Page 7 - Revista da Armada
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Sultanato de Omã, a fim de se abastecer damente se deslocou para a posição reportada, mais tarde, o Rogue alcançava a skiff.
de combustível e mantimentos para a localizando as duas embarcações. O “Rogue” Esta afasta-se da dhow e vendo os sinais
patrulha seguinte. Este país, localizado foi imediatamente accionado, dirigindo-se para do helicóptero para parar acata essa or-
no sul da península arábica, tem cerca o local a fim de interromper o ataque. Nesta al- dem. Com a aproximação do navio, já
de 3 milhões e meio de habitantes num tura a dhow ainda se encontrava a cerca de 50 visual, os tripulantes atiram para o mar
território de mais de duzentos mil quiló- milhas da “Álvares Cabral”, que navegava à má- diverso material incluindo armamento,
metros quadrados. Com uma extensão xima velocidade em seu socorro.Algum tempo enquanto o “Rogue” observa e faz o re-
de costa superior a dois mil quilóme- gisto das imagens, única acção possível
tros e com um clima tradicionalmente numa situação destas. A equipa de bo-
quente, Omã aposta sobretudo no turis- arding é arriada na semi-rígida e direc-
mo de resort, em que as praias, a perder cionada para a skiff a fim de a vistoriar.
de vista, são o principal atractivo. Depois de identificados os indivíduos,
e confirmado já não existir a bordo nem
Dois dias depois, a fragata larga de armamento nem material que permita
novo, como que impaciente em regres- atacar outros navios, é recolhida diversa infor-
sar ao Golfo de Áden e adivinhando o papel que mação de interesse operacional e a skiff é final-
lhe estava reservado. No dia 19 de Novembro, mente libertada. A “Álvares Cabral” regressa ao
já em patrulha no IRTC, o nosso navio recebeu seu sector de patrulha no IRTC com mais uma
a chamada de uma dhow (tipo de embarcação tarefa cumprida!
tradicional desta região), que estava a ser perse-
guida por uma skiff. Na zona encontrava-se um Z
avião de patrulha marítima espanhol que rapi-
(Colaboração do COMANDO NAVAL)
O NRP “Bacamarte” no Duplo Uso
ALDG “Bacamarte” é um navio logístico, sasse a dispor de um meio naval com uma capa- A Marinha Portuguesa, após aquisição de
com uma dimensão adequada à sua fun- cidade de contenção e recolha de quase 100m3 veículos não tripulados de controlo remoto e
ção e de fundo plano, característica essa de HC´s. É de salientar que as adaptações, de com capacidade para efectuar operações na-
que lhe permite ser o único meio naval com ca- forma a potenciar as capacidades de combate vais submarinas (UUV Underwater Unmanned
pacidade para realizar manobras de abicagem a à poluição no mar, tiveram impactes técnicos e Vehicles), proporcionará mais uma capacidade
terra, o mesmo é dizer “dar entrada em terra” e, económicos bastante reduzidos. ao navio, na sua acção militar. A LDG tornar-
posteriormente, sair sem problemas. É extraor- -se-á uma plataforma operacional e estratégica,
dinária a importância que assume nas missões Na verdade, a introdução destas alterações sendo capaz de participar em missões de pes-
que exigem o transporte marítimo e o apoio lo- tornar-se-ia plenamente justificada pelas situa- quisa subaquática, na vigilância de portos e na
gístico necessário, como sejam, mantimentos, detecção de minas marítimas. O uso daquele
munições, tropas e carros de combate. ções reais de catástrofe que ocorreram, tais tipo de veículos suprime a necessidade de pôr
como o “Prestige” e o “Nautila” e, na sequência vidas humanas em risco.
Nos primeiros anos de actividade, a LDG destas valências, este N.R.P. é incluído em exer-
realizou diversas missões de apoio logístico, cícios da Direcção-Geral de Autoridade Maríti- Sublinhe-se que a implementação das duas
em cooperação com outros ramos das Forças ma (DGAM), dos quais destaca-se os exercícios novas capacidades de combate à poluição no
Armadas (FFAA), nas ilhas dos Açores. Pode “MERO 2009” e o “ESPADARTE 2009”. mar e plataforma de transporte dos UUV´s
afirmar-se que este navio constituiu-se como o para a defesa do território nacional, em espe-
único meio de transporte de máquinas pesadas Esta nova missão não esgota, porém, o con- cial, das linhas de tráfego marítimo, dos portos
entre as ilhas, contribuindo assim para o desen- tributo do NRP “Bacamarte” na componente de e canais de acesso, é justificada face aos actu-
volvimento da região insular. actuação da Força Naval. ais conceitos de uma Marinha equilibrada no
conjunto das suas capacidades, visto que pas-
Mas, nos últimos anos, a diversidade de so- sa a dispor de uma plataforma com 55 metros
licitações dirigidas às FFAA exigiram respostas de comprimento capaz de desempenhar um
para as quais a LDG foi implicada e afectada. múltiplo modus operandi pela polivalência dos
A responsabilidade cometida à Marinha, para seus recursos.
o cumprimento do “Plano Mar Limpo”, tam-
bém designado, plano de emergência para o Assim, no plano nacional, assistimos ao para-
combate à poluição das águas marinhas, por- digma operacional de uma “Marinha de Duplo
tos, estuários e trechos navegáveis dos rios, por Uso”, em que a LDG pode ser, simultaneamen-
hidrocarbonetos e outras substâncias perigosas, te, utilizada em acções militares e não militares.
tornou imperativa a adaptação do navio para o A LDG “Bacamarte” ora assume-se, no plano
combate à poluição do mar por hidrocarbone- não militar, como um navio de transporte logísti-
tos (HC´s). co, revelando, neste âmbito, o valioso contribu-
to que pode prestar, enquanto plataforma para
A adaptação implicou a instalação e a mon- transporte de meios de socorro e de ajuda hu-
tagem, a bordo, de equipamento para esse fim. manitária, para a área de catástrofe em território
São quatro cisternas modulares cilíndricas para nacional e de combate à poluição no mar, ora,
armazenamento de resíduos e o sistema de con- no plano militar, como plataforma com capa-
tenção e recolha de HC´s no mar que é, generi- cidade para operar veículos não tripulados em
camente, constituído por um recuperador me- acções de vigilância de portos e para servir de
cânico (V-Sweep) e uma barreira flutuante que base de projecção de forças.
actua, quando instalada lateralmente ao navio,
por intermédio de um braço segmentado, com Z
cerca de doze metros de comprimento.
(Colaboração do COMANDO
Esta adaptação permitiu que a Marinha pas-
DO NRP ”BACAMARTE”)
REVISTA DA ARMADA U JANEIRO 2010 7