Page 312 - Revista da Armada
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A conversão do N.R.P. “D. Carlos I”
A conversão do N.R.P. “D. Carlos I”
a navio hidro-oceanográfico
a navio hidro-oceanográfico
INTRODUÇÃO vimentos devido à ondulação e de um sensor - Estes guinchos permitem operar com
para determinação da proa. Actualmente, o instrumentação científica para recolha de
Os avanços tecnológicos na área da inves- sensor de medição da proa baseia-se em duas amostras a grande profundidade e avalia-
tigação do mar criaram novos sistemas que antenas GPS devidamente orientadas em re- ção de parâmetros fisico-químicos da água
permitem a aquisição de cada vez mais e me- lação ao eixo longitudinal do navio. em tempo real.
lhor informação. Esses sistemas são consti- - O registo da profundidade deste sensores UÊ ÃÌ>>XKÊ`iÊÛ>ÃÊ}ÀÕ>ÃÊiÊ«ÀÌVðÊ
tuídos por equipamentos que têm requisitos é unicamente digital, sendo de elevada quali- - O pórtico de ré será substituído por outro
especificos de instalação por forma a confi- dade, o que permite determinar a morfologia de maior capacidade que está a ser construí-
gurar as melhores condições de desempe- do fundo do mar com elevada resolução. do no Arsenal do Alfeite.
nho. Portanto, torna-se necessário adaptar os - Concomitantemente à informação de ba- - Será instalado um pórtico lateral e res-
navios hidrográficos às condições de opera- timetria é possível a aquisição de dados de pectivo patim para operação de instru-
ção dos modernos sistemas mentação ligeira de ocea-
de aquisição de informação nografia.
hidro-oceanográfica. - A grua existente foi
O N.R.P. “D. Carlos I” substituida por outras duas
chegou a Lisboa em Abril de mais fácil operação.
de 1997. Este navio per- UÊ ÃÌ>>XKÊ`iÊÕ>Êi-
tencia à uma classe de na- barcação de sondagem nova
vios de US Navy (classe T- e respectivo turco.
AGOS), foi lançado à água - A nova embarcação tem
em 1989 e tinha por missão um comprimento de 8 me-
a vigilância do oceano e a tros, boca de 2 metros e ca-
recolha de dados de acús- lado de 0,5 metros, e está es-
tica submarina. Durante a pecialmente concebida para
primeira transformação, a execução de levantamen-
que decorreu entre Abril 98 tos hidrográficos junto à
e Julho 99, o navio sofreu costa ou em portos.
avultadas alterações, com - Esta embarcação foi con-
a aquisição de algumas ca- cebida para operar com um
pacidades hidro-oceanográ- sondador multifeixe de pe-
ficas, mas ficaria aquém dos quenas profundidades.
requisitos necessários num UÊ ÀÀ>Ê`ÃÊÛÃÊ>-
moderno navio de investigação do mar. reflectividade do fundo, os quais permitem boratórios.
gerar uma imagem acústica do fundo. A in- - Os laboratórios estão ser completamente
NOVOS EQUIPAMENTOS formação mais relavante desta imagem é a remodelados por forma optimizar o espaço
possibilidade de identificação de diferentes disponível e facilitar a execução dos traba-
Após a primeira transformação, o navio tipos de sedimentos e estruturas. lhos das equipas técnicas.
efectuou algumas missões no âmbito da hi- UÊ ÛÃÊÃ`>`ÀiÃÊ`iÊviÝiÊëiÃÊ`iÊ UÊ ÀÀ>Ê`ÊViÌÀÊ`iÊ>µÕÃXKÊ`iÊ
drografia e da oceanografia, apenas equipa- hidrografia. dados.
do com os sistemas tradicionais e sem as con- - Destaca-se a instalação de um novo son- - No compartimento dedicado ao centro
dições ideais de operação. Em Outubro de dador de grandes fundos. de aquisição de dados será efectuada a aqui-
2001 iniciou-se a segunda e definitiva fase - Instalação de um Acoustic Doppler Cur- sição de dados dos sondadores acústicos e
de transformação com o objectivo de trans- rent Profiler (ADCP) de grandes fundos. do ADCP, com a possibilidade de instalação
formar o N.R.P. “D. Carlos I” num moderno - O ADCP é um equipamento utilizado na de outros equipamentos.
navio hidro-oceanográfico. A lista de trans- medição de correntes. UÊ ÃÌ>>XKÊ`iÊÕ>ÊÀi`iÊ`iÊ`>`ÃÊiÊ`iÊ
formações é longa realçando-se apenas os - O seu funcionamento baseia-se na emis- um circuito de vigilância e vídeo.
trabalhos mais importantes: são de impulsos acústicos e recepção dos - A rede de dados permite a interligação
UÊ ÃÌ>>XKÊ`iÊÕÊÃÃÌi>ÊÃ`>`ÀÊÕ- respectivos ecos após reflexão por peque- dos computadores do navio, existindo pon-
tifeixe de grandes fundos. nas partículas ou plâncton em suspensão na tos de rede nos camarotes, nos laboratórios
- O sistema sondador de grandes fundos água. O impulso reflectido sofre, por efeito e na sala de aquisição de dados.
destina-se principalmente a cartografar o Doppler, um desvio em frequência propor- - O circuito de vigilância e vídeo permiti-
fundo do mar. Este tipo de sondador efec- cional à velocidade relativa entre as partícu- rá monitorizar os trabalhos no convés pelo
tua a medição de profundidades ao longo de las e o equipamento, o que permite determi- oficial de quarto ou pelo pessoal técnico na
faixas. A largura da faixa depende da abertu- nar a direcção e velocidade da corrente. sala de aquisição de dados.
ra angular do feixe. A faixa útil está limitada - Este equipamento permite estimar o vec- UÊ ÃÌ>>XKÊ`iÊÛÃÊiµÕ«>iÌÃÊ`iÊ
a uma abertura de 120º, centrada no trans- tor corrente, não apenas num ponto da colu- navegação: radares, receptor GPS, sonda,
dutor o que corresponde a uma largura de na de água mas em vários, por divisão desta odómetro, anemómetro e agulha giroscó-
3,5 vezes o fundo. em camadas de profundidade, obtendo-se pica.
- O sistema sondador multifeixe inclui obri- assim um perfil de correntes. - Neste âmbito destaca-se que a informa-
gatoriamente um sensor de movimentos de UÊ ÃÌ>>XKÊ`iÊ}ÕV
ÃÊVi>}À?wVÃÊ ção adquirida pelos sensores de navegação
elevada exactidão para compensação dos mo- de grandes fundos. passa a estar acessível em mostradores digi-
22 SETEMBRO/OUTUBRO 2003 U REVISTA DA ARMADA