Page 299 - Revista da Armada
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um navio a navegar, fazendo-os acom-  mandante Supremo das Forças Armadas,
         panhar algumas das suas tarefas funda-  durante cinco dias.
         mentais ligadas, sobretudo à navegação   Iniciada que foi a adaptação ao navio,
         e, naturalmente, segurança e LA. Os ca-  começou a instrução dos cadetes em fun-
         detes desempenharam funções de adjun-  ção da rotina do navio a navegar e das
         to do Oficial de Quarto à ponte, serviço  classes de cada um. Naturalmente que as
         de telégrafos, leme e vigia, participando  observações astronómicas têm um lugar
         em todos exercícios que foram efectua-  destacado, na medida em que empenham
         dos. Essencialmente trata-se de familiari-  os cadetes da classe de Marinha nas ob-
         zar os alunos com tudo o que é diferente  servações e nos cálculos, mas envolvem
         a bordo: aprender a olhar o horizonte do  todos os outros, que colaboram no con-
         mar com a atenção devida, quer de noi-  trolo dos cronómetros e ajudando nos re-
         te, quer de dia, habituá-los a uma vivên-  gistos horários. É sem dúvida uma activi-
         cia prolongada a quartos, a fazer todas as  dade com um conteúdo formativo bastante
         suas tarefas diárias com o balanço e (para  grande, que ultrapassa o aspecto técnico
         alguns) com enjoo, enfim, foi o seu verda-  da observação e determinação da posição
         deiro baptismo de mar que, certamente,  do navio, para se tornar num trabalho de   Viagem do 2º Ano – O PR com o ALM CEMA.
         não esquecerão.                   grupo que permite a todos a compreensão
           Foram separados em dois grupos e em-  do que está a ser feito e suscita um sentido
         barcados em duas corvetas que tiveram  de colaboração que tem uma importância
         percursos distintos. Vinte quatro alunos  extraordinária.
         no NRP “Baptista de Andrade” saíram da   O navio cruzou o Estreito de Gibraltar
         Base Naval a 19 de Julho, navegando até  a 30 de Julho, rondou a Sicília por Norte,
         Leixões, (onde estiveram dois dias) Lagos  atravessou o Estreito de Messina e entrou
         e Portimão. Aí tiveram ocasião de efectu-  no Mar Jónico, onde aportou a Argosto-
         ar uma pequena visita de porto, voltan-  lion, na ilha de Cefalónica. Aguardava-se
         do ao mar a 25 de Julho. Daí navegaram  o embarque do Dr. Jorge Sampaio que se-
         para Peniche (onde estiveram fundeados),  ria recebido pelo Almirante Chefe do Esta-
         regressando à BNL a 30 Julho. O segundo  do-Maior da Armada. O Presidente da Re-
         grupo, embarcou no NRP “António Enes”  pública acompanhou o espectacular troço
         saindo da Base no mesmo dia 19, nave-  da viagem através do Canal de Corinto, até
         gando para Tróia e depois para Portimão,  Atenas, tendo ocasião de assistir ao que é
         onde se juntou à “Baptista de Andrade”.  uma das mais importantes facetas da for-
         Saiu a 25 para o mar, passando por Se-  mação dos nossos cadetes. Para eles – por   Viagem do 2º Ano – O PR com o Comandante da “Sagres”.
         simbra (fundeado) e Tróia, para regressar  outro lado – a experiência foi única, não só
         à Base no dia 30.                 pela presença do mais alto magistrado da
                                           nação, como pela oportunidade de assistir
         2º ANO – CURSO VALM ALFREDO  à abertura de uns Jogos Olímpicos.
         BOTELHO DE SOUSA                    Largaram de Atenas a 19 de Agosto, em
                                           direcção ao Mar Adriático, chegando ao
           A viagem de instrução do 2º ano assu-  porto de Split na Bósnia-Herzegovina, onde
         miu este ano um carácter completamente  receberam a visita do Dr. Paulo Portas, Mi-
         diferente do que tem vindo a realizar-se  nistro de Estado da Defesa Nacional e dos
         nos últimos anos, efectuando-se na Sa-  Assuntos do Mar, que ofereceu um almoço
         gres e decorrendo durante cerca de mês  a bordo ao seu homónimo croata e a diver-
         e meio num percurso que cruzou o Me-  sas entidades da marinha croata. A costa da
         diterrâneo até à Grécia. As tarefas dos ca-  Dalmácia tem um particular encanto e este
         detes foram cumpridas como é habitual e  caminho, quase sempre à vista de terra, tem
         com as adaptações que a nova reforma da  uma analogia histórica com as mais anti-
         Escola Naval impõe, nomeadamente com  gas navegações mediterrânicas, efectuadas   Viagem do 2º Ano – Alocução do PR à guarnição.
         a aprendizagem de navegação astronómi-  desde há mais de três milénios.
         ca neste ano lectivo. Como se sabe, a Sa-  De Split sairiam para a ilha de Malta (La
         gres é o navio de instrução por excelência:  Valletta) onde a presença dos cavaleiros de
         aquele onde a adaptação ao mar se faz  Rhodes (cavaleiros Hospitalários, hoje da
         nas melhores condições e onde a forma-  Ordem de Malta)  se sente em cada esqui-
         ção marinheira pode assumir um carácter  na e em cada monumento, transpirando
         mais prático e efectivo. E as circunstân-  na história da pequena ilha do Mediterrâ-
         cias deste ano não podiam ser melhores,  neo, que viveu vários séculos no sobres-
         na medida em que o navio teve ocasião  salto de uma fronteira marítima entre o Is-
         de estar presente na abertura dos XXVIII  lão e a Cristandade. Separava-os de casa
         Jogos Olímpicos da era moderna, realiza-  o último troço da viagem. A 14 de Agosto
         dos na histórica cidade de Atenas, berço  entravam em Portimão onde desembarca-
         da civilização europeia e referência cultu-  ram, regressando à Escola Naval.
         ral de toda a humanidade. Acresceu ainda
         o facto de que o Presidente da Repúbli- 3º ANO – CURSO
         ca estabeleceu a sua residência oficial no   GASPAR CORTE REAL
         navio durante a visita que fez à Grécia,
         de forma que os alunos tiveram oportuni-  O 3º ano da Escola Naval (curso Gaspar   Viagem do 2º Ano – O Dr. Paulo Portas recebe o
                                                                                Ministro da Defesa Croata.
         dade de conviver com a presença do Co-  Corte Real) embarcou na Base Naval, lar-
                                                                                REVISTA DA ARMADA U SETEMBRO/OUTUBRO 2004  9
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