Page 270 - Revista da Armada
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                                                               execução.  Foi formado um pri-  na  utilização dos  nossos escas-
                                                               meiro contingente de fuzjfeiros,   sos recursos  materiais e huma-
                                                               preparou-se pessoal nas áreas   nos,  que a nossa Marinha deve-
                                                               da administração e da logística,   ria  assumir maiores responsabi-
                                                               recuperaram-se cobertas,  e a   lidades nessas áreas.  Uma outra
                                                               nossa  Base  Naval  de  Bissau,   área  relevame para  nós é a da
                                                               que ocupa  as antigas instala-  fiscalização  da pesca,  uma  vez
                                                               ções navais portuguesas, sofreu   que os  recursos da  nossa  ZEE
                                                               grandes  transformações. Me-  são uma  das  maiores riquezas
                                                               lhorou a qualidade da  gestão e   do país.  Mas  precisamos de
                                                               a apresentação do quartel é   apoio na  formação  do pessoal,
                                                               outra. É notória a transformaçAo   . que o qualifique quanto à /egir
                                                               da  imagem da  nossa  Marinha   lação e quanto aos procedimen-
                                                               em Bissau.                 tos a adoptar,  por forma  a que
                                                               As  equipas que têm gerido os   essa  fiscalização se processe em
        - Como se  têm processado as   dominante das  nossas  Forças   projectos em curso  têm sido   conformidade com os padrões
        suas  relações  com  a Marinha   Armadas e penetrou  também   inexcedíveis de entusiasmo e   internacionais.
        Portuguesa?                noutros  sectores,  invocando   de  compreensão.  Muito  preo-
        - Da  melhor maneira.  Tenho   especiais direitos  relativamente   cupadas com a instrução, valo-  - Que outros aspectos da  coo-
        recebido as  melhores atenções   a cooperantes de outros países.   rizam-na  atlavés do seu acom-  peração militar-naval  desejaria
        do Almirante Chefe do  Estado--  A ideologia dominava e as rela-  panhamento com  os  equipa-  fossem incrementados?
        -Maior da Armada e de lOOos os   ções nunca  foram  fáceis.  A sua   mentos e os materiais  necessá-  -A  nossa  estadia em Portugal
        militares da Marinha com quem   instruçJo incidia sobretudo na   rios.  O seu  empenho tem sido   permitiu-nos  um contado pr0-
        tenho contactado.  Num  outro   utilização de material e equipa-  ~veI, direi mesmo exemplar.   longado  e  intenso  com  a
        plano, saliento com muita satis-  mentos, não havendo preocu-  Estamos  muito satisfeitos.  E   Marinha.  Desejamos vivamente
        fação todo O apoio que me tem   pações quanto à verdadeira  for-  com  Portugal que,  essencial-  que a nossa cooperação pros-
        sido prestado pelo Ministério da   mação profissional dos  nossos   mente, queremos cooperar.   siga.  O apoio do  Chefe  do
        Defesa  Nacional, através da   quadros.                                           Estado-Maior  da  Armada  e a
        Direcção-Ceral de Política  e   Um dia,  de repente, abandona-                    circunstância  do  Adido de
        Defesa.                    ram-nos.  Mas o entendimento                           Defesa  de  Portugal em  Bissau
        Durante a frequência  do curso   político que ja  então havia                     ser um  marinheiro que muito
        tive apoios de todos os meus   entre os nossos países e a ver-                    nos  tem ajudado, criam-nos a
        companheiros, dos  professores   dadeira  compreensão dos erros                   convicção de que podemos ter
        e da  Direcção do  ISNG.  Foi,   comelidos abriram-nos as  por-                   confiança numa  intensificaçào
        para  mim,  uma  experiência   tas  para  a cooperação com                        da nossa cooperação.
        ímpar.  Há um grande espírito   outros países,  com destaque                      Mas  há na  realidade alguns
        de entreajuda  entre  o corpo   para  Portugal.  Foi  um  reencon-                aspectos que  poderiam  ser
        docente e o corpo discente.   tro natulal, que muito desejáva-                    desenvolvidos.  Temos  todo o
        Não  vi  ninguém poupar esfor-  mos.  Para  além  da  língua                      imeresse em manter contactos
        ços para  que me sentisse em   comum, da  tradição guineense                      frequentes  com  a  Marinha
        casa.                      da Marinha  Portuguesa e de um                         Portuguesa,  para  recolha  de
        Nas  visitas,  nas  trocas  de   entendimento concreto das nos-                   informação técnico-profissional
        impressões e em muitos outros   sas realidades,  viemos encon-                    e para  que seja conservada a
        contactos, apreciei a ligação   trar uma íirme  vontade de coo-                   amizade que tem  sido criada.
        emocional que liga  a Marinha   perar no  verdadeiro  sentido da                  Nós precisamos muito de apre-
        POftUguesa ao meu país, confir-  palavra.  Estamos orgulhosos                     ender muitas  das  tradiçóes
        mei a existência  de um  forte   disso.                                           navais da  Marinha  PortugUe5.i.
        espírito  de  corpo  que  não                                                     Repare a importância psicológi-
        conhecia, uma invulgar dedica-  - Quais  são  os aspectos  mais                   ca que teria  pala o nosso pess-
        ção e  uma  disponibilidade   salientes dessa cooperação?   - Que  novas  áreas  desejaria   oal mais jovem,  muito do qual
        absoluta.  E5pero que a ligação   - A cooperação  é  um  instru-  pu d  em ser incrementadas na   já (oi (ormado por porrugueses,
        agora  desenvolvida  com  a   mento da  vontade política dos   cooperação com  a  Marinha   a  visita  de  navios  vossos a
        Marinha  Portuguesa  perdure e   nossos países  e está a manifes-  Portuguesa~    Bissau.
        se intensifique, pois que tem   tar-se em várias áreas. Mas fale;-  -A resposta é simples: todas. No   Os  Estados  Unidos,  que têm
        ultrapassado as nossas melhores   -lhe apenas do papel activo que   entanto, as áreas de responsabi-  uma  relação  muitíssimo  mais
        expectativas.              a Marinha  POItUguesa  tem tido   lidade da  nossa  Marinha  são   distante connosco, levam  navi-
                                   na  reorganização  da  nossa   mais limitadas do que aquelas   os  a Bissau com alguma  fre-
        - A sua presença entre nós deri-  Marinha Nacional, nas áreas da   que tem a Marinha  Portuguesa.   quência, apenas em acções de
        va da execução dos Acordos de   (ormaçào,  administração,  legis-  Por exemplo, n6s não temos res-  -shaw lhe flag-.
        Cooperação  estabelecidos   lação e recuperação  de  inrra-  ponsabilidade  no  Fomento   A  nossa caminhada  está  no
        entre os nossos países. Como se   -estruturas, que esperamos seja   Marítimo,  nem no sistema de   princípio e está apostada essen-
        chegou a esses Acordos?    possível consolidar e desenvol-  autoridade  marítima.  Não   cialmente na  formação.  Depois
        - Como  é  sabido,  cl  União   ver. O processo tem sido evolu-  temos, também, responsabilida-  destes  dois  primeiros anos de
        Soviética  teve uma  relação  pá-  tivo: em  1991 foi feito um diag-  des  nas  áreas da  segurança da   cooperação militar-naval,  estão
        vilegiada com o PAIGC durante   nóstico, traçaram-se objectivos   navegação, da  farolagem e bali·   criadas  as  condições  de  con-
        os anos da  luta  clrrn.:lda.  Com a   e  foi feita  a programação  das   zagem, da  hidrografia, e outras.   fiança  mútua para que a nossa
        independência, a URSS confi·   adividades por sub-projectos.   E hoje é pala  nós evidente, até   MN possa cooperar muito mais
        nuou a ser o poIo de influencia   Em  1992 deu-se início à (ase de   por razões de economicidade   com a Marinha  Portuguesa.  .1
        16  AGOSTO 93 ·  REVISTÁ DA ARMADA
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