe desde o  período neolítico, tendo   serena; o dragão,  representa uma criatura benevolente e 6 o
         posteriormente um notável grau de desenvolvimento, beleza   símbolo do Imperador, tal como a F6nix. simboliza a Impe-
         e  sofistificação  ímpar.                           ratriz e o dragão podia figurar com cinco, quatro ou três gar-
            Também  a origem  da porcelana  remonta,  na China, ao   ras,  consoante se destinasse a  ser utilizado  respectivamente
         século IX e o segredo da sua produção só foi descobeno pelos   como símbolo do imperador, dos príncipes-herdeiros ou como
         europeus 00 século XVD.  Apenas alcançaram a Europa poucos   elemento decorativo  popular.
         exemplares de porcelana chinesa dos séculos XIV ou XV. que   Referem-se ainda, na arte decorativa chinesa, muitos mais
         foram  sobretudo  presentes  de  potentados do Próximo e do   símbolos com os seus correspondentes significados.  Assim,
         M6dio Oriente a monarcas  europeus.                 a  borboleta significa  longevidade,  o  galo coragem, o  peixe
            O comércio entre a China e o Médio Oriente até ao século   fecundidade ou abundância, a ameixa constância e a orquídea
         XV foi dominado pelos mercadores árabes. e transferido nessa   pureza,  à semelhança do Urio  para os  cristãos.
         altura para as mãos dos portugueses, que entretanto começa-  Há mais de 400 anos Macau era já um importante entre-
         ram a chegar ao Oriente, e algum tempo depois ao Extremo   posto, e  um  ponto de encontro entre o Ocidente e o Oriente:
         Oriente,  logo no  início do século  XVI.           hoje em dia,  e  no  que diz  respeito à cerâmica,  tam~m as
            Os comerciantes portugueses passaram pois a poder com-  fábricas  do  território  de  Macau  dão  continuidade  a  essa
         prar a porcelana em Cantão, 00 sul da China, e ainda noutros   confluência de  um  modo  muito  -sui generis;,..
         portos,  passando  a  exportá-la directamente  para  a  Europa.   Na  realidade,  a  cerâmica  que  6  produzida  em  Macau,
            Não causa qualquer admiração que se encontrem alguns   reflecte uma simbiose entre o Ocidente e o Oriente, entre o
         portugueses  entre  os  primeiros  coleccionadores,  Vasco da   passado e o presente, entre o antigo e o moderno, sempre numa
         Gama e  D.  Francisco d'AJmeida ofereceram ao rei D.  Ma-  coexistência hannoniosa e numa profusão est6tica de cores e
         nuell algumas peças que o deslumbraram de tal maneira que,   estilos,
         de  imediato, lhes  mandou  fazer suportes  de prata.
            De um modo geral, os motivos decorativos chineses estão                            Marqu~s Robalo.
         imbuídos  de uma  forte  carga simbólica. explorando  muiw                                    CENMN



         Batalhas e combates da Marinha Portuguesa




            No n~ 186lMarço de 1987, iniciámos a publicação de uma   grupos  de  trabalho  de  membros  seus  em  colaboração com
         sirie de relatos  sucintos das principais  batalhas e  combates   entidades  reconhecidamente competentes,
         da Marinha  Portuguesa,  desde a  fundação da nacionalidade   Hájá muito trabalho feito - _Annaes da Marinha Portu-
         at6 aos nossos dias, da autoria do CMG Satumino Monteiro.   guesa» de Ignácio da Costa Quintella, .Subsídeos para a His-
         antigo  e  ilustre  professor de  HistÓria  Marítima  da  Escola   tória  Militar  Marítima  da índia ...  de  Botelho de Sousa,  -Os
         Naval.                                              Portugueses no MIU'l> e.As Caravelas Portuguesas ... do coman-
            Tal como sucedeu com outros assuntos levantados por es-  dante Quirino da Fonseca. as .Narrativas Navais- do CALM
         ta Revista, estes artigos, de grande rigor histórico, desperta-  Braz de Oliveira, os -Quadros Navais ...  do CALM Celestino
         ram o interesse de uma editora - a Sá da Costa - a qual está   Soares.  _Três Siculos no  MIU'l>  do comandante A.  Marques
         a fazer a sua publicação,  indo já no 2~ volume, prevendo-se   Esparteiro, .Uniforme Militar da Armada ...  de Alberto Cuti-
         um total de 8, a sair provavelmente à mUia de um por ano.   leiro, _Armadas portuguesas - Apoio sanitário na 6poca dos
            Nesw condições, entendeu a direcção da Revista da Ar-  Descobrimentos  ...  do CMG MN José de Vasconselos e Mene-
         mada  suspender esta secção,  'listo os  interessados  poderem   zes. em publicaçio _Batalhas e Combates da  Marinha Portu-
         adquirir esta valiosa obra na Uvraria  da  Editora.   guesa  ..  do CMG Satumino Monteiro e  _75  Anos no Ma .... do
            Estamos muito gratos ao comandante Satumino Monteiro   CMG Sousa Mendes. etc .• al6m de artigos vários publicados
         por nos ter dado a honra de revelar este seu trabalho, que muito   nos _Anais do Clube Militar Naval ....  -Revista da Armada ... ,
         irá certamente contribuir para a história da nossa Marinha que   etc.  -  mas há muito a fazer  ainda pela  Academia ...  Muito
         algu6m  um  dia lerá que fazer,                     mesmo.
            A este respeito podemos adiantar que a Academia da Ma-
         rinha, por iniciativa do seu dinâmico presidente, CALM Ro-                                M.  do  Va/~,
         g6rio  d'Oliveira,  está  na  disposição de  o  fazer.  atrav6s  de                             CALM

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