Page 357 - Revista da Armada
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E lá fomos nós, a “mata-cavalos”, dentro  desfazer a tiro de 100 o seu “ovo voador”  “apoio naval” à evacuação – colaboração
         daquela batedeira… Ao fim de cerca de  ou, no mínimo, gritar-lhe via rádio “Fora da-  que o comandante do cargueiro muito nos
         duas horas, totalmente “feitos num oito”,  qui! Esta missão é nossa!”. Mas não podía-  agradeceu – e a velha máxima do salvador
         lá avistámos o “mercantão”, com o qual  mos pensar assim! Afinal, estava em risco  de náufragos “antes ser chamado cem ve-
         estabelecemos comunicações. O sinistra-  uma vida humana e era muito melhor ga-  zes para nada do que uma só vez tarde de
         do podia, finalmente tranquilizar-se, pois a  rantir que a vítima chegaria ao hospital den-  mais”. Feitas as contas, o episódio até tivera
         ajuda tinha chegado.               tro de momentos do que submetê-la a um  um desfecho feliz! Além do mais, saliente-
           Gostaria de dizer que foi mais uma bem-  penoso lanço de mar e, pior do que isso, ao  -se que a vida do marinheiro é feita não só
         -sucedida operação de salvamento da nossa  suplício do transbordo e do desembarque.  de momentos heróicos, mas também destas
         Marinha… No entanto, quando já nos pre-  Decididamente, aquela não era a melhor al-  pequenas inglórias do dia-a-dia.
         parávamos para colocar o bote na água, eis  tura para acender velhas rivalidades…Que   E quanto a salvamentos, creio que a Ma-
         que um terceiro interveniente entra em con-  remédio, pois, tivemos nós senão assistir,  rinha tem ganho bem o seu quinhão, mes-
         tacto com o navio: o piloto do Alouette, in-  impotentes, à chegada do heli, vê-lo pairar  mo naquelas ocasiões em que tem de acudir
         formando que a avaria da sua aeronave esta-  sobre o mercante, içar o doente e, por fim,  aos seus próprios homens. Mas essa é uma
         va resolvida e que, estando já a caminho, se  retirar-se, triunfante, com a sua “presa” no  situa ção tão específica que justifica bem uma
         encontrava muito próximo da nossa posição.  bojo. Só então pudemos iniciar o regresso,  outra história…
         Na sua voz repousada de quem levantara  muito mais tardio do que o inicialmente pre-                  Z
         voo poucos minutos antes não havia a mais  visto, pois, para cúmulo, tínhamos perdido      J. Moreira Silva
         leve suspeita de que, cá em baixo, quase  a “janela” de maré que nos teria permitido               CTEN
         duzentos “marmanjos” tinham vontade de  entrar na Base a horas decentes. Serviram-  Nota
         içá-lo pelo pescoço numa verga de sinais,  -nos de consolo o facto de termos prestado   1  Para quem não sabe: Search and Rescue.




          Polícia dos Estabelecimentos de Marinha
          Polícia dos Estabelecimentos de Marinha

                                Comemoração do 150º Aniversário
                                   Exposição na Casa da Balança



                                                               RESUMO HISTÓRICO

                                                                A origem da actual Polícia dos Estabelecimentos de Marinha (PEM) remonta a
                                                               1854, quando, por decreto de 22 de Novembro desse ano, é aprovado o “Regu-
                                                               lamento para a Direcção, Administração e Polícia da Fábrica Nacional de Cordo-
                                                               aria”. Em 1868, com a criação da Intendência da Marinha de Lisboa, é criada na
                                                               sua dependência a Direcção de Polícia e Fiscalização do Arsenal da Marinha.
                                                                A Polícia da Fábrica Nacional de Cordoaria virá a fundir-se em 1913 com a
                                                               Polícia e Fiscalização do Arsenal da Marinha, entretanto criada em 1858 na de-
                                                               pendência da Intendência da Marinha de Lisboa, dando origem ao Corpo de
                                                               Polícia do Arsenal da Marinha, directamente subordinado à Direcção de Cons-
                                                               truções Navais.
                                                                Em 1946, pelo decreto-lei 36.081, o Corpo de Polícia do Arsenal de Marinha
                                                               passou a designar-se por Corpo de Polícia e Fiscalização dos Estabelecimentos
                                                               de Marinha, sendo em 1956, estabelecidas as equivalências para determinados
                                                               efeitos entre o pessoal do Corpo de Polícia e os militares da Armada.
         Entrega da Medalha Comemorativa ao Almirante CEMA.     Com a extinção da Intendência de Marinha do Alfeite em 1958, e a criação da
                                                               BNL, o Corpo de Polícia e Fiscalização dos Estabelecimentos de Marinha ficou
            ntegrada nas comemorações do 150º aniversário da Polícia dos Esta-  a fazer parte dos meios de que a BNL passou a dispor para efeitos de segurança.
            belecimentos de Marinha (PEM), decorreu na Casa da Balança, no   Com a promulgação, em 1966, do regulamento Interno da BNL, são definidas as
         Iperíodo de 06 a 24JUN05, uma exposição alusiva a esta Polícia.  funções, composição e competência do Corpo de Polícia, ainda que restritas à
                                                               BNL. Como consequência da reestruturação do Quadro do Pessoal Civil do Mi-
            A cerimónia de abertura foi presidida pelo Comandante Naval,   nistério da Marinha em 1970, no qual o Corpo de Polícia se incluía, foram defi-
         VALM Silva da Fonseca, contando com a presença de diversas entida-  nidas pelo decreto-lei 172/71, as atribuições, comando e estrutura.
         des, designadamente o VALM SSM, Presidente da CCM, Director da RA   A militarização do Corpo de Polícia surge por força do decreto-lei 190/75
         e Coman dantes das unidades onde o pessoal da PEM presta serviço,   e são integrados neste corpo o pessoal que desempenhava funções de Guar-
         antigos Inspectores, e demais convidados.             da de Museu e os Mateiros da BNL que; pela natureza das funções e horá-
                                                               rios praticados, eram colocados em situação idêntica à do pessoal militar,
           O ALM CEMA, acompanhado do VCEMA e outras entidades visitou   sendo integrados no Quadro do Pessoal dos Serviços de Polícia e Transpor-
         a exposição em 22JUN.                                 tes da Marinha.
           Nesta exposição, estiveram patentes alguns elementos históricos, arma-  No ano seguinte pelo decreto-lei 282/76, que extingue o Quadro do Pessoal
         mento, equipamento e outros materiais usados ao longo dos tempos, as-  dos Serviços de Polícia e Transportes da Marinha, é criado o Quadro do Pessoal
                                                               Militarizado da Marinha, aproximando mais as condições de serviço do pessoal
         sim como um resumo das principais actividades nas diversas unidades.   militarizado às do pessoal militar.
           Após o encerramento da exposição na Casa da Balança, parte do mate-  Finalmente em 1984, pelo decreto-lei 191/84 de 08 de Junho, o Corpo de Po-
         rial que a compunha foi transferido para o Pavilhão das Galeotas no MM, fi-  lícia dos Estabelecimentos de Marinha passou a designar-se Polícia dos Estabe-
         cando naquele local como exposição temporária de 28JUN a 17JUL05.  lecimentos de Marinha.
                                                                Em 1985 é criado, pela portaria 551/85 de 08 de Agosto, o Centro de Instru-
           Ainda no âmbito destas comemorações foi cunhada uma medalha alu-  ção do Pessoal do Quadro da Polícia dos Estabelecimentos de Marinha, que co-
         siva à efeméride e realizado um Torneio Aberto, que decorreu no CEFA   memora no presente ano o 20º aniversário.
         dias 9 e 15JUN, composto de provas de tiro, atletismo e natação.
           Actualmente a PEM, tem pessoal a prestar serviço na BNL, na UAICM,                                  Z
         no MM, no HM, no IH, no AVG, na DF, na UTITA, na EN e na Rep. de                           Carlos Meireles
         Mil. e Civis da DSP.                                                                       Guarda de 1ª Classe
                                                                                    REVISTA DA ARMADA U NOVEMBRO 2005  31
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