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um navio a navegar, fazendo-os acom- mandante Supremo das Forças Armadas,
panhar algumas das suas tarefas funda- durante cinco dias.
mentais ligadas, sobretudo à navegação Iniciada que foi a adaptação ao navio,
e, naturalmente, segurança e LA. Os ca- começou a instrução dos cadetes em fun-
detes desempenharam funções de adjun- ção da rotina do navio a navegar e das
to do Oficial de Quarto à ponte, serviço classes de cada um. Naturalmente que as
de telégrafos, leme e vigia, participando observações astronómicas têm um lugar
em todos exercícios que foram efectua- destacado, na medida em que empenham
dos. Essencialmente trata-se de familiari- os cadetes da classe de Marinha nas ob-
zar os alunos com tudo o que é diferente servações e nos cálculos, mas envolvem
a bordo: aprender a olhar o horizonte do todos os outros, que colaboram no con-
mar com a atenção devida, quer de noi- trolo dos cronómetros e ajudando nos re-
te, quer de dia, habituá-los a uma vivên- gistos horários. É sem dúvida uma activi-
cia prolongada a quartos, a fazer todas as dade com um conteúdo formativo bastante
suas tarefas diárias com o balanço e (para grande, que ultrapassa o aspecto técnico
alguns) com enjoo, enfim, foi o seu verda- da observação e determinação da posição
deiro baptismo de mar que, certamente, do navio, para se tornar num trabalho de Viagem do 2º Ano – O PR com o ALM CEMA.
não esquecerão. grupo que permite a todos a compreensão
Foram separados em dois grupos e em- do que está a ser feito e suscita um sentido
barcados em duas corvetas que tiveram de colaboração que tem uma importância
percursos distintos. Vinte quatro alunos extraordinária.
no NRP “Baptista de Andrade” saíram da O navio cruzou o Estreito de Gibraltar
Base Naval a 19 de Julho, navegando até a 30 de Julho, rondou a Sicília por Norte,
Leixões, (onde estiveram dois dias) Lagos atravessou o Estreito de Messina e entrou
e Portimão. Aí tiveram ocasião de efectu- no Mar Jónico, onde aportou a Argosto-
ar uma pequena visita de porto, voltan- lion, na ilha de Cefalónica. Aguardava-se
do ao mar a 25 de Julho. Daí navegaram o embarque do Dr. Jorge Sampaio que se-
para Peniche (onde estiveram fundeados), ria recebido pelo Almirante Chefe do Esta-
regressando à BNL a 30 Julho. O segundo do-Maior da Armada. O Presidente da Re-
grupo, embarcou no NRP “António Enes” pública acompanhou o espectacular troço
saindo da Base no mesmo dia 19, nave- da viagem através do Canal de Corinto, até
gando para Tróia e depois para Portimão, Atenas, tendo ocasião de assistir ao que é
onde se juntou à “Baptista de Andrade”. uma das mais importantes facetas da for-
Saiu a 25 para o mar, passando por Se- mação dos nossos cadetes. Para eles – por Viagem do 2º Ano – O PR com o Comandante da “Sagres”.
simbra (fundeado) e Tróia, para regressar outro lado – a experiência foi única, não só
à Base no dia 30. pela presença do mais alto magistrado da
nação, como pela oportunidade de assistir
2º ANO – CURSO VALM ALFREDO à abertura de uns Jogos Olímpicos.
BOTELHO DE SOUSA Largaram de Atenas a 19 de Agosto, em
direcção ao Mar Adriático, chegando ao
A viagem de instrução do 2º ano assu- porto de Split na Bósnia-Herzegovina, onde
miu este ano um carácter completamente receberam a visita do Dr. Paulo Portas, Mi-
diferente do que tem vindo a realizar-se nistro de Estado da Defesa Nacional e dos
nos últimos anos, efectuando-se na Sa- Assuntos do Mar, que ofereceu um almoço
gres e decorrendo durante cerca de mês a bordo ao seu homónimo croata e a diver-
e meio num percurso que cruzou o Me- sas entidades da marinha croata. A costa da
diterrâneo até à Grécia. As tarefas dos ca- Dalmácia tem um particular encanto e este
detes foram cumpridas como é habitual e caminho, quase sempre à vista de terra, tem
com as adaptações que a nova reforma da uma analogia histórica com as mais anti-
Escola Naval impõe, nomeadamente com gas navegações mediterrânicas, efectuadas Viagem do 2º Ano – Alocução do PR à guarnição.
a aprendizagem de navegação astronómi- desde há mais de três milénios.
ca neste ano lectivo. Como se sabe, a Sa- De Split sairiam para a ilha de Malta (La
gres é o navio de instrução por excelência: Valletta) onde a presença dos cavaleiros de
aquele onde a adaptação ao mar se faz Rhodes (cavaleiros Hospitalários, hoje da
nas melhores condições e onde a forma- Ordem de Malta) se sente em cada esqui-
ção marinheira pode assumir um carácter na e em cada monumento, transpirando
mais prático e efectivo. E as circunstân- na história da pequena ilha do Mediterrâ-
cias deste ano não podiam ser melhores, neo, que viveu vários séculos no sobres-
na medida em que o navio teve ocasião salto de uma fronteira marítima entre o Is-
de estar presente na abertura dos XXVIII lão e a Cristandade. Separava-os de casa
Jogos Olímpicos da era moderna, realiza- o último troço da viagem. A 14 de Agosto
dos na histórica cidade de Atenas, berço entravam em Portimão onde desembarca-
da civilização europeia e referência cultu- ram, regressando à Escola Naval.
ral de toda a humanidade. Acresceu ainda
o facto de que o Presidente da Repúbli- 3º ANO – CURSO
ca estabeleceu a sua residência oficial no GASPAR CORTE REAL
navio durante a visita que fez à Grécia,
de forma que os alunos tiveram oportuni- O 3º ano da Escola Naval (curso Gaspar Viagem do 2º Ano – O Dr. Paulo Portas recebe o
Ministro da Defesa Croata.
dade de conviver com a presença do Co- Corte Real) embarcou na Base Naval, lar-
REVISTA DA ARMADA U SETEMBRO/OUTUBRO 2004 9