Page 60 - Revista da Armada
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Apresentação do livro
                            Apresentação do livro


                     “Os Navios d’O Occidente”
                     “Os Navios d’O Occidente”



              or iniciativa das Edições Culturais da  vários institutos e comissões nacionais e  nelas trabalharam gravadores de elevado
              Marinha foi apresentado, em 16 de  estrangeiros, tendo assim feito parte, a partir  mérito que chegaram a fazer escola nas artes
         P Janeiro passado na Biblioteca Cen-  dos anos 80 do séc. XX, dos organismos exe-  portuguesas, até ao fim do século, altura em
         tral, o livro “Os Navios d’O Occidente”  cutivos que realizaram os principais eventos  que a fotografia começou a ser usada como
         cujo autor é o Comandante António Estácio  culturais nacionais e internacionais em que  processo privilegiado e mais económico para
         dos Reis.                          Portugal esteve presente, e a sua colaboração  reproduzir imagens no papel.
           Conforme afirmado pelo Presidente da  em inúmeros congressos, conferenciais e  Estas gravuras de uma perfeição e beleza
         Comissão Cultural, Contra-Almirante Leiria  diversas exposições na Europa, América  quase inultrapassáveis reproduziram navios
         Pinto, das variadas actividades da Comissão  Latina e Estados Unidos.  e embarcações de recreio e foi com base em
         ressalta a edição de obras de reconhecido                             cerca de sete dezenas destas imagens que
         nível cultural mas, por esta não estar voca-                          nasceu a ideia de publicar “Os Navios d’O
         cionada nem ter aptidões para competir no                             Occidente”.
         complexo mercado livreiro e os seus objec-                              O livro é iniciado por uma nota intro-
         tivos serem estritamente culturais, o número                          dutória onde se apresentam as grandes ino-
         de exemplares publicados é habitualmente                              vações que se praticaram nos navios durante
         diminuto e por isso de distribuição muito                             o século XIX. De facto, nesse período o ferro e
         restrita, facto lamentável já que os trabalhos                        o aço vieram substituir a madeira, evitando a
         devido à sua qualidade mereciam certa-                                trágica devastação das florestas, a propulsão
         mente maior difusão. Felizmente em relação                            deixou de ser dependente da força e da
         à obra agora apresentada, devido a uma con-                           direcção do vento e as rodas laterais ou à
         juntura favorável, este inconveniente não                             proa foram substituídas pelo hélice. O
         aconteceu.                                                            Comandante Estácio citou o caso curioso da
           Assim, quando a edição d’“Os Navios d’O                             competição, realizada em 1849 entre o HMS
         Occidente”, inicialmente prevista apenas                              “Niger” e o HMS “Basilisk” dois navios pre-
         para 900 exemplares, encomendada pela                                 cisamente com as mesmas dimensões e com
         Comissão Cultural à firma Edifil, empresa a                           máquinas de características semelhantes, que
         que se deve o arranjo gráfico e a impressão,                          travaram uma luta de tracção amarrados pela
         estava pronta, surgiu a oportunidade de                               popa, um com rodas e outro com hélice, que
         uma maior divulgação da obra fazendo uma                              saiu vencedor. Assim o hélice passou a subs-
         publicação conjunta com a editora Gradiva, a                                              tituir a propulsão
         qual foi viabilizada pelo apoio dado através                                              por rodas. Na in-
         de prévia reserva de um terço da edição por                                               trodução fala-se
         parte da Câmara Municipal de Oeiras. O  Foram igual-                                      ainda de uma
         Contra-Almirante Leiria Pinto, após ter  mente ressalta-                                  outra actividade
         informado que a edição atingiu os 3.000  dos os profundos                                 náutica com gran-
         exemplares, manifestou o seu apreço à firma  conhecimentos                                de desenvolvi-
         que procedeu à respectiva impressão e agra-  do Comandante                                mento em Por-
         deceu à editora e à autarquia o apoio dado à  Estácio acerca de                           tugal durante o
         iniciativa.                        instrumentos                                           último quartel do
           Reportando-se à biografia do autor da  náuticos, nomea-                                 século XIX, o
         obra, o Presidente da Comissão Cultural  damente astrolá-                                 Yachting, para
         salientou as cerca de cinco décadas de car-  bios, sendo uma                              cujo sucesso mui-
         reira naval do Comandante Estácio,  autoridade de re-                                     to contribuíram
         referindo-se à sua ligação aos draga-minas  ferência na matéria e várias entidades  dois dos últimos reis de Portugal, D. Luís e D.
         onde exerceu o comando de três unidades  nacionais e estrangeiras têm-lhe solicitado  Carlos que foram empenhados velejadores.
         deste tipo de navios e o cargo de Chefe do  pareceres. Finalmente foi salientada a sua  No corpo principal do livro estão repro-
         Estado-Maior da respectiva flotilha.  intensa colaboração não só nos principais  duzidos, ao tamanho da página, cerca de
         Também como Comandante da Força Naval  órgãos de comunicação escrita como em  sete dezenas de gravuras de navios e de
         Permanente assumiu o comando de mar  revistas ligadas a temas da Marinha das  embarcações de recreio, compondo-se a últi-
         mais importante de então.          quais sobressai a Revista da Armada, com  ma parte da obra dos textos publicados na
           Foi destacado o seu serviço em   mais de uma centena de artigos da sua auto-  “Occidente” que acompanharam as imagens
         Moçambique onde, além de Capitão do  ria. O Contra-Almirante Leiria Pinto, termi-  citadas.
         Porto do Chinde e de Quelimane, foi Chefe  nou a sua intervenção fazendo votos para  O Comandante Estácio terminou a sua
         do Estado-Maior do Comando Naval. Fez  que futuros trabalhos do Comandante  apresentação reiterando os agradecimentos a
         parte da Missão Militar da NATO em  Estácio possam ser editados pela Comissão  todas as entidades que “contribuíram para
         Bruxelas, chefiou a 1ª Divisão do Estado-  Cultural.                  que “Os Navios d’O Occidente” não ficas-
         -Maior da Armada e no final da sua carreira  Seguiu-se a apresentação propriamente  sem amarrados à bóia e, pelo contrário,
         exerceu funções no Museu de Marinha e na  dita da obra pelo respectivo autor, o qual re-  navegassem com vento fresco pelas livrarias
         Biblioteca Central.                feriu que a revista “O Occidente”, de grande  do nosso país”
           No que se refere à vasta actividade cultu-  êxito no último quartel do século XIX, publi-
         ral foi salientando a sua participação em  cou imagens de notável qualidade, já que  (Colaboração da Comissão Cultural da Marinha)

         22 FEVEREIRO 2002 • REVISTA DA ARMADA
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