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NÃO ESQUECER JOÃO PAULO II


          Os Militares Portugueses e as Forças de Segurança prestaram homenagem de gratidão ao Papa João Paulo II.

                                         “Não tenhais medo”


               a Igreja da Memória em 07                                           aos pobres pois são os pobres a lembrar-
               de Abril de 2005, D. Januá-                                         -nos que é hora de chegar a Paz”.
         Nrio Torgal Ferreira, Bispo das                                          Publicações Dom Quixote  Timor – Leste sabe por experiência como
         Forças Armadas e de Segurança presi-                                      tudo isto não foi uma piedosa aspiração!
         diu a uma solene celebração Eucarísti-                                    No decurso do seu Pontificado (que as For-
         ca de gratidão ao Papa João Paulo II.                                     ças Armadas e de Segurança celebraram
           Concelebraram todos os Capelães da                                      em 16 de Outubro de 2003, no Mosteiro
         área de Lisboa e estiveram presentes o                                    dos Jerónimos) foi tema repetido, qual sigla
         Ministro de Estado e da Administração                                     ou emblema, “ o não tenhais medo”.
         Interna, o Ministro da Defesa Nacional,                                     Este grito, originariamente, foi proferido
         o Almirante Chefe do Estado-Maior Ge-                                     num momento único: tratava-se de “não
         neral das Forças Armadas, Chefes do Es-                                   ter medo” de ser livre numa Europa, onde,
         tado-Maior dos três Ramos das Forças                                      a leste e oeste, por razões totalitárias e por
         Armadas, Comandante Geral da Guarda                                       paradigmas socio-económicos, vigoravam
         Nacional Republicana, Director Nacio-                                     a escravatura e os enfeudamentos.
         nal Adjunto da Polícia de Segurança Pú-                                     E ouço o apelo e o convite: “não tenhais
         blica e representantes de todas as Acade-                                 medo” de construir uma cidade, de rosto
         mias e do Instituto Superior de Ciências                                  humano, edificada pelo direito, banhada
         Policiais e de Segurança Interna.                                         pela fraternidade, onde todos e cada um
                                                                                   tenham um lugar e uma segurança alu-
           D. Januário na sua brilhante refle-                                      miada pelo respeito.
         xão, afirmou:                                                                Não vos deixeis oprimir pela incultura,
           “Na Comunhão do afecto, da respeita-                                    pela irresponsabilidade, pela anarquia de
         bilidade e da fé evoco a Pessoa e o Teste-                                interesses, pelo desrespeito pelas crianças,
         munho do Papa João Paulo II, de quem                                      pelo desprezo para com os idosos, pela in-
         guardo a memória e a convicção que a sua                                  diferença diante da espiritualidade, pela
         morte tornou mais densas.                                                 pressão de um pensamento unidimensio-
           Como esquecer o que o Papa João Pau-                                    nal. “Não tenhais medo” do direito inter-
         lo II nos disse em Roma, em 19 de Novembro de 2000, no Jubileu dos  nacional no tocante à solução dos conflitos, dos critérios éticos do antes,
         militares e policias?                                do decurso e do pós-guerra, da objecção à tirania, da defesa dos sectores
           Volto a essa palavra, que toca o mais vivo do sector que sirvo: “Não é fá-  vários e delicados da vida com tolerância e firmeza.
         cil ser família de um militar porque se devem dividir também os incómodos   O Papa João Paulo II só teve um horizonte: servir e apoiar. A Igreja
         que a sua missão comporta. Todavia a família é o sustentáculo principal de  sem poder mundano e sem cumplicidade com o prestígio é uma forma
         cada um de vós, empenhado na defesa da paz e da vida. Defende-se aquilo  essencial de prosseguir um caminho. Este é o futuro absoluto da Es-
         que se ama, e onde se aprende a amar a paz e a vida senão na família? (…)  perança!
         Caríssimos: também eu sou filho de um militar, pelo que me sinto perto de   Bate-me à porta da memória e do sentido a beleza destas passagens do
         todos vós (…). Saúdo os militares e elementos das Forças de Segurança,  poema de Sofia de Mello Breyner, “Carta aos amigos mortos”:
         vindos de Portugal, implorando a sabe-
         doria e a protecção sobre as suas nobres                                   Eis que morrestes
         missões, para que, apesar do risco, saibam                                 (…)
         transmitir paz e confiança aos familiares                                   Eu vos desejo a paz nesse caminho
         e concidadãos”. Muitos de nós estávamos                                    Porém aqui eu escolhi viver
         lá nesse dia!                                                              (…)
           E o peso e o risco do seu chamamen-                                      Aqui me resta fazer frente
         to serão sempre actuais nas esquinas da                                    Ao rosto sujo do ódio e da injustiça
         história de hoje:                                                          (…)
           “Estai sempre atentos em ordem a cap-                                    E eu vos peço por este amor
         tar e a encorajar qualquer sinal positivo                                  cortado
         da renovação pessoal e social. Estai pron-                                 Que vos lembreis de mim lá onde
         tos a favorecer com qualquer meio a impá-                                  o Amor
         vida edificação da justiça e da paz.                                        Já não pode morrer nem ser
           Caríssimos: obrigado pela vossa co-                                      quebrado.
         rajosa obra de pacificação em países
         devastados por guerras absurdas; obrigado pelo socorro que prestais,                  Lisboa, 07 de Abril de 2005
                                                                                         D. Januário Torgal Mendes Ferreira
         desprezando os perigos, em benefício das populações abrangidas por          Bispo das Forças Armadas e de Segurança
         calamidades naturais”.
           Na altura comentei, desta forma, o clamor de João Paulo II:  (Colaboração da Capelania-Mor)         Z
           “Os pobres de todo o mundo pedem às Forças Armadas e de Segu-  Nota
         rança que fiquem aí, na História, em vigília.         A Revista da Armada agradece a Publicações Dom Quixote a reprodução da capa do livro
           Doravante os lobos não descerão da montanha. A Paz é um serviço   “João Paulo II – Levantai-vos! Vamos!”

         6  MAIO 2005 U REVISTA DA ARMADA
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