Page 313 - Revista da Armada
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O “Naval Underwater Warfare Center”, da US NAVY,
O “Naval Underwater Warfare Center”, da US NAVY,
certificou a manutenção de torpedos MK46 pela
certificou a manutenção de torpedos MK46 pela
Oficina de Torpedos do Arsenal do Alfeite
Oficina de Torpedos do Arsenal do Alfeite
A helicóptero e 10 por aviões da FAP, com um do trabalho efectuado no Arsenal e do reco-
oficina de torpedos do Arsenal do Alfei-
te, designada actualmente por Área Tec-
desempenho técnico dentro dos parâmetros nhecimento da sua competência para a inter-
nológica de Torpedos Mísseis e Minas normais desta arma.
venção em navios sofisticados, como são os
(ATTM), terminou no dia 23 de Junho o proces- Entre 19 e 23 de Junho passado, após um navios combatentes.
so de certificação da sua actividade de manu- período de intensa preparação interna, a acti- A ATTM, encontra-se actualmente envolvi-
tenção de torpedos MK46. da na preparação para a che-
A ATTM é, actualmente, res- gada dos torpedos pesados
ponsável pela manutenção do Blackshark, que vão equipar
torpedo MK46 mod 5A(S), que os novos submarinos e que
é a principal arma anti-sub- será a mais sofisticada arma
marino da Marinha e da For- de sempre a ser operada pela
ça Aérea, sendo lançada pelas Marinha. Poderá igualmente
fragatas das classes “Vasco da vir a efectuar a manutenção
Gama” e “João Belo”, pelos he- nos mísseis sub -harpoon e das
licópteros Lynx MK95 da Mari- minas de exercício igualmen-
nha e pelos aviões ORION P3 te destinados aos novos sub-
da FAP. A ATTM é também res- marinos.
ponsável pela manutenção dos O actual torpedo MK46 po-
torpedos pesados que equipam derá vir a evoluir para o novo
os submarinos, pela manuten- torpedo MK54, que está actu-
ção dos mísseis Seasparrow que almente a entrar ao serviço nos
equipam as fragatas da classe Torpedo a ser instalado num helicóptero a bordo de uma fragata. EUA, e, como tal, os meios de
“Vasco da Gama” e pela ma- manutenção terão também que
nutenção das minas marítimas MK55. vidade de manutenção do torpedo MK46 foi evoluir em conformidade. Aguarda-se igual-
A actividade de manutenção dos torpedos objecto de uma acção inspectiva conducente mente uma evolução na manutenção dos
MK46 teve início no Arsenal do Alfeite, em 26 à revalidação da sua certificação, realizada mísseis Seasparrow, em paralelo com a entra-
de Maio de 1994, por ocasião do primeiro lan- por 3 técnicos da US Navy. Foram avaliadas as da ao serviço de novas fragatas. Desta forma a
çamento, em águas nacionais, de um torpedo áreas administrativa, de segurança, gestão da manutenção acompanha os desafios coloca-
de exercício pelo NRP “Álvares Cabral”; a capa- qualidade, logística, técnica e de infra-estrutu- dos pela entrada ao serviço de novas armas,
cidade de intervenção nestes torpedos foi prece- ras. Tudo foi observado com o máximo rigor, já que o bom desempenho operacional é in-
dida dum longo período de formação de pessoal desde calibrações, procedimentos técnicos, dissociável dum adequado acompanhamento
técnico do AA e de adaptação das instalações datas de validade de componentes, situações técnico e logístico.
oficinais para a nova arma; a certificação inicial de emergência, armazenamento, etc. A ava-
foi outorgada em Junho de 1995. liação final, das várias áreas analisadas situou- A Área Tecnológica de Torpedos Mísseis e
A partir de 5 de Agosto de 1996, a ATTM pas- -se entre o “average” e o “above average”, isto Minas (ATTM), encontra-se a funcionar desde
sou também a preparar torpedos para serem lan- numa escala de quatro apreciações desde o 1968 no Depósito de Munições Nato de Lis-
çados pelos helicópteros Lynx MK95 e em 1 de “unsatisfactory” a “above average”. boa, situado no Marco do Grilo, a 25 km do
Junho de 1999, foi efectuado o primeiro lança- Como foi demonstrado, na guerra das Alfeite. O início da actividade ocorreu quan-
mento de um torpedo MK46 de exercício por Falkland, onde erros de manutenção do siste- do foi introduzido na Marinha o torpedo anti-
submarino MK44, de origem americana.
um avião ORION P3 da FAP, preparado pela ma de combate de um submarino argentino o Este serviço de manutenção tem raízes his-
ATTM. Estes aviões, que estão operacionais em impossibilitaram de derrubar os navios capi- tóricas que remontam ao final do século XIX,
Portugal desde 1989, passaram assim a dispor tais do oponente, a qualidade das actividades com a introdução dos primeiros torpedos na
da capacidade real anti-submarino. de manutenção de armamento é essencial, Marinha, operados a partir de navios torpe-
Desde 26 de Maio de 1994 foram já efec- não apenas para a segurança de quem o ope- deiros seguindo-se, a partir de 1913, os da
tuados 74 lançamentos de torpedos MK46 na ra em tempo de paz, mas, mais que tudo, de- primeira esquadrilha de submarinos e, em
continuação, os dos “destroyers” da classe
versão de exercício, 50 pelos navios, 14 por terminando a credibilidade da capacidade de “Vouga”, dos anos 40.
dissuasão de uma força naval e o Verifica-se que a Marinha é percursora da
seu sucesso em cenário de crise adopção desta arma, que se viria a tornar, nas
ou de conflito. guerras mundiais seguintes, a que produziu
As actividades de manuten- efeitos mais devastadores no mar.
ção, em particular as efectuadas A invenção do torpedo é consensualmen-
em sistemas mais complexos, te atribuída ao engenheiro britânico Robert
Whitehead e a sua introdução na Marinha
como é o caso deste torpedo, Portuguesa acaba por ser, praticamente, con-
devem ser objecto de uma certi- temporânea do seu inventor.
ficação de qualidade que signifi- O serviço de manutenção de torpedos es-
ca a conformidade com padrões teve estabelecido inicialmente em Paço de
de referência previamente fixa- Arcos, depois nas instalações da Azinheira e,
dos. A certificação agora obtida, finalmente, na actual localização, no Depó-
sito de Munições Nato de Lisboa.
decorrente de auditoria externa,
constitui mais uma demonstra- Z
Oficina de torpedos. Torpedo em manutenção. ção dos padrões de qualidade (Colaboração do Arsenal do Alfeite)
REVISTA DA ARMADA U SETEMBRO/OUTUBRO 2006 23