Page 2 - Revista da Armada
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PONTO DE APOIO NAVAL DE TRÓIA
(PANTROIA)
A“Convenção Administrativa” as- A primeira guarnição das INT, integra- ISPA, ocorrido em Junho de 2003. Curio-
sinada em 16 de Janeiro de 1960 da no Comando da Defesa Marítima do samente, a “Chuva na Areia”, uma das
pelos Ministros da Defesa da Ale- Porto de Setúbal, foi aprovada por Despa- primeiras telenovelas exibidas pela RTP
manha e de Portugal constituiu um reforço cho do Almirante CEMA, somente em 26 em 1985, realizada por Nuno Teixeira, foi
das relações militares entre os dois países e de Janeiro de 1988, e era constituída por filmada nas INT, onde o cenário da vila
aplicava-se principalmente à utilização re- um oficial e doze praças, com tarefas atri- piscatória da “Nova Galé” emoldurou o
cíproca de instalações militares, armazena- buídas e divisão de serviço diárias. impacto crescente do turismo no quoti-
gem de reservas de guerra alemãs em Por- diano dos seus habitantes nos anos 60.
tugal, produção e aquisição de materiais de Pela sua excelente localização, e espe-
guerra de interesse comum e apoio mútuo cificidade da envolvente geográfica, no- As actuais instalações passaram a ser
administrativo. As diversas negociações meadamente o Rio Sado e toda a costa da classificadas como Ponto de Apoio Naval
de cariz classificado que posteriormente Península de Tróia que permite o desem- (PAN) do tipo I / categoria B por via do
foram conduzidas pela Comissão Mista barque de forças e meios dos Fuzileiros Despacho do Almirante Chefe de Estado-
Luso-Alemã (CMLA), com a delegação para as acções de treino em Pinheiro da -Maior da Armada, nº44/00, de 12 de
portuguesa chefiada Cruz, desde cedo se constatou que aquele Setembro, constituindo uma importante
pelo Almirante Sousa local constituía, não só uma alternativa es-
Uva, concluíram, apesar sencial à Base Naval de Lisboa no apoio às infra-estrutura da Mari-
de “alguns inconvenientes, unidades navais em missão SAR na zona nha situada no estuário
mas também vantagens” centro, mas também uma área de excelên- do Sado. Dispõe de uma
da necessidade de se cia ímpar para as actividades de treino, de- área de 6,5 hectares, com
transformar a Base Aé- signadamente das operações anfíbias e de um cais de 230 metros
rea nº 11 de Beja numa mergulhadores. Por esse facto o Pantróia de comprimento dispo-
grande base para repara- passou a ser utilizado como base de apoio nível para navios até 8
ção de aviões e facilida- logístico em múltiplos exercícios navais, a metros de calado, e onde
des de instrução de voo nível nacional e aliado, como é o caso dos se situam 2 hangares de
rasante. Relativamente exercícios da série “Lusíada”, ”Contex- grande dimensão, aloja-
à utilização de instala- -Phibex”, e nalgumas edições dos exercí- mentos, sanitários, bom-
ções portuárias a CMLA cios “Linked Seas” no âmbito NATO, e ba de combustível, áreas
concluiu que o porto de “Open Gate 90” com a marinha inglesa, e exteriores para guarda
Setúbal, a necessitar de ainda em várias edições do exercício “Gale- de material, e edifício ad-
melhoramentos e por ser ra” realizado em parceria com os fuzileiros ministrativo.
o mais próximo de Beja, americanos que integravam a “Marine Ex-
seria o mais indicado peditionary Unit” da força permanente do Desde o passado
para a materialização do Mediterrâneo. que as facilidades resi-
interesse alemão. No entanto, e consideran- dentes nesta infra-es-
do a maior facilidade de construção de es- Complementarmente, e na sua verten- trutura têm sido utili-
tradas e caminho-de-ferro necessários para te de utilidade pública, têm sido as ins- zadas para actividades
a ligação com a Base de Beja, foi escolhida a talações do Pantróia utilizadas para fins do Centro de Treino de Sobrevivência da
Península de Tróia para o estabelecimento lúdicos e recreativos por variados agru- Força Aérea, e base temporária de treino
deste entreposto alemão. pamentos e delegações de escuteiros pro- das Unidades de Fuzileiros e Mergulha-
venientes de várias regiões do Continente dores, Unidades Navais executando ac-
É assim que nasce a ideia de se cons- e Ilhas, bem assim como base para traba- ções de treino sob a égide da Flotilha, e
truir as “Instalações Militares na Península lho de investigação de biologia marítima ainda do Corpo de Alunos da Escola Na-
de Tróia”, posteriormente designados por realizada pelo Universidade Lusófona / val. Complementarmente, o hangar Sul
“Instalações Navais de Tróia (INT)”, e que tem sido utilizado para a guarda de ma-
foram entregues ao Ministério da Marinha, terial do serviço de Combate à Poluição
em 20 de Junho de 1968, pela “ Comissão no Mar por Hidrocarbonetos, do Aquário
Executiva de Obras Militares Extraordiná- Vasco da Gama, e de material arrestado
rias” e pela CMLA, tendo ficado atribuídas pela Capitania do Porto de Setúbal.
ao Comando da Defesa Marítima / Capita- Actualmente, Pantróia funciona na de-
nia do Porto de Setúbal. pendência directa do Comando da Base
de Fuzileiros, por delegação do Coman-
Posteriormente, e através de doação feita do do Corpo de Fuzileiros (CCF), à qual
pela empresa Soltróia ao Estado Português, incumbe genericamente prestar apoio
foram anexados a estas instalações 2 talhões logístico à unidades navais, unidades de
localizados a montante, sendo um de 15 fuzileiros e às equipas de treino e avalia-
hectares de área destinada a uma eventual ção dos comandos administrativos. A sua
expansão das instalações e outro com cerca nova lotação compreende um SAJ FZ,
de 0,07 hectares onde esteve instalada a an- como encarregado das instalações, um
tiga Estação de Medições Magnéticas e cuja Cabo FZ e um Cabo E, tendo sido poste-
suspensão de actividade foi decretada pelo riormente reforçada com quatro praças
Estado-Maior da Armada, em Novembro do CCF.
de 1985, devido à obsolescência e degrada-
ção dos equipamentos existentes. A. Ova Correia
CMG FZ