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Dia da Marinha




            Alocução do Almirante CEMA




              memória da viagem que mudou o Mundo é, desde há mui-  Senhor Ministro da Defesa Nacional,
              tos anos, inspiradora do Dia da Marinha. Foi há quinhentos   Aceitou V. Ex.ª presidir a esta cerimónia, o que muito nos honra. Inter-
         A  e onze anos que Vasco da Gama chegou a Calecute, marco da  preto a sua atitude como de apoio governativo ao prosseguimento das
         Era dos Descobrimentos, da História e do pioneirismo português na  grandes linhas de rumo traçadas para a Marinha. Agradeço, pois, esse
         globalização.                                        estímulo e a disponibilidade de V. Ex.ª para estar aqui presente.
           Este ano comemoramos, também, os 500 anos da batalha naval de   Agradeço, também, a todos: autoridades governamentais; autárqui-
         Diu, a mais importante da nossa história, onde D. Francisco de Almei-  cas; representantes da sociedade civil e militar. A vossa presença nes-
         da afirmou a supremacia naval portuguesa no Índico.   ta cerimónia representa, não só o respeito institucional como também,
           Foi no mar que nos distinguimos de forma ímpar, é nele que reside o  porque não dizê-lo, o carinho pela nossa Marinha, o que nos anima a
         nosso potencial de diferenciação de sempre. Pesa hoje sobre nós a res-  melhor cumprir a nossa missão.
         ponsabilidade de honrarmos essa herança; uma forma de ser e de estar   É neste espírito que festejamos o nosso dia entre Marinheiros, tantas
         que há séculos nos tornou “portugueses do mundo”.    e tão multifacetadas são as actividades que ligam, na história e no pre-
           No Dia da Marinha, festejamos esta epopeia. Mas, mais do que fes-  sente, a cidade de Aveiro ao mar e à vida marítima, aliás bem visíveis
         tejar o que nos é querido e que é importante para o País, devemos pro-  no carácter da sua gente.
         gredir imbuídos do espírito de serviço a Portugal, aos portugueses e   A Capitania de Aveiro foi criada há 172 anos, em 1837, e São Jacinto foi
         à Marinha. Lembramos,                                                               o berço da Aviação Naval,
         também, aqueles que ser-                                                            nos tempos idos de 1918,
         viram esta instituição, cuja                                                        com a edificação do Centro
         história se confunde com a                                                          de Aviação Naval e poste-
         da nacionalidade, e sauda-                                                          riormente com a criação da
         mos os que hoje, com abne-                                                          Escola de Aviação Naval
         gação, coragem, competên-                                                           “Almirante Gago Couti-
         cia e dedicação, continuam                                                          nho”. Daqui partiram mui-
         a engrandecer a Marinha                                                             tos dos que deram “novos
         e o País.                                                                           mundos ao mundo” e aqui
                                                                                             nasceram também muitos
           Ilustres Autoridades                                                              dos que no passado recente
           Oficiais, Sargentos, Pra-                                                          e, ainda hoje, “fainam” no
         ças, Militarizados e Civis                                                          nosso e noutros mares.
         da Marinha                                                                           Todavia, as ligações da
           Distintos convidados,                                                             Marinha à região de Aveiro
         minhas Senhoras e meus                                                              não se confinam apenas aos
         Senhores                                                                            assuntos directamente rela-
           Muitas crises, pessimis-                                                          cionados com o Mar.
         mos, desilusões e dificuldades, aparentemente inultrapassáveis, pas-  A vertente inovadora da região, potenciada pela Universidade de
         saram por nós. Mas o futuro sempre esteve e estará nas nossas mãos.  Aveiro e pelo Pólo do Instituto de Telecomunicações, reconhecidos
         Só com liderança, trabalho, muito trabalho, sentido de serviço e mobi-  símbolos de excelência, tem permitido, desde há muito, uma coopera-
         lização em torno dos desígnios e prioridades nacionais, conseguiremos  ção profícua e uma parceria exemplar no desenvolvimento de soluções
         transmitir valor acrescentado aos vindouros. Digo-o hoje e aqui, porque  tecnológicas de interesse muito relevante para o cumprimento da mis-
         convictamente acredito que muitos, para além da Marinha e dos mari-  são da Marinha.
         nheiros, partilham desta visão. É com esses que temos que contar.   Celebrando Aveiro, este ano, os 250 anos da sua elevação a cidade, é
           Foi com o mar que sempre superámos as nossas “repetidas apoquen-  um dever para a Marinha celebrar aqui o seu dia. Fazemo-lo com mui-
         tações”. Ainda aí está. Pronto a reencontrar-se com os portugueses. Te-  to gosto e honrados pelo convite que nos foi dirigido.
         nho para mim que é uma das mais importantes prioridades nacionais. O   Nesta ocasião, cumpre-me agradecer ao Senhor Presidente da Câmara
         transporte por via marítima representa hoje 90% do comércio Mundial,  Municipal de Aveiro o inexcedível apoio que permitiu trazer a Marinha
         com tendência para aumentar. Pelas águas jurisdicionais portuguesas  a Aveiro. Agradecimento que se estende ao Senhor Presidente da Câ-
         passa 53% do comércio Europeu e 70% das nossas importações. A to-  mara de Ílhavo que, desde a primeira hora, tem colaborado no evento.
         talidade do petróleo e quase 2/3 do gás que consumimos utiliza rotas   À população, gente do mar, que pronta e calorosamente sempre nos
         marítimas relevando bem que a segurança energética nacional depen-  recebe, e que de forma tão natural quanto espontânea tem aderido a es-
         de em absoluto da segurança no mar.                  tas comemorações, um obrigado sincero em nome da Marinha.
           Temos ouvido com atenção eminentes figuras mundiais afirmar que
         o século XXI será o século do mar. De facto, avolumam-se as razões po-  Ilustres convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores,
         líticas, económicas, estratégicas e de segurança, para que o mar se cons-  Sendo indiscutível a decisiva importância do mar para Portugal, torna-
         titua num centro de competição de interesses com relevância jamais ex-  -se evidente a necessidade de proteger os interesses nacionais nas áreas
         perimentada pela humanidade. Quase todos os países serão afectados  marítimas onde possa estar em causa, directa ou indirectamente, a segu-
         naqueles planos e também noutros sectores transversais, numa rede  rança nacional. Esta missão primordial, cometida à Marinha, assume uma
         complexa de interacções.                             dimensão fundamental, não só pela relevância da mesma, mas, também,
           Portugal, como país ribeirinho por excelência, não pode fugir à re-  pela grandeza das áreas de operação e das distâncias envolvidas.
         gra e tem até razões para sentir que se abrem novas e extraordinárias   Os portugueses, de uma forma geral, já identificam o valor da Zona
         oportunidades para se afirmar e desenvolver.          Económica Exclusiva nacional, mas talvez ainda não se tenham aper-
                                                                                        REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2009  5
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