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VIGIA DA HISTÓRIA 26
SOLDADOS DA ÍNDIA
Baltazar do Couto Cardoso, nascido no Rio de Janeiro por volta
de 1681, logo que completou a idade de 18 anos saiu de casa taleza, sendo frequente, por forma a prevenir quaisquer actos hostis,
do pai, João deAbreu Oliveira e embarcou para o Reino, como que efectuasse rondas nas praias de Ragaçaim.
tantos outros jovens, em busca da fortuna e da aventura.
Em 12 de Maio de 1714, ao fim de 12 anos 8 meses e 13 dias de
Pouco após ter chegado a Lisboa alistou-se, como soldado, para serviço militar, foi desmobilizado e, tal como a grande maioria dos
servir na Índia para onde deverá ter seguido em 1700, provavelmen- soldados desse tempo, requereu a atribuição de uma mercê para
te, na nau S. Pedro Gonçalves. o que, forçosamente, terá apresentado as certidões comprovativas
dos serviços prestados.
A nau levava reforço de soldados para Moçambique e para a Ín-
dia sendo, no entanto, muito poucos os que naquele ano chegaram O pedido de mercê foi analisado na Índia, em 17 de Dezembro
à Índia, porquanto dos cerca de 250 soldados embarcados 117 mor- de 1714, onde terá tido boa aceitação sendo, por isso, enviado para
reram na viagem e muitos outros foram deixados em Moçambique o Reino. Por despacho real de 8 de Março de 1718 foi-lhe concedida
certamente doentes. a mercê do passo de Pangim, por um período de 6 anos, cargo que
poderia renunciar nos seus filhos e na falta deles em quem quisesse.
O nosso protagonista terá sido um desses soldados desembar- Enquanto não entrasse na posse da mercê dever-lhe-ia ser pago, na
cados em Moçambique, sabendo-se que ali prestou serviço na res- alfândega de Goa, um xerafim por dia para seu sustento.
pectiva fortaleza.
A esta altura já o eventual leitor se terá questionado qual o espe-
Terminado o período de serviço em Moçambique ou, o que tam- cial interesse ou singularidade, que a história deste soldado terá re-
bém é possível, já restabelecido, seguiu viagem para a Índia em data lativamente à de tantos outros soldados da Índia.
que não se apurou.
Na verdade a história do soldado Baltazar do Couto é única, e
Em 1705 já se encontrava na Índia sendo um dos soldados que assim se terá mantido até aos nossos dias, pois este soldado era na
integraram a força com que o Vice Rei Caetano de Melo e Castro, realidade uma mulher, Maria Ursula de Abreu e Lencastre cuja ver-
em Julho desse ano, atacou e destruiu a fortaleza de Amoná, sendo dadeira identidade terá sido conhecida em 1714 constituindo, talvez,
Baltazar do Couto um dos primeiros soldados que, com grande ris- o motivo da sua desmobilização.
co de vida, entrou na fortaleza inimiga.
Em data que se desconhece, mas que admite se situar entre 1714
Poucos meses depois, ainda nesse mesmo ano, participou no cer- e 1718, a nossa heroína ter-se-á casado com Afonso Teixeira Arrais
co e destruição de duas fortalezas em Bicholim que, sob a chefia de de Melo, capitão da fortaleza de S. João Baptista, em cuja compa-
Glema Saunto, se haviam revoltado contra os portugueses, também nhia servira em Chaul.
nestas acções o nosso herói se portou com grande valor, tal como na
defesa dos muros de Tevin contra as investidas de revoltado Glema Cabe pois a Maria Ursula de Abreu e Lencastre a primazia no alis-
Saunto que pretendia ocupar as terras de Bardez. tamento de mulheres nas Forças Armadas portuguesas.
Em 1706, certamente devido ao valor demonstrado em comba-
te, foi nomeado cabo do baluarte Madre de Deus da fortaleza de Com. E. Gomes
Chaul.
Fontes:
Durante a permanência em Chaul novamente se houve com gran- Caixa 109, Índia, Arquivo Histórico Ultramarino
de valor em todas as ocasiões em que o inimigo tentou atacar a for- Gazeta de Lisboa de 31 Março 1718
História de Goa, Padre Gabriel Saldanha
CONVÍVIOS
GRUPO AMIZADE MARINHEIROS VOLUNTÁRIOS DE 1990 – 20 ANOS
DO CONCELHO DE ESPOSENDE
l Para come-
l Realizou-se em morar os 20
1 de Maio, o con- anos de Ma-
vívio anual do rinha, a in-
Grupo Amizade corporação”
Marinheiros do Voluntários
concelho de Es- de 1990”, rea-
posende. lizou no pas-
sado dia 19
Este ano come- de Junho, um
morou-se também almoço-convívio na Quinta do Porto da Ramagem, Coina. Estive-
o 25º Aniversário ram presentes 89 Filhos da Escola de 90, muitos dos quais já na vida
da Colectividade, civil. O evento começou com uma pequena cerimónia na capela da
realizando-se al- Quinta, dirigida pelo Capelão Santos Oliveira da ETNA, na qual
gumas actividades para assinalar a data. recordou-se o “Filho da Escola” já desaparecido, Cabo R Oliveira.
Foi editado um livro pela Comissão, versando o trajecto deste Seguiu-se a fotografia de grupo, e depois veio o desejado repasto,
Grupo de Marinheiros desde a sua Fundação, sendo também gra- concluído com o bolo de aniversário e o cantar dos parabéns.
vado um CD sobre as actividades desenvolvidas pela Armada.
As comemorações terminaram em 1 de Maio com um almoço- Recordar a recruta, rever camaradas, reviver momentos e outras
-convívio no Hotel “Suave Mar”, em Esposende. passagens marcantes nos nossos primeiros tempos de Marinha, foi
Foi indigitada uma Comissão da Vila de Apúlia para o ano 2011. assim evocado num ambiente fantástico de alegria, camaradagem
e amizade.
Revista da aRmada • NOVEMBRO 2010 31