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Prémio Nacional da Saúde 2009

Em cerimónia presidida pela Ministra da Saúde, Drª Ana Jor-          PF Jorge Paula/Correio da Manhãtonário da Ordem dos Farmacêuticos entre 1989 e 1995. Licen-
      ge, decorreu no dia 7 de Abril, no Auditório do Infarmed,      ciou-se em 1945 na Faculdade de Farmácia da Universidade do
      a comemoração do Dia Mundial da Saúde.                         Porto, onde concluiu também o doutoramento, em 1966. Entrou
  Nesta cerimónia, que contou com a presença do Director-Ge-         para a Marinha aos 24 anos, em 1946, como farmacêutico naval,
ral da Saúde e repre-
sentantes das Ordens                                                                                                   onde permaneceu du-
Profissionais, foi en-                                                                                                 rante 43 anos, tendo
tregue o Prémio Na-                                                                                                    dirigido a classe dos
cional da Saúde 2009                                                                                                   oficiais farmacêuticos
ao Professor Doutor                                                                                                    e ocupado o cargo de
Carlos Silveira.                                                                                                       Sub-director do Ser-
                                                                                                                       viço de Saúde Naval.
  Esta distinção é                                                                                                     Esteve, ainda, duran-
atribuída anualmente                                                                                                   te 13 anos ligado ao
pela Direcção-Geral                                                                                                    Ministério da Saúde
da Saúde (DGS), des-                                                                                                   e outros 24 como pro-
de 2006, a persona-                                                                                                    fessor e investigador
lidades que tenham                                                                                                     universitário na Fa-
contribuído para a                                                                                                     culdade de Farmácia
“obtenção de ganhos                                                                                                    da Universidade de
em saúde ou para o                                                                                                     Lisboa.
prestígio das organi-
zações no âmbito do                                                                                                       Salienta-se ainda
Serviço Nacional de                                                                                                    a sua intervenção na
Saúde”. Pela primeira                                                                                                  génese do Laboratório
vez, o prémio foi con-                                                                                                 de Análises Fármaco-
cedido a um farma-                                                                                                     Toxicológicas da Ma-
cêutico, o CMG FN Ref. Professor Doutor Carlos Silveira, tendo                                                         rinha, bem como na
sido na ocasião realçado o exemplo de cidadania e competência,       Comissão Técnica dos Novos Medicamentos, na implementação
caracterizado por larga e profícua carreira docente e de investiga-  de farmácias hospitalares, na criação da Ordem dos Farmacêu-
ção, a que juntou um importante contributo para a saúde pública,     ticos e no Centro de Metabolismos e Genética da Universidade
quer no âmbito castrense, quer no da sociedade civil.                de Lisboa.

  O Professor Doutor Carlos Fernando Costa da Silveira foi bas-                                                                                      Z

                                                                                                   (Colaboração da DIRECÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE)

VIGIA DA HISTÓRIA                                                                                     21

A Agulha Fixa II

Adeterminação da Longitude no mar constituiu, desde o                  - Regimento do que há-de fazer o Piloto que for à Índia na nau
        início da navegação oceânica, um dos principais proble-      Holandesa.
        mas com que os navegadores se depararam.
  Inicialmente grande número das soluções apresentadas basea-          Este último Regimento, a que em breve se voltará, significa que
vam-se, erradamente, no conceito de que as linhas isogónicas         o invento iria ser testado numa viagem à Índia.
eram paralelas aos meridianos terrestres, conceito este que, logo
na 1ª metade do séc. XVI, D. João de Castro teve oportunidade,         O facto de não haver qualquer outra notícia sobre o assunto
de experimentalmente, demonstrar não ser correcto.                   faz admitir que, como é natural, a experiência não tivesse logra-
                                                                     do êxito.
  Apesar disso, Luís da Fonseca Coutinho, em 1608, apresentava
ao Rei, em Madrid, um seu invento, a Agulha Fixa, que permitia         Não eram ainda decorridos 50 anos e outro inventor, Jerónimo
determinar a Longitude.                                              Osório da Fonseca, surgia com uma nova Agulha Fixa e, mais uma
                                                                     vez, foi lograda a aprovação oficial já que, em 1652, o inventor
  O invento logrou a aprovação régia, tendo o Rei determinado        seguiu para a Índia para testar o invento. Muito provavelmen-
que o inventor fosse para Sevilha ensinar os pilotos no seu uso e,   te terá ficado, ou morrido, na Índia, já que é ao piloto Manuel
depois, para Lisboa ensinar aos pilotos das naus da Índia.           André que, em 1654, foi dada a incumbência de testar o equipa-
                                                                     mento na viagem de regresso ao Reino muito provavelmente na
  Também o cosmógrafo-mor João Baptista Lavanha terá sido            “Santíssimo Sacramento da Trindade”.
convencido da validade do invento pois, logo a 16 de Março,
elaborava:                                                             Em 18 de Março de 1565, o piloto, em reunião do Conselho Ul-
                                                                     tramarino, afirmava que o invento não tinha qualquer utilidade
  - o Regimento das Agulhas Fixas de Luís da Fonseca Coutinho        e que se tinha partido durante um combate havido.
e o Regimento do Instrumento para saber por ele a altura a qual-
quer hora do dia que haja sol.                                                                                                                       Z

  A análise do invento terá prosseguido, aparentemente com a                                                                   Com. E. Gomes
aceitação do cosmógrafo já que este, em Janeiro de 1610, produ-
ziu dois novos documentos sobre o assunto:                           Fontes:
                                                                     Man. 51-VII-II Biblioteca da Ajuda
  - Uso do instrumento das duas Agulhas, uma Fixa e outra Re-        Livro das Monções 23-A
gular;                                                               Cx 40 Índia Arquivo Histórico Ultramarino
                                                                     Cód. 1465 Arquivo Geral de Simancas.

                                                                     REVISTA DA ARMADA U MAIO 2010 29
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