Page 4 - Revista da Armada
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PONTO AO MEIO DIA

SSTI - Um novo paradigma de gestão

do recurso informação

Tradicionalmente, as organizações            da IT Governance, que dão primazia ao ali-    a instalar nas salas de situação dos Co-
       desenvolvem o conjunto de acti-       nhamento das TI com a orientação estra-       mandos de Zona, com os sistemas con-
       vidades que contribuem para o         tégica da organização, não só suportando,     géneres da União Europeia, da NATO e
cumprimento das respectivas missões          mas alavancando a concretização dos ob-       demais actores associados ao Mar, permi-
considerando que é suficiente a disponi-      jectivos organizacionais. Neste contexto,     tirá a fusão da informação de âmbito ma-
bilidade de recursos humanos, materiais      a área de actuação da SSTI desenvolve-se      rítimo e de origem diversa, incrementan-
e financeiros na quantidade e com a qua-      ao longo de cinco vectores de actuação, a     do o conhecimento situacional do espaço
lidade necessárias. Verifica-se, no entan-    saber: a consolidação, o fomento da efici-     de envolvimento marítimo, potenciando
to, que esta visão carece de complemento,    ência na Marinha, o potenciar do C2 ao        a superioridade da informação e a quali-
uma vez que os processos organizacionais     nível estratégico, operacional e táctico.     dade do ciclo de decisão; (II) a conclusão
operacionalizam-se através da gestão de      Para cada um destes vectores existe um        e projecção do Sistema de Informação da
um quarto recurso, de natureza eminen-       conjunto de iniciativas, dos quais se rele-   Autoridade Marítima por todas as Capi-
temente intangível, que é a “Informação”.    vam as que se encontram associadas (I)        tanias e demais entidades da estrutura
Com efeito, e sem que muitas vezes se te-    à operacionalização da estratégia naval,      da AM; (III) a edificação de um sistema
nha disso consciência, é através do pro-     viabilizando o alinhamento estratégico        que permitirá a avaliação dos padrões de
cessamento de diferentes fragmentos de       dos objectivos de toda a estrutura inter-     prontidão da esquadra; (IV) a evolução
informação que se tomam as decisões,         na, a medição e o controlo do caminho         do sistema de informação do Centro de
cujos efeitos condicionam o modo como        trilhado para atingir esses objectivos, e a   Operações Portuárias; (V) e a conclusão
os processos evoluem, com impacte na         concomitante comunicação dos mesmos,          do processo de modernização e automa-
vida das pessoas e das organizações. É       recorrendo à metodologia dos Balanced         tização das ERN.
por demais consabido que a informação        Scorecards; (II) à edificação de uma capa-
certa, obtida no momento certo é contri-     cidade de gestão de programas e projectos       Arenovação da esquadra em curso cons-
buto determinante para uma melhor to-        transversal a toda a Marinha (Enterprise      titui, de igual forma, uma oportunidade de
mada de decisão. O desafio reside na con-     Project Management); (III) à exploração sis-  grande relevância para a SSTI que, em ar-
cretização deste conceito.                   temática de actividades de Business Intelli-  ticulação com a Direcção de Navios e de-
                                             gence que suportará a “descoberta” de co-     mais actores, tem estado amplamente en-
  Em termos da respectiva Lei Orgâni-        nhecimento em agregados de informação         volvida, quer nas actividades associadas
ca, a identificação de “Informação” como      oriundos dos sistemas de informação em        à integração na Marinha das novas uni-
recurso teve na Marinha a primeira ex-       exploração nas diversas áreas funcionais      dades navais, quer no importante projecto
pressão na década de noventa com a vi-       da Marinha; (IV) ao desenvolvimento de        de MLU das fragatas da classe “Vasco da
sionária criação da DAMAG. As lições         uma política para a gestão da informação      Gama” e “Bartolomeu Dias”.
aprendidas desde essa altura, e as evolu-    na Marinha, contemplando todas as fases
ções conceptuais daí decorrentes, deram      do respectivo ciclo de vida; (V) à explo-       Para tal, a SSTI estrutura-se em três di-
origem à DAGI e à DITIC em 2001, cul-        ração de ferramentas de trabalho colabo-      recções, tendo como racional a divisão
minando na criação da Superintendên-         rativo como potenciadores da partilha         funcional das fases de transformação do
cia dos Serviços de Tecnologias da Infor-    do conhecimento, e (VI) ao levantamen-        recurso “Informação” ao longo do seu ci-
mação (SSTI), vertida na recentemente        to da Arquitectura de Referência da Ma-       clo de vida. Assim, existem: a Direcção de
publicada LOMAR (DL n.º 233/2009 de          rinha, contribuindo decisivamente para        Análise e Gestão da Informação (DAGI),
15 de Setembro). Este facto, revelador da    a criação de um referencial ontológico e      a Direcção de Tecnologias de Informação
importância que se atribui na Marinha à      uniformizador do desenvolvimento apli-        e Comunicações (DITIC) e o Centro de
“Informação” como recurso fundamental,       cacional e de exploração da informação,       Documentação, Informação e Arquivo
constitui, simultaneamente, uma oportu-      com a agregação das arquitecturas orga-       Central da Marinha (CDIACM). Reco-
nidade e um desafio. Uma oportunidade         nizacionais, dos processos, da informa-       nhecendo a elevada complementaridade
porque a adopção de um novo paradi-          ção, das aplicações e da infra-estrutura      e transversalidade das actividades ineren-
gma para a gestão daquele recurso, reco-     tecnológica. Este último projecto, a ini-     tes à gestão de informação, a SSTI opera
nhecido como maioritariamente perene e       ciar muito em breve, dará mais coerência      internamente numa estrutura matricial,
transversal a toda a Organização e inde-     e harmonia ao edifício que constitui as TI    sendo a sua gestão assegurada pelo Gabi-
pendente da tecnologia mas amplamente        em toda a Marinha.                            nete de Assessoria ao Superintendente.
alavancado por ela, contribuirá para um
aumento da eficácia do cumprimento da           No âmbito da potenciação da capacida-         Estamos, assim, determinados a, com
missão da Marinha; um desafio, porque a       de de C2 ao nível estratégico, operacional    a adequada dose de realismo, dar conse-
tarefa inerente a todo o processo de reor-   e táctico, salienta-se o incremento da ca-    cução às iniciativas descritas, que julga-
ganização interna, essencial para a edifica-  pacidade de controlo e monitorização do       mos serem sólidos contributos para que se
ção de uma estrutura capaz de responder      Centro de Operações da Rede (CORE) e          atinjam os objectivos superiormente de-
proactivamente e em tempo às exigências      a continuada sustentação e modernização       terminados, contribuindo para que a nos-
nas áreas das TI, é vasta e complexa.        da infra-estrutura tecnológica existente na   sa Marinha continue a ser firme na defesa,
                                             Marinha, como alavanca para (I) o desen-      empenhada na segurança e parceira no
  O modelo de gestão dos serviços de TI,     volvimento do sistema de informação do        desenvolvimento, a bem de Portugal.
agora adoptado, está centrado no ciclo de    COMAR o qual, em rede com os sistemas
vida da informação segundo os princípios                                                                                                     Z

                                                                                                                    A. Gameiro Marques

                                                                                                                                         CALM EME

4 JANEIRO 2010 U REVISTA DA ARMADA
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