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A conversão do N.R.P. “D. Carlos I”
                A conversão do N.R.P. “D. Carlos I”
                        a navio hidro-oceanográfico
                        a navio hidro-oceanográfico



         INTRODUÇÃO                         vimentos devido à ondulação e de um sensor   - Estes guinchos permitem operar com
                                            para determinação da proa. Actualmente, o  instrumentação científica para recolha de
           Os avanços tecnológicos na área da inves-  sensor de medição da proa baseia-se em duas  amostras a grande profundidade e avalia-
         tigação do mar  criaram novos sistemas que  antenas GPS devidamente orientadas em re-  ção de parâmetros fisico-químicos da água
         permitem a aquisição de cada vez mais e me-  lação ao eixo longitudinal do navio.  em tempo real.
         lhor informação. Esses sistemas são consti-  - O registo da profundidade deste sensores   UÊ ˜ÃÌ>>XKœÊ`iʘœÛ>ÃÊ}ÀÕ>ÃÊiÊ«À̈VœÃ°Ê
         tuídos por equipamentos que têm requisitos  é unicamente digital, sendo de elevada quali-  - O pórtico de ré será substituído por outro
         especificos de instalação por forma a confi-  dade, o que permite determinar a morfologia  de maior capacidade que está a ser construí-
         gurar as melhores condições de desempe-  do fundo do mar com elevada resolução.  do no Arsenal do Alfeite.
         nho. Portanto, torna-se necessário adaptar os   - Concomitantemente à informação de ba-  - Será instalado um pórtico lateral e res-
         navios hidrográficos às condições de opera-  timetria é possível a aquisição de dados de  pectivo patim para operação de instru-
         ção dos modernos sistemas                                                         mentação ligeira de ocea-
         de aquisição de informação                                                        nografia.
         hidro-oceanográfica.                                                                 - A grua existente foi
           O N.R.P. “D. Carlos I”                                                          substituida por outras duas
         chegou a Lisboa em Abril                                                          de mais fácil operação.
         de 1997. Este navio per-                                                            UÊ ˜ÃÌ>>XKœÊ`iÊՓ>Êi“-
         tencia à uma classe de na-                                                        barcação de sondagem nova
         vios de US Navy (classe T-                                                        e respectivo turco.
         AGOS), foi lançado à água                                                           - A nova embarcação tem
         em 1989 e tinha  por missão                                                       um comprimento de 8 me-
         a vigilância do oceano e a                                                        tros, boca de 2 metros e ca-
         recolha de dados de acús-                                                         lado de 0,5 metros, e está es-
         tica submarina. Durante a                                                         pecialmente concebida para
         primeira transformação,                                                           a execução de levantamen-
         que decorreu entre Abril 98                                                       tos hidrográficos junto à
         e Julho 99, o navio sofreu                                                        costa ou em portos.
         avultadas alterações, com                                                           - Esta embarcação foi con-
         a aquisição de algumas ca-                                                        cebida para operar com um
         pacidades hidro-oceanográ-                                                        sondador multifeixe de pe-
         ficas, mas ficaria aquém dos                                                        quenas profundidades.
         requisitos necessários num                                                          UÊ ÀÀ>˜œÊ`œÃʘœÛœÃʏ>-
         moderno navio de investigação do mar.   reflectividade do fundo, os quais permitem  boratórios.
                                            gerar uma imagem acústica do fundo. A in-  - Os laboratórios estão ser completamente
         NOVOS EQUIPAMENTOS                 formação mais relavante desta imagem é a  remodelados por forma optimizar o espaço
                                            possibilidade de identificação de diferentes  disponível e facilitar a execução dos traba-
           Após a primeira transformação, o navio  tipos de sedimentos e estruturas.  lhos das equipas técnicas.
         efectuou algumas missões no âmbito da hi-  UÊ œÛœÃÊܘ`>`œÀiÃÊ`iÊviˆÝiÊȓ«iÃÊ`iÊ  UÊ ÀÀ>˜œÊ`œÊVi˜ÌÀœÊ`iÊ>µÕˆÃˆXKœÊ`iÊ
         drografia e da oceanografia, apenas equipa-  hidrografia.                dados.
         do com os sistemas tradicionais e sem as con-  - Destaca-se a instalação de um novo son-  - No compartimento dedicado ao centro
         dições ideais de operação. Em Outubro de  dador de grandes fundos.    de aquisição de dados será efectuada a aqui-
         2001 iniciou-se a segunda e definitiva  fase   - Instalação de um Acoustic Doppler Cur-  sição de dados dos sondadores acústicos e
         de transformação com o objectivo de trans-  rent Profiler (ADCP) de grandes fundos.  do ADCP, com a possibilidade de instalação
         formar o N.R.P. “D. Carlos I” num moderno   - O ADCP é um equipamento utilizado na  de outros equipamentos.
         navio hidro-oceanográfico. A lista de trans-  medição de correntes.      UÊ ˜ÃÌ>>XKœÊ`iÊՓ>ÊÀi`iÊ`iÊ`>`œÃÊiÊ`iÊ
         formações é longa realçando-se apenas os   - O seu funcionamento baseia-se na emis-  um circuito de vigilância e vídeo.
         trabalhos mais importantes:        são de impulsos acústicos e recepção dos   - A rede de dados permite a interligação
           UÊ ˜ÃÌ>>XKœÊ`iÊՓÊÈÃÌi“>Êܘ`>`œÀʓՏ-  respectivos ecos após reflexão por peque-  dos computadores do navio, existindo pon-
         tifeixe de grandes fundos.         nas partículas ou plâncton em suspensão na  tos de rede nos camarotes, nos laboratórios
             - O sistema sondador de grandes fundos  água. O impulso reflectido sofre, por efeito  e na sala de aquisição de dados.
         destina-se principalmente a cartografar o  Doppler, um desvio em frequência propor-  - O circuito de vigilância e vídeo permiti-
         fundo do mar. Este tipo de sondador efec-  cional à velocidade relativa entre as partícu-  rá monitorizar os trabalhos no convés pelo
         tua a medição de profundidades ao longo de  las e o equipamento, o que permite determi-  oficial de quarto ou pelo pessoal técnico na
         faixas. A largura da faixa depende da abertu-  nar a direcção e velocidade da corrente.  sala de aquisição de dados.
         ra angular do feixe. A faixa útil está limitada   - Este equipamento permite estimar o vec-  UÊ ˜ÃÌ>>XKœÊ`iʘœÛœÃÊiµÕˆ«>“i˜ÌœÃÊ`iÊ
         a uma abertura de 120º, centrada no trans-  tor corrente, não apenas num ponto da colu-  navegação: radares, receptor GPS, sonda,
         dutor o que corresponde a uma largura de  na de água mas em vários, por divisão desta  odómetro, anemómetro e agulha giroscó-
         3,5 vezes o fundo.                 em camadas de profundidade, obtendo-se  pica.
           - O sistema sondador multifeixe inclui obri-  assim um perfil de correntes.   - Neste âmbito destaca-se que a informa-
         gatoriamente um sensor de movimentos de   UÊ ˜ÃÌ>>XKœÊ`iÊ}Ո˜V…œÃʜVi>˜œ}À?wVœÃÊ ção adquirida pelos sensores de navegação
         elevada exactidão para compensação dos mo-  de grandes fundos.        passa a estar acessível em mostradores digi-

         22  SETEMBRO/OUTUBRO 2003 U REVISTA DA ARMADA
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