Page 263 - Revista da Armada
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perspectiva funcional que conduziu a dois   Os comandos de terceiro nível, que fo-  do Sistema de Forças. Mas a NATO é uma
         subsistemas encarregados respectivamente  ram reduzidos em número e dimensão, as-  aliança política e as expectativas das Na-
         da condução das operações e da coorde-  sumiram definitivamente o seu carácter de  ções são obviamente importantes e exigem
         nação do próprio processo de transforma-  comandos de componente terrestre, naval  compromissos. O que foi encontrado parece
         ção da Aliança; o encontro de uma matriz  ou aérea, contribuindo, de forma flexível  satisfatório e, sobretudo, foi o possível.
         de ligações e depen-                                                                    O Comando de
         dências que permitis-                                                                  Oeiras, agora Quar-
         se a intervenção não                                                                   tel General Conjun-
         só dos vários orga-                                                                    to de Lisboa (JHQ
         nismos de cada sub-                                                                    Lisbon) foi mantido
         sistema mas também                                                                     em Portugal, objec-
         dos do outro simulta-                                                                  tivo nacional primei-
         neamente; a adapta-                                                                    ro, embora artificial
         ção da NCS aos con-                                                                    e politicamente limi-
         ceitos operacionais                                                                    tado em dimensão e
         “Combined Joint Task                                                                   funções. No início
         Force” (CJTF) e, pos-                                                                  das discussões desti-
         teriormente, “NATO                                                                     nado a encarregar-se
         Response Force”,                                                                       somente da prepara-
         ambos eleitos como                                                                     ção e comando da
         verdadeiros moto-                                                                      “CJTF-Sea Based”,
         res da transforma-                                                                     usando a sua vo-
         ção operacional e                                                                      cação marítima de
         no sentido da rele-                                                                    sempre e tornando-se
         vância militar futura                                                                  agora essencialmen-
         da Aliança. A nova                                                                     te expedicionário,
         estrutura de Coman-                                                                    viu posteriormente
         dos foi encontrada e   Estrutura da NATO 1999.                                         enriquecida a sua
         aprovada neste con-                                                                    função com a intro-
         texto em 2003, tendo em vista a sua rápida  e casuística para a geração e comando das  dução da “NATO Response Force – NRF”
         operacionalização que deverá estar termi-  forças constituídas para necessidades con-  em cujo processo de geração, treino, ava-
         nada em 2006.                      cretas e colocadas sob o comando operacio-  liação, certificação e comando foi comple-
           Nasce assim, substituindo o SACLANT, o  nal conjunto de um dos quartéis generais de  tamente envolvido. Não foi ainda possível
         Comando Estratégico para a Transformação  nível superior. Esta função passa a ser con-  retirar as restrições relativas ao seu cresci-
         – SACT e alarga-se o âmbito do SACEUR,  correncial com a dos quartéis generais da  mento físico para que se pudesse equiparar
         que passa a exercer o comando estratégico  NFS que, não sendo parte da NCS, são ofe-  completamente aos dois restantes Quartéis
         de todas as operações através do Strategic  recidos pelas nações e ligados às forças com  Generais Conjuntos mas, estou convenci-
         Command for Operations, do seu Quar-  quem sistematicamente operam e treinam.  do, o futuro da NRF e o sucesso da ac-
         tel General em Mons (SHAPE). Do SACT  Esta  similitude de funções dos Comandos  ção do “JHQLisbon” neste processo, bem
         dependem agora di-                                                                     como a evolução
         versos organismos                                                                      do conceito CJTF,
         e agências ligados                                                                     se encarregarão, no
         à instrução, treino,                                                                   futuro, de destruir
         avaliação, inovação,                                                                   tais limitações. O
         tecnologias, plane-                                                                    JHQLisbon, trans-
         amento de forças,                                                                      formar-se-á em bre-
         etc.. O SACEUR,                                                                        ve em “JFCLisbon”,
         através de três co-                                                                    por força da realida-
         mandos operacio-                                                                       de das coisas, disso
         nais fixos, todos em                                                                    estou convencido.
         Quartéis Generais                                                                      Tendo a seu cargo a
         Conjuntos, terá o                                                                      força expedicionária
         controlo de todas as                                                                   mais pragmática da
         operações em que a                                                                     NATO, a “CJTF-Sea
         Aliança seja envolvi-                                                                  Based”, constitui rá
         da, dentro e fora do                                                                   um dos vectores mais
         espaço geográfico                                                                      importantes da estra-
         aliado, agora sensi-                                                                   tégia “out of area” da
         velmente alargado.                                                                     Aliança Atlântica,
         Os três Quartéis Ge-                                                                   continuan do a arvo-
         nerais sedeados em                                                                     rar a sua bandeira a
         Brussum (JFC Brus-  Estrutura da NATO 2003.                                            alto nível e em ter-
         sum), Nápoles (JFC                                                                     ritório português e a
         Naples) e Lisboa (JHQ Lisbon) exercerão  de Componente da NCS e dos quartéis ge-  ser sede do conceito com que o Ocidente
         o comando operacional das forças, quer a  nerais da NFS sugere que talvez se pudesse  iniciou a era da globalização:  A expedi-
         partir das suas próprias sedes, quer cons-  ter ido mais longe e terminado definitiva-  ção conjunta através do mar.
         truindo quartéis generais expedicionários  mente com os comandos fixos de terceiro                     Z
         segundo os conceitos CJTF e NRF, basea-  nível, acrescentando-se em contrapartida           A. Silva Santos
         dos no mar ou em terra.            alguns Quartéis Generais nacionais à lista                      VALM
                                                                                       REVISTA DA ARMADA U AGOSTO 2004  9
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