Page 150 - Revista da Armada
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PONTO AO MEIO DIA




                          A Motivação na



                                      Marinha



               m Abril de 2003 o vice-almirante  lação entre os interesses da Instituição e as  mizando como é sua tradição a formação ao
               VICE-CEMA abordou nesta revis-  expectativas e anseios pessoais dos elemen-  longo da vida;
          Eta (1) a problemática da nova Lei de  tos que a constituem. Abordar a Motivação   − Aumentar a possibilidade de obtenção
          Programação Militar (2) (LPM) e aquilo que a  na Marinha significará também considerar,  de equivalências de formação escolar e aca-
          Marinha poderia esperar dela no que respei-  entre outros aspectos, a carreira, em toda a  démica e de certificação profissional;
          ta à renovação da esquadra que se encontra  sua extensão, a formação, nas suas múltiplas   − Incrementar a gestão da competência em
          bastante envelhecida. O propósito declarado  facetas, a realização individual e de grupo, a  detrimento de outras abordagens.
          era o da divulgação interna dos principais  valorização do capital humano da Marinha e   Estes factores, autênticos esteios de mo-
          programas que a Lei previa para a Marinha.  a dignificação da sua própria condição.  tivação aplicada, conheceram uma efectiva
          Isto porquê? Porque a execução da Missão   Certo de que as palavras do vice-almiran-  relação de concretização no elenco de tare-

          da Marinha depende da existência de um  te Pereira Crespo cumprir a Marinha (6)mais  fas que, no âmbito da aludida DSRH, hou-
          “Sistema de Forças Naval” (3), mas, não só, o  não seria hoje que a sua transformação em  ve oportunidade de conceber e que, calen-
          cumprimento da Missão da Marinha depen-  espaço de exercício de capacidades e factor de moti-  darizadamente, vêm sendo desenvolvidas
          de, também, de um outro factor, das pessoas  vação, o ALM CEMA, por intermédio da sua  e realizadas. De facto, de um total de apro-
          que a servem, sejam militares, militarizados  Directiva de Política Naval (7) (DPN), esta-  ximadamente meia centena de tarefas esta-
          ou civis. São elas, os seus conhecimentos e  beleceu como um dos objectivos essenciais  belecidas, cerca de um terço (18) têm a Mo-
          saberes, a sua competência e motivação que  para o seu mandato: Potenciar os Recursos  tivação como objecto de causa, ou relação,
          constituindo o recurso dos recursos, o tal re-  Humanos. Este objectivo, assim enunciado,  enquanto que oito têm a ver directamente
          curso estratégico põe esta imensa máquina,  conheceria a sua evolução através da concep-  com o tema, e, muito especialmente, com a
          que é Marinha, em funcionamento. Por isso  ção de adequadas linhas de desenvolvimen-  pretendida dignificação da carreira naval, com
          o tema que me proponho abordar hoje ser o  to interdepartamental e sectorial, assumindo  os incentivos e o bem-estar.
          da “MOTIVAÇÃO NA MARINHA”.        a Directiva Sectorial de Recursos Humanos   Chegados aqui, é tempo de dar conta,
            É uso ouvir-se que o moral do pessoal está  (8) (DSRH) um papel relevante, pois é ela que  de uma forma necessariamente breve, da-
          para o material como três está para um. O  se ocupa de tudo isto de que se vem falando  quilo que realmente vem sendo feito, quais
          ALM CEMA (4) precisa mesmo que a “vi-  e nesse sentido estabelece linhas de acção a  os principais resultados, não sem antes su-
          tória sobre o material, essencial para a nos-  concretizar em diversas áreas de intervenção  blinhar que todo este trabalho, que cruza
          sa sobrevivência institucional, de pouco ou  (9) e concretamente nesta área da Motivação  transversalmente toda a Marinha e envolve
          nada valerá se não for ganha, pelas mesmas  as preconizadas são seguintes:  mais de meia centena de pessoas e um total
          razões, também, a batalha do pessoal”.  − Promover as medidas que, directa ou in-  de duas dezenas de organismos, só tem sido
            Com efeito de nada servirá o material se  directamente, proporcionem, a cada um dos  possível porque, elas próprias, individual-
          às pessoas faltar competência e motivação  homens e mulheres que prestam serviço na  mente, se encontram altamente motivadas,
          para o operar com a necessária eficiência e  Marinha, um grau de satisfação e realização  reconhecendo nesse seu esforço acrescido
          eficácia. Mas, enquanto a “Competência”  pessoal e profissional que potencialize o seu  mérito e utilidade. Assim:
          (C) de um indivíduo pode ser aperfeiçoada  desempenho e a sua permanência ao serviço,   Em fase adiantada de desenvolvimento
          por recurso a ajustadas acções de formação,  visando a dignificação da carreira naval;  está o estudo da “Monitorização dos fluxos
          a “Motivação” (M) terá sempre um cariz   − Continuar a actuar, interna e externa-  dos quadros especiais” com o objectivo de
          mais aleatório, circunstancial e subjectivo,  mente, no sentido da valorização e maior  manter a sua equidade em classes e catego-
          pois depende dos objectivos particulares e  atractividade dos processos de incentivo à  rias de natureza similar.
          da percepção que cada um faça da utilidade  fidelização e retenção do pessoal, de recom-  Por seu turno, no princípio de 2005, deu -se
          relativa do seu “Desempenho” (D) (5) face  pensa do seu vínculo de desempenho, bem  início ao estudo da “Regularização dos qua-
          àqueles mesmos objectivos.        como de promoção do seu bem-estar.  dros” e do estabelecimento de mecanismos
            Então poder-se-á afirmar que o maior ou   Proporcionar condições para maximizar,  tendentes a assegurar um desenvolvimento
          menor grau de motivação das pessoas será  então, a vontade de servir o país na Mari-  de carreira equilibrado num contexto dese-
          sempre condicionado pelo meio e pelo pró-  nha, garantindo uma adequada satisfação  jado de motivação permanente dos militares
          prio indivíduo e, desta maneira, em qualquer  das suas necessidades, passa, entre outros  e de via para uma afectação funcional mais
          momento haverá pessoas motivadas e satis-  factores, por:            flexível e eficaz, esperando-se para breve a
          feitas e outras desmotivadas e, até, mesmo   − Premiar o mérito, o bom desempenho e  sua conclusão.
          insatisfeitas. Gerir a motivação das pessoas  a dedicação ao serviço;  Para breve está igualmente o arranque
          não é, por conseguinte, uma tarefa fácil, pois   − Valorizar as condições a observar na atri-  do estudo da “Criação do observatório de
          haverá que atender a todo um inventário de  buição das recompensas militares;  higiene e segurança no trabalho”, atra-
          necessidades, interesses e objectivos do pró-  − Implementar medidas concretas que  vés do qual se pretende dinamizar de um
          prio e da organização.            reforcem o gosto de servir no seu elemento-  modo mais sustentado e efectivo a melho-
            Deste modo a MOTIVAÇÃO na Marinha  -força, especialmente nas unidades navais;  ria das condições de prestação de serviço
          resultará sempre de uma equilibrada articu-  − Elevar as qualificações do pessoal, dina-  na Marinha.


         4  MAIO 2005 U REVISTA DA ARMADA
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