Page 163 - Revista da Armada
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o facto de Lagos e Lisboa se terem tornado No Porto, nesse mesmo
tão emblemáticos como Sagres tem ofuscado, ano, o monarca define por
Carta Régia as regras e os
no que respeita aos Descobrimentos, locais de acostagem dos
o envolvimento de toda a Nação na gesta navios que descem o rio ou
o demandam com .fazenda
de quinhentos e naturalmente também
de Inglaterra, da Holanda,
o. Norte de Portugal cujo povo há muito da Flandres e da França:..
singrava o mar.
Hoje, cada vez mais se
crê podermos afirmar que
A PRIMEIRA DINASnA . • a caravela não sendo um
. O NASCER DUMA POUnCA MARmMA navio do norte da Eu-
ropa, nem, muito menos
Q ue desde a mais aha antiguidade as nossas costas foram do sul. tem de ser um
ponto de chegada eJou de partida ninguém o põe em Glusa.
navio decorrente dos
Interessante para nôs é conhecer o que se passava nos específicos desafios do ~m;nhore/drn'O.is~ ~
alvores da fundação do Estado português para melhor compreender- mar-oceano que violenta- pelo municipio do Por1o com o bapt;smo
do Infiln/e D. Henrique (1394 ).
mos a génese dum processo que nos lançaria pelo oceano adentro. mente fustiga a nossa
desabrigada costa (1), como SÓ acontece a Oeste da Irlanda.
Impossível. no caso, não tomar como referência a cidade que
havia de dar nome a Portugal e nesse caminhar no tempo Não podemos provar isto rigorosamente mas sabemos, através do
depararemos com uma notícia nas vésperas da Fundação que nos mais antigo documento que a refere, que, em 1255, uma modesta
revela que _uns colunelos Calcários, destinados a Santiago de caravela é dada à Vila de Gaia a fim de integrar a frota pesqueira
Compostela como oferta de Aionso UI de Leão (que reina de 866 a local, iniciarxJo.se então uma carreira que a tomará o navio mais
910) ... encontraram no Douro as naves capazes e sufIcientes para, invejado do seu tempo.
uma vez fretadas, as transportar •.
Nesse ano o Bolonhês (2) só aceita nas suas naves e galés os mari-
No ano de 992 seu filho Ordonho II, rei da Galiza, querendo visitar nheiros que iam .de sua voIuntade., situação que se allerou passan-
o Bispo resignatário de Coimbra, manda «aparelhar navios (no do a ser .as vintenas {um em cada vintel dos homens do mar. a
Dourol para com os seus se deslocar até (ao mosteiro de ) Crestuma • forma de recrutar novos marujos dentre OS homens válidos do Porto,
ao qual os navios surtos nos ancoradouros adjacentes pagavam _em sistema a que, por Cartas de 1366 e 1405, só escaparam, para a
cad.l s.'ibado o nabulum e o porralicum ... imJX>Stos. pelo monarca. cidade não ficar sem pão, os moleiros.
Navios e portos que testemunham uma actividade comercial do Aos pescadores e moradores de Mereça e Foz do Leça que fossem
Douro que não escapa nem ao cruzado inglês Osberno, em 1147, incorporados coocedeu-se que seriam, por um ano, isentos do dízimo
nem a D. Sancho I que reserva para o seu herdeiro «os rendimentos de quanto pescassem em barco próprio.
que do Porto lhe vinham, os pannis navium •. Recuando no tempO e
descendo para o sul sabemos pelo testamento da abastada Murna- Por uma inquirição real, ordenada por D. Afonso IV, sabemos
dona que, em 959, ela doa ao conventO que em Guimarães fundara, do comércio marítimo de _panos de França ... pimenta. açafrão,
as suas salinas de Aveiro. açúcar ou outra especiaria qualquer, de metal ... (e de) pescado
da Galiza e de diversas fontes. e duma taxa de _ancoragem. em
O sal. essencial à conservação dos alimentos e que iâ era uma das função de terem ou não um batel ou «g6ndora •.
maiores e;~portações de Portugal ,..-__ :-:
para o norte da Europa aparece De notar que em 1352
aqui a lançar para o interiQ( do Eduardo III passa car1as-patente
pais a teia de interesses que o que punham os mareantes por-
mar suscita. tugueses em pé de igualdade
com os seus pares ingleses e
A norte, após o ataque mouro que, no ano seguinte, um trata-
da iniciativa de Almançor, em do de reciprocidade, por
997, a população recua 1 km cinquenta anos, é assinado pelo
da íoz do Lima, mas «quando mercador portuense Afonso
em 1253 ali esteve D. Afonso l'v1ar1ins e o seu par de Lisboa.
111, já ela explorava com van-
tagem o comércio marítimo, o Por esta época começa a
que determinou EI Rei a cons· distinguir-se os marinheiros
truir um forte castelo ... dando- dos pescadores. Em 1355,
·Ihe ... Foral. e o nome de rmercadores da Cidade (do
Viana, _da Vinea, da Vinha ou Porto), com seus parceiros de
da Vinda. que vinha de trás. E5tiJ1e;fOS de MJfilgil;iI. Braga, Guimarães, de Viseu e -:
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