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PORTUGAL E O ORIENTE
A cerâmica decorativa de Macau
cerâmiCa como manifestação humana de cultura, inte- vezes o duplo sentido de cenas palavras. Encontramos como
ligência, sabedoria e tradição de um povo, constitui exemplo a palavra chinesa, fu, que significa morcego, mas
A como anc decorativa uma das mais antigas e das mais também significa felicidade; os cinco morcegos que se obser-
difundidas. vam em muitos motivos decorativos representam as cinco ben-
Encontra-se remotamente enraizada e indissoluvelmente çãos: longevidade. riqueza. tranquilidade. virtude e morte
ligada à China. onde existe desde o período neolítico, tendo serena; o dragão, representa uma criatura benevolente e 6 o
posteriormente um notável grau de desenvolvimento, beleza símbolo do Imperador, tal como a F6nix. simboliza a Impe-
e sofistificação ímpar. ratriz e o dragão podia figurar com cinco, quatro ou três gar-
Também a origem da porcelana remonta, na China, ao ras, consoante se destinasse a ser utilizado respectivamente
século IX e o segredo da sua produção só foi descobeno pelos como símbolo do imperador, dos príncipes-herdeiros ou como
europeus 00 século XVD. Apenas alcançaram a Europa poucos elemento decorativo popular.
exemplares de porcelana chinesa dos séculos XIV ou XV. que Referem-se ainda, na arte decorativa chinesa, muitos mais
foram sobretudo presentes de potentados do Próximo e do símbolos com os seus correspondentes significados. Assim,
M6dio Oriente a monarcas europeus. a borboleta significa longevidade, o galo coragem, o peixe
O comércio entre a China e o Médio Oriente até ao século fecundidade ou abundância, a ameixa constância e a orquídea
XV foi dominado pelos mercadores árabes. e transferido nessa pureza, à semelhança do Urio para os cristãos.
altura para as mãos dos portugueses, que entretanto começa- Há mais de 400 anos Macau era já um importante entre-
ram a chegar ao Oriente, e algum tempo depois ao Extremo posto, e um ponto de encontro entre o Ocidente e o Oriente:
Oriente, logo no início do século XVI. hoje em dia, e no que diz respeito à cerâmica, tam~m as
Os comerciantes portugueses passaram pois a poder com- fábricas do território de Macau dão continuidade a essa
prar a porcelana em Cantão, 00 sul da China, e ainda noutros confluência de um modo muito -sui generis;,..
portos, passando a exportá-la directamente para a Europa. Na realidade, a cerâmica que 6 produzida em Macau,
Não causa qualquer admiração que se encontrem alguns reflecte uma simbiose entre o Ocidente e o Oriente, entre o
portugueses entre os primeiros coleccionadores, Vasco da passado e o presente, entre o antigo e o moderno, sempre numa
Gama e D. Francisco d'AJmeida ofereceram ao rei D. Ma- coexistência hannoniosa e numa profusão est6tica de cores e
nuell algumas peças que o deslumbraram de tal maneira que, estilos,
de imediato, lhes mandou fazer suportes de prata.
De um modo geral, os motivos decorativos chineses estão Marqu~s Robalo.
imbuídos de uma forte carga simbólica. explorando muiw CENMN
Batalhas e combates da Marinha Portuguesa
No n~ 186lMarço de 1987, iniciámos a publicação de uma grupos de trabalho de membros seus em colaboração com
sirie de relatos sucintos das principais batalhas e combates entidades reconhecidamente competentes,
da Marinha Portuguesa, desde a fundação da nacionalidade Hájá muito trabalho feito - _Annaes da Marinha Portu-
at6 aos nossos dias, da autoria do CMG Satumino Monteiro. guesa» de Ignácio da Costa Quintella, .Subsídeos para a His-
antigo e ilustre professor de HistÓria Marítima da Escola tória Militar Marítima da índia ... de Botelho de Sousa, -Os
Naval. Portugueses no MIU'l> e.As Caravelas Portuguesas ... do coman-
Tal como sucedeu com outros assuntos levantados por es- dante Quirino da Fonseca. as .Narrativas Navais- do CALM
ta Revista, estes artigos, de grande rigor histórico, desperta- Braz de Oliveira, os -Quadros Navais ... do CALM Celestino
ram o interesse de uma editora - a Sá da Costa - a qual está Soares. _Três Siculos no MIU'l> do comandante A. Marques
a fazer a sua publicação, indo já no 2~ volume, prevendo-se Esparteiro, .Uniforme Militar da Armada ... de Alberto Cuti-
um total de 8, a sair provavelmente à mUia de um por ano. leiro, _Armadas portuguesas - Apoio sanitário na 6poca dos
Nesw condições, entendeu a direcção da Revista da Ar- Descobrimentos ... do CMG MN José de Vasconselos e Mene-
mada suspender esta secção, 'listo os interessados poderem zes. em publicaçio _Batalhas e Combates da Marinha Portu-
adquirir esta valiosa obra na Uvraria da Editora. guesa .. do CMG Satumino Monteiro e _75 Anos no Ma .... do
Estamos muito gratos ao comandante Satumino Monteiro CMG Sousa Mendes. etc .• al6m de artigos vários publicados
por nos ter dado a honra de revelar este seu trabalho, que muito nos _Anais do Clube Militar Naval .... -Revista da Armada ... ,
irá certamente contribuir para a história da nossa Marinha que etc. - mas há muito a fazer ainda pela Academia ... Muito
algu6m um dia lerá que fazer, mesmo.
A este respeito podemos adiantar que a Academia da Ma-
rinha, por iniciativa do seu dinâmico presidente, CALM Ro- M. do Va/~,
g6rio d'Oliveira, está na disposição de o fazer. atrav6s de CALM
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