Page 145 - Revista da Armada
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Instalações da Marinha
Instalações da Marinha
14. A DIRECÇÃO DE FARÓIS
Situada junto à Estrada Marginal, em Paço de Arcos, nas antigas dotado de diversos equipamentos e sistemas retratando o passado
instalações do Grupo de Defesa Submarina da Costa, a Direcção e o presente da sinalização, uma oficina de apoio à reparação e
de Faróis posiciona-se como sentinela vigilante da navegação que manutenção das peças expostas e um auditório. No piso superior
demanda as Barras do Porto de Lisboa, na confluência das águas encontra-se instalada a Central de Faróis, onde são controlados e
do Tejo com as do Atlântico, tendo o Forte e Farol de S. Lourenço monitorizados os faróis da entrada da Barra do Porto de Lisboa
da Cabeça Seca (Bugio) no horizonte. (Raso, Guia, Sta. Marta, S. Julião da Barra, Gibalta e Esteiro) e as
Enquadramento histórico: As primeiras referências ao uso de fo- estações da rede DGPS nacional (Cabo Carvoeiro, Sagres, Porto
gueiras mantidas em pontos conspícuos ou em torres pelas comu- Santo e Faial). No mesmo piso existem ainda as instalações afectas
nidades piscatórias para referência dos navegantes e, mais tarde, ao Núcleo de Formação de Faroleiros da Escola de Autoridade Ma-
pelas irmandades religiosas, remontam ao início do século XVI. A rítima. Em direcção a Este, encontram-se implantados um depósito
primeira estrutura classificável como farol, terá sido mandado eri- de material diverso, um hangar para recolha de embarcações e as
gir em 1528 na foz do Rio Douro pelo Bispo D. Miguel da Silva, oficinas de electrotecnia, motores, decapagem, balizagem, serra-
em S. Miguel o Anjo, junto ao local onde hoje se ergue o farolim lharia, carpintaria e mecânica. Na frente ribeirinha existe um par-
da Cantareira. Existem também referências a um farol mandado que para bóias e equipamentos em manutenção ou beneficiação
erguer pelo Bispo do Algarve, D. Fernando Coutinho, no conven- e a rampa de acesso ao hangar. O Bloco Noroeste congrega ins-
to de S. Vicente, entre 1515 e 1520, e que em 1537, os frades da talações de apoio às infra-estruturas e às aulas práticas dos cursos
Irmandade de Nossa Senhora da Guia terão construído uma torre ministrados na Direcção de Faróis.
para servir de farol. Contudo, só em 1 de Fevereiro de 1758 por Missão, atribuições e meios logísticos: A Direcção de Faróis,
alvará do Marquês de Pombal, passou o serviço de farolagem a membro fundador da IALA ( International Association of Lighthouse
ser uma organização oficial, cometida à Junta do Comércio, na Authorities), é o órgão da Direcção-Geral da Autoridade Marítima
sequência da qual foi ordenada a construção de faróis, dos quais que tem por principais atribuições:
o primeiro foi o de Nossa Senhora da Guia em 1761. - a direcção técnica de todo o assinalamento marítimo nacio-
A responsabilidade pelo funcionamento e manutenção dos fa- nal; o exercício das funções inspectivas a todos os dispositivos de
róis de Portugal, foi posterior e sucessivamente atribuída ao Ser- assinalamento; a emissão de pareceres técnicos sobre projectos de
viço das Alfândegas do Ministério da Fazenda, ao Ministério das assinalamento ou projectos em zonas de servidão; a formação e
Obras Públicas, à Direcção-Geral de Telégrafos e Faróis do Reino, condução técnico-profissional do pessoal faroleiro; a instalação,
à Direcção-Geral dos Correios e Postas do Reino, à Direcção-Geral manutenção e conservação do assinalamento marítimo, com ex-
dos Correios, Telégrafos e Faróis. Só em 1892, por decreto com for- cepção do portuário; o controlo e monitorização dos faróis da en-
ça de lei de 14 de Agosto, é que a responsabilidade sobre os faróis trada da barra do porto de Lisboa; a elaboração de estudos tenden-
foi atribuída ao Ministério da Marinha e Ultramar. tes à adopção de novos materiais e equipamentos; o garante da
Origem: O Serviço de Faróis constituiu inicialmente a 3ª Secção uniformidade das Ajudas à Navegação, em conformidade com as
da 6ª Repartição do Conselho do Almirantado, competindo-lhe o recomendações internacionais; o estudo e criação de zonas de ser-
serviço de iluminação e respectivo material, e o de marcas, balizas vidão de sinalização; o planeamento, programação e execução das
e sinais sonoros na costa do continente e ilhas adjacentes. Em 1907 acções de manutenção, conservação e reparação de todas as infra-
o Serviço de Faróis passou a constituir uma Repartição própria, di- -estruturas afectas aos faróis; o planeamento das “grandes obras”
rectamente dependente da Direcção-Geral da Marinha. nos faróis, em coordenação com a Direcção de Infra-estruturas; o
Com o aumento significativo do número de faróis e dispositivos exercício das funções inerentes ao Núcleo de Formação de Faro-
de assinalamento implantados foi então criada a Direcção de Fa- leiros, sob coordenação da Escola de Autoridade Marítima; a as-
róis, por decreto datado de 23 de Maio de 1924, com o objectivo sessoria à Repartição de Militarizados e Civis na gestão do pessoal
de concentrar numa única entidade a responsabilidade por todas as faroleiro; a realização de acções de cooperação técnico-militar e
Ajudas à Navegação em Portugal Continental e Ilhas, assim como de formação com os PALOP’s e países do Norte de África.
pela gestão do pessoal faroleiro. A Direcção de Faróis tem uma guarnição de 93 elementos, cons-
Em 1926 foram construídos em Caxias, uma oficina, um depó- tituída por 36 militares (5 oficiais, 8 sargentos e 23 praças), 42 mi-
sito de material e um edifício para receber a estrutura organiza- litarizados (10 faroleiros técnicos, 25 faroleiros, 4 troço de mar e
cional da Direcção, mas só vinte anos mais tarde, em 8 de Julho 3 PEM) e 15 civis (6 administrativos, 10 operários especializados e
de 1946, é que a Direcção de Faróis foi transferida para as ins- 3 auxiliares), estando os 30 faróis do Continente guarnecidos por
talações do extinto Grupo de Defesa Submarina da Costa, local 66 faroleiros, os 16 dos Açores por 37 faroleiros e os 7 da Madeira
onde permanece até aos dias de hoje, complementadas em 25 de por 9 faroleiros, num total de 110 homens.
Agosto de 1961, com a inauguração do Edifício do Comando e Para além de diversas viaturas, a Direcção de Faróis tem atri-
da Escola de Faroleiros. buídas as UAM “Guia” e UAM “Sável” e uma semi-rígida, desti-
Infra-estruturas: As instalações da Direcção de Faróis estão divi- nadas às acções de inspecção e de substituição de bóias, amar-
didas em vários blocos. O Bloco situado no extremo Oeste com- ras e poitas.
preende as áreas de apoio ao pessoal (alojamentos, refeitório e sa- A Direcção de Faróis continua a cumprir a honrosa missão de
las de estar), o edifício da Direcção albergando os vários serviços manter acesa a luz que guia o navegante e o encaminha em segu-
e, nas suas traseiras, o Serviço de Transportes. O Bloco Central, rança ao porto de abrigo.
corresponde à área atribuída à vertente oficinal e de reparação de
equipamentos e estruturas, compreendendo, o Pólo Museulógico, (Colaboração da DIRECÇÃO DE FARÓIS)