Page 213 - Revista da Armada
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Ao contrário de muitos, ele está conven- as colocações profissionais, a progressão na no. O destino, sabem bem os mais velhos,
cido que este Cirurgião deixará sempre uma carreira e, nalguns casos mesmo, o sucesso é um ser caprichoso, algumas vezes sorri-
marca indelével na memória comum do económico de alguns versus o insucesso de dente, mas, frequentemente, de uma mal-
Hospital da Marinha (e da Marinha em ge- outros. Meditei, portanto, muito sobre esta dade grotesca. Distraído, permite raramente
ral) – precisamente por ser quem é…Muitos relação, que é diferente, e meditei, muito, histórias improváveis como aconteceu com
vão recordá-lo como médico e cirurgião. sobre este escrito. Achei, em literária coo- esta amizade. Ora espera precisamente o
Outros como grande amigo. Outros ainda, peração com o Candidato, que haveríamos Candidato, com estas palavras simples que
mesmo não gostando dele, o lembrarão, por de transmitir esta amizade de forma pública apenas ajudei a redigir, fugir à tirania de tal
outras razões, que serão do seu foro próprio. e simples. Afinal já o fiz de outras vezes em ser cruel e insensível, que nos diz sem pedir
Ninguém, amigos ou inimigos, será capaz relação a muitos outros militares da Mari- licença o que podemos, ou devemos fazer.
de o colocar na prateleira do cinzentismo nha, cujas histórias, por esta ou aquela ra- É sempre assim quando alguém sacode a
– garante o médico mais jovem – o pior des- zão, me tocaram. Com prenderá então o lei- areia dos sapatos e se agarra a uma ideia,
tino do ser humano. tor atento, que se reconheço num amigo um a uma esperança, enfim, a uma amizade…
Uma genuína amizade entre médicos valor raro e precioso, valorizei ainda mais Espera também que se preencha algum do
(entristece-me dizê-lo frontalmente) é coi- esta amizade por ser entre médicos, parti- vazio, que pressentimos, o seu amigo ain-
sa pouco frequente. A medicina, desde os cularmente, de gerações distintas. da carrega, para que continue na senda de
bancos da faculdade, proporciona uma car- No labirinto desta sucessão de emoções a homem genuíno e de Cirurgião, da forma
reira muito competitiva, alimentada pelas que chamamos quotidiano, nunca deixarei que mais lhe agradar…
exigências do próprio curso. Na vida profis- de me espantar com as voltas do mundo, Z
sional, mais factores agravam a competição: na montanha russa a que chamamos desti- Doc
BIBLIOGRAFIA
A História da Herança e do Legado do
A História da Herança e do Legado do
Grupo N.º 2 de Escolas da Armada
Grupo N.º 2 de Escolas da Armada
o passado dia 20 de Março, na Biblioteca Central, foi apresen- entender, agrupar-se em duas grandes áreas: uma que é a História
tado o livro “A Marinha passou por aqui”, da autoria do CTEN propriamente dita resultante de investigações e que o livro “A Ma-
NMoreira Silva, que se reporta à rinha passou por aqui” é disso
história do Grupo N.º 2 de Escolas da exemplo e outra a proveniente
Armada, sucessor do velho Corpo de da vivência individual que se
Marinheiros e antepassado da actual pode transmitir no conto naval.
Escola de Tecnologias Navais. Pois o Coman dante Moreira Sil-
O Presidente da Comissão Cultu- va, em pouco mais de uma dé-
ral, CALM Leiria Pinto, informou que cada, já apresenta nestas duas
a iniciativa da obra se deve ao CMG áreas uma produção em quan-
Ramos Gouveia, antigo Comandan- tidade e qualidade notáveis.
te do Grupo e referindo-se à biografia Os votos que formulo são para
do Comandante Moreira Silva, após que o Comandante continue a
indicar alguns cargos desempenha- desenvolver estas actividades
dos por este oficial durante a sua car- e que outros sigam o seu belo
reira naval, salientou a respectiva ac- exemplo, permitindo assim que
tividade no campo das letras. a História da Marinha possa ser
Assim, foi sublinhada a sua enriquecida.
colaboração nos Anais do Clu- Seguidamente o Coman-
be Militar Naval onde desde dante Moreira Silva, relativa-
2001 é responsável pela Cró- mente à herança e ao legado
nica de Guerra Electrónica, do Grupo N.º 2, objecto do
tendo recebido os prémios seu livro, disse que a história
correspondentes ao melhor do Grupo confunde-se com a da Marinha nos últimos dois sécu-
conto naval publicado nos los, começando no seu ilustre antecessor, o Corpo de Marinheiros,
Anais em 1999 e 2000. Igual- por onde, durante mais de cem anos, passou praticamente todo o
mente têm sido notáveis os pessoal da Armada e já o Grupo propriamente dito, que juntamen-
seus trabalhos na Revista da te com o seu congénere de Vila Franca de Xira, refletiu uma nova
Armada, entre os quais se des- postura da Marinha em termos de formação, a preocupação de ha-
taca a rubrica “Divagações de bilitar devidamente o pessoal para o desempenho de funções cada
um Marujo”, de que já foram vez mais exigentes. Concluiu esclarecendo que a Escola de Tecno-
publicados 10 contos navais logias Navais se deveu não só a ter-se tornado imperativo aproxi-
da sua autoria e onde foi tam- mar dos navios as estruturas de formação e treino como também
bém distinguido com prémios por razões de racionalização de meios e recursos humanos a uma
relativos à melhor colaboração unificação ao nível das infra-estruturas, concentrando as principais
no ano 2000 e ex-aequo pelo melhor artigo publicado em 2001. actividades de formação numa única unidade.
O Presidente da Comissão Cultural ao terminar a sua exposição Z
disse: os escritos relativos à História da Marinha podem, no meu (Colaboração da Comissão Cultural da Marinha)
REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2005 31