Page 28 - Revista da Armada
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N.R.P. “JACINTO CÂNDIDO”
40 ANOS a servir Portugal
Uma data a recordar e devastador sismo, que atin- COMANDANTES
giu de forma particularmente
O passado dia 16 de Junho, para a maioria que lê estas linhas, não foi mais violenta as ilhas Terceira, S. CTEN Vitor Manuel Trigueiros Crespo 16JUN70-20JAN73
que uma data no calendário. No entanto, para o N.R.P. “JACINTO CÂN- CTEN Eurico N. C. Marques Pinto 20JAN73-10FEV75
DIDO” foi dia de aniversário. Podia ser apenas mais um Dia da Unidade,
não fora o facto de este ano comemorar o seu quadragésimo aniversário. Jorge e Graciosa, provocando CTEN João António Jorge Mendes 10FEV75-07MAI76
Efectivamente, a 16 de Junho de 1970 o N.R.P. “JACINTO CÂNDIDO” foi graves danos materiais, dei- CTEN José Manuel Oliveira Monteiro 07MAI76-13JAN78
aumentado ao efectivo dos navios da Armada. xando sem abrigo nem have- CTEN António Sadler Simões 13JAN78-19FEV79
CTEN José Alexandre Duarte Reis 19FEV79-04JUN80
O N.R.P. “JACINTO CÂNDIDO”, é o segundo da série de seis corvetas da
classe “João Coutinho” e foi construída nos estaleiros da BLOM & VOSS res alguns milhares de pessoas CTEN Carlos Manuel Hipólito Caroço 28JUN80-12MAR82
AG, em Hamburgo, na Alemanha, sob planos de concepção inteiramente e enlutando muitas famílias CTEN Luís Gonçalves M. Bilreiro 23ABR82-12NOV84
nacionais, de autoria do Contra-Almirante Engenheiro Construtor Naval açorianas. CTEN António Manuel V. M. de Sá 12NOV84-18OUT85
Rogério d’Oliveira. Curiosamente, as três corvetas que aquele estaleiro CTEN Joaquim F. A. P. Villas-Bôas 28OUT85-04NOV86
construiu, foram os primeiros navios de guerra destinados a uma Marinha
de Guerra estrangeira após a 2ª Guerra Mundial. Dada a excepcional qua- De entre as unidades CTEN António Carlos Rebelo Duarte 04NOV86-05NOV87
lidade do projecto, a classe “João Coutinho” deu origem a várias outras militares que pronta e abne- CFR Mário Ceriaco Dores Sousa 27ABR90-24JAN92
classes de navios, inclusive utilizadas por outras marinhas: classe “Baptista CFR Carlos F. G. Bandarra Branco 24JAN92-10DEZ93
de Andrade”, classe “Descubierta” (Espanha, Egipto e Marrocos), classe
“Espora” (MEKO 140) (Argentina) e classe “D’Estienne d’Orves” (A-69) gadamente desencadearam CTEN José Carlos do Vale 10DEZ93-27SET95
(França, Argentina e Turquia). imediatas acções de socor- CTEN Nuno J. Faria de Mendonça 27SET95-17SET97
ro às populações atingidas, CTEN João Luís Vieira Pereira 17SET97-01OUT99
Missões CTEN Mário José Simões Marques 01OUT99-21NOV00
Ao longo de 40 anos as missões desempenha-
das foram muitas e de natureza distinta. De destacou-se o N.R.P. “Jacinto CTEN João Afonso M. Coelho Gil 26NOV03-11OUT05
1971 a 1975 participou em diversas missões nas Cândido” pela dedicação e em- CTEN António J. D. Costa Canas 11OUT05-12JUN07
antigas províncias ultramarinas portuguesas de penhado esforço de toda a sua CTEN Alexandre J. Gamurça Serrano 12JUN07-16MAR09
Moçambique, Guiné e Cabo Verde. A valência
operacional proporcionada pela capacidade de guarnição em apoio aos sinistrados da ilha de S. Jorge. Tendo recebido ordens
alojamento, a par do seu reduzido calado, permi-
tia-lhe operar nos rios de maior caudal e braços de mar daquelas provín- imediatamente após a ocorrência do sismo para aprontar e seguir para Angra
cias, servindo de plataforma de apoio a operações anfíbias levadas a cabo do Heroísmo, fê-lo apenas em cerca de meia hora, graças à abnegação e espírito
por Fuzileiros embarcados. O parque do heli que actualmente está apenas
certificado para a realização de reabastecimento vertical (VERTREP), era de missão de toda a sua guarnição, sendo o primeiro meio exterior à ilha que ali
naquela altura outra mais valia.
A partir de 1975 tem operado nas águas de interesse nacional, nomea- chegou com socorros e garantiu, nas primeiras horas, as necessárias comuni-
damente no desempenho de missões de busca e salvamento, vigilância e
fiscalização das águas territoriais e da Zona Económica Exclusiva. cações. Seguindo para S. Jorge ainda no mesmo dia, recolheu a bordo os feridos
Também a nível internacional a “Jacinto Cândido” tem sabido honrar os e desalojados de várias fajãs que então estavam sem ligações terrestres, tendo
compromissos assumidos por Portugal, destacando-se: prestado cuidados médicos e transportado muitas dezenas de pessoas. Nesta
-EmMaiode2006apatrulhaConvençãoparaaCooperaçãoMultilateralde
Pescas no Atlântico Nordeste (NEAFC) e no Atlântico Noroeste (NAFO); missão humanitária, manifestou toda a guarnição do navio inesgotável espírito
- Em Agosto de 2007, a sua integração na operação “Hera II - 2nd Stage” de sacrifício e solidariedade humana, suportando sem desfalecimento a adversi-
na área do Senegal, no âmbito do projecto de controlo de imigração ilegal dade do tempo e a dureza do esforço exigido.
FRONTEX da União Europeia.
A longevidade associada ao baixo custo de operação conjugando a diversi- Continuou a unidade até 29 de Fevereiro de 1980 a sua eficaz e persistente
dade e flexibilidade de emprego fazem com que os navios desta classe pos- acção de apoio a S. Jorge concretizada através de inúmeras missões de trans-
sam ser considerados um projecto de sucesso. No actual contexto de Mari- porte de passageiros, de géneros de primeira necessidade e de material para a
nha de duplo uso, a “Jacinto Cândido” tem igualmente desempenhado um
importante papel de serviço público e apoio às populações, nomeadamente reconstrução ou para imediato auxílio aos desalojados, deste modo contribuin-
em situações de emergência e catástrofe. Neste particular, pela relevância do de maneira benéfica, pela sua presença e pela sua exemplar actividade para a
dos actos praticados e significado das palavras proferidas, transcreve-se na
íntegra o Decreto n.º 55/80 publicado no Diário da República n.º 176 de 1 manutenção do elevado moral das populações atingidas.
de Agosto de 1980: Considerando o notável esforço desenvolvido, o espírito de missão e de sacri-
“Em 1 de Janeiro de 1980 foi o arquipélago dos Açores assolado por um violento fício, a excepcional resistência e sentido de abnegação de que deu sobejas provas
a guarnição do N.R.P. “Jacinto Cândido” no auxílio aos sinistrados da ilha de
S. Jorge, aquando do abalo sísmico de 1 de Janeiro de 1980; Considerando o que
dispõem os artigos 24.º e 68.º do regulamento da Medalha Miliatr e das Meda-
lhas Comemorativas das Forças Armadas, aprovado pelo Decreto n.º 566/71,
de 20 de Dezembro:
O Presidente da República decreta, nos termos do artigo 32.º do mesmo
diploma, o seguinte:
Artigo único. O N.R.P. “Jacinto Cândido” é condecorado com a medalha de
ouro de serviços distintos.
Assinado em 16 de Julho de 1980.
Publique-se.
O Presidente da República, António Ramalho Eanes.”
Há 30 anos atrás, numa altura em o conceito de DISTEX ainda nem era
uma miragem, a “Jacinto Cândido”, conseguiu de forma natural e intuitiva,
aplicar todos os actuais princípios associados às missões de apoio humani-
tário. Actualmente, o N.R.P. “JACINTO CÂNDIDO” encontra-se em fase
final de fabricos; nesta acção de manutenção o navio sofreu profundas alte-
rações. Entre outras, destacam-se as seguintes intervenções:
- Substituição dos motores auxiliares por 3 novos geradores “Volvo Penta”;
- Revisão profunda dos motores principais;
- Melhoria dos espaços habitacionais;
- Substituição de cerca de 80% da chapa do costado.
Perspectivando integrar novamente o dispositivo naval será expectável
que a “Jacinto Cândido” possa para o futuro continuar a honrar a Pátria
através da Marinha.
(Colaboração do N.R.P. “JACINTO CÂNDIDO”)
28 JANEIRO 2011 • REVISTA DA ARMADA