Page 152 - Revista da Armada
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NÃO ESQUECER JOÃO PAULO II
Os Militares Portugueses e as Forças de Segurança prestaram homenagem de gratidão ao Papa João Paulo II.
“Não tenhais medo”
a Igreja da Memória em 07 aos pobres pois são os pobres a lembrar-
de Abril de 2005, D. Januá- -nos que é hora de chegar a Paz”.
Nrio Torgal Ferreira, Bispo das Publicações Dom Quixote Timor – Leste sabe por experiência como
Forças Armadas e de Segurança presi- tudo isto não foi uma piedosa aspiração!
diu a uma solene celebração Eucarísti- No decurso do seu Pontificado (que as For-
ca de gratidão ao Papa João Paulo II. ças Armadas e de Segurança celebraram
Concelebraram todos os Capelães da em 16 de Outubro de 2003, no Mosteiro
área de Lisboa e estiveram presentes o dos Jerónimos) foi tema repetido, qual sigla
Ministro de Estado e da Administração ou emblema, “ o não tenhais medo”.
Interna, o Ministro da Defesa Nacional, Este grito, originariamente, foi proferido
o Almirante Chefe do Estado-Maior Ge- num momento único: tratava-se de “não
neral das Forças Armadas, Chefes do Es- ter medo” de ser livre numa Europa, onde,
tado-Maior dos três Ramos das Forças a leste e oeste, por razões totalitárias e por
Armadas, Comandante Geral da Guarda paradigmas socio-económicos, vigoravam
Nacional Republicana, Director Nacio- a escravatura e os enfeudamentos.
nal Adjunto da Polícia de Segurança Pú- E ouço o apelo e o convite: “não tenhais
blica e representantes de todas as Acade- medo” de construir uma cidade, de rosto
mias e do Instituto Superior de Ciências humano, edificada pelo direito, banhada
Policiais e de Segurança Interna. pela fraternidade, onde todos e cada um
tenham um lugar e uma segurança alu-
D. Januário na sua brilhante refle- miada pelo respeito.
xão, afirmou: Não vos deixeis oprimir pela incultura,
“Na Comunhão do afecto, da respeita- pela irresponsabilidade, pela anarquia de
bilidade e da fé evoco a Pessoa e o Teste- interesses, pelo desrespeito pelas crianças,
munho do Papa João Paulo II, de quem pelo desprezo para com os idosos, pela in-
guardo a memória e a convicção que a sua diferença diante da espiritualidade, pela
morte tornou mais densas. pressão de um pensamento unidimensio-
Como esquecer o que o Papa João Pau- nal. “Não tenhais medo” do direito inter-
lo II nos disse em Roma, em 19 de Novembro de 2000, no Jubileu dos nacional no tocante à solução dos conflitos, dos critérios éticos do antes,
militares e policias? do decurso e do pós-guerra, da objecção à tirania, da defesa dos sectores
Volto a essa palavra, que toca o mais vivo do sector que sirvo: “Não é fá- vários e delicados da vida com tolerância e firmeza.
cil ser família de um militar porque se devem dividir também os incómodos O Papa João Paulo II só teve um horizonte: servir e apoiar. A Igreja
que a sua missão comporta. Todavia a família é o sustentáculo principal de sem poder mundano e sem cumplicidade com o prestígio é uma forma
cada um de vós, empenhado na defesa da paz e da vida. Defende-se aquilo essencial de prosseguir um caminho. Este é o futuro absoluto da Es-
que se ama, e onde se aprende a amar a paz e a vida senão na família? (…) perança!
Caríssimos: também eu sou filho de um militar, pelo que me sinto perto de Bate-me à porta da memória e do sentido a beleza destas passagens do
todos vós (…). Saúdo os militares e elementos das Forças de Segurança, poema de Sofia de Mello Breyner, “Carta aos amigos mortos”:
vindos de Portugal, implorando a sabe-
doria e a protecção sobre as suas nobres Eis que morrestes
missões, para que, apesar do risco, saibam (…)
transmitir paz e confiança aos familiares Eu vos desejo a paz nesse caminho
e concidadãos”. Muitos de nós estávamos Porém aqui eu escolhi viver
lá nesse dia! (…)
E o peso e o risco do seu chamamen- Aqui me resta fazer frente
to serão sempre actuais nas esquinas da Ao rosto sujo do ódio e da injustiça
história de hoje: (…)
“Estai sempre atentos em ordem a cap- E eu vos peço por este amor
tar e a encorajar qualquer sinal positivo cortado
da renovação pessoal e social. Estai pron- Que vos lembreis de mim lá onde
tos a favorecer com qualquer meio a impá- o Amor
vida edificação da justiça e da paz. Já não pode morrer nem ser
Caríssimos: obrigado pela vossa co- quebrado.
rajosa obra de pacificação em países
devastados por guerras absurdas; obrigado pelo socorro que prestais, Lisboa, 07 de Abril de 2005
D. Januário Torgal Mendes Ferreira
desprezando os perigos, em benefício das populações abrangidas por Bispo das Forças Armadas e de Segurança
calamidades naturais”.
Na altura comentei, desta forma, o clamor de João Paulo II: (Colaboração da Capelania-Mor) Z
“Os pobres de todo o mundo pedem às Forças Armadas e de Segu- Nota
rança que fiquem aí, na História, em vigília. A Revista da Armada agradece a Publicações Dom Quixote a reprodução da capa do livro
Doravante os lobos não descerão da montanha. A Paz é um serviço “João Paulo II – Levantai-vos! Vamos!”
6 MAIO 2005 U REVISTA DA ARMADA