Page 14 - Revista da Armada
P. 14
COMISSÃO CULTURAL DA MARINHA
MUSEU DE MARINHA
LANÇAMENTO DE LIVRO E INAUGURAÇÃO DE EXPOSIÇÃO
Realizou-se no passado dia 5 de novem-
bro, no Pavilhão das Galeotas do Mu- Indonésia que não admitia que essa instabi- sândalo, no qual estavam identificados os vários
seu de Marinha, o lançamento do livro lidade constituísse uma ameaça à sua segu- acontecimentos desde a chegada dos portugue-
rança. Em finais de agosto de 1975, diante de ses, no século XVI, até à atualidade, com desta-
Recordações de um Marinheiro – Timor 1973- uma situação descontrolada e em clima de que para aqueles em que participou a Marinha.
-1975 do CALM Leiria Pinto. Tendo obtido pré-guerra civil, o Governador e Comandante- À entrada encontravam-se modelos de em-
uma licenciatura em História, após passar à si- -Chefe ordena a saída para a Ilha do Ataúro. barcações tradicionais timorenses a que se se-
tuação de Reserva, o autor desempenhou, du- guia a apresentação de testemunhos escritos,
rante quase cinco décadas, diversas funções pertença do Arquivo Histórico, distribuídos
na Marinha. Entre o comando de navios e de por três expositores.
unidades em terra destacam-se os comandos No primeiro, constava documentação desde
de um Destacamento de Fuzileiros Especiais o século XIX até à conclusão das Campanhas
na Guiné e o da Escola Naval, e a direção da de Pacificação, nas quais a Marinha desempe-
Biblioteca Central da Marinha, em acumula- nhou um papel importante. Foi dado especial
ção com a presidência da Comissão Cultural. destaque à Guerra do Manufai (1911/12), a
Foram escolhidas estas funções como teste- mais grave e duradoura revolta indígena timo-
munho de uma carreira multifacetada, abran- rense. Estava exposto um modelo da canho-
gendo tanto missões operacionais de combate neira Pátria que, na ocasião, muito contribuiu
como atividades de cariz cultural. para que a paz fosse alcançada. Igualmente,
O livro em questão descreve, detalhadamente, referente a esse período, podia ser observado
a comissão desempenhada no mais longínquo um modelo da canhoneira Bengo.
território do então Ultramar Português, num pe- O segundo expositor referia-se à ocupação ja-
ríodo bastante conturbado que abrange os dois ponesa, entre fevereiro de 1942 e setembro de
últimos anos da existência do Timor Português. 1945, sendo apresentados vários documentos,
Após umas palavras introdutórias proferidas especialmente os Diários Náuticos dos avisos
pelo VALM Vilas Boas Tavares, Diretor da Co- Afonso de Albuquerque, Bartolomeu Dias e
missão Cultural da Marinha, a editora do livro, Gonçalves Zarco, que participaram no reassu-
o CALM MN Rui Abreu, também ele antigo mir da soberania portuguesa no território.
Presidente da Comissão Cultural, fez a respeti- O último espaço expositivo reportava-se ao
va apresentação, com uma descrição bastante No terceiro e último período são referenciadas período pós II Guerra Mundial até aos nossos
completa em que destacou os pontos principais. as missões cometidas à Marinha quando da es- dias, sendo exibidos relatórios dos aconteci-
O Almirante Leiria Pinto divide a sua missão tadia no Ataúro. Ao longo da obra o Almirante mentos que se registaram depois do 25 de Abril
em três períodos distintos. O primeiro destes Leiria Pinto tece rasgados elogios a todo o pes- de 1974 até à invasão da ilha, em dezembro de
inicia-se com a sua chegada ao território, para soal de Marinha que serviu sob as suas ordens 1975, por forças indonésias e Diários Náuticos
desempenhar os cargos de Comandante da De- e destaca o papel fundamental e imprescindível das corvetas então presentes em águas timoren-
fesa Marítima, de Chefe da Repartição Provin- da Estação Radionaval de Díli nas comunica- ses. Após uma ausência de 24 anos a Marinha
cial dos Serviços de Marinha e por voltaria a Timor, a partir de novem-
inerência Capitão dos Portos, de Foto Rui Salta bro de 1999, com a chegada da
Presidente da Comissão Adminis- fragata Vasco da Gama integrada
trativa dos Serviços de Transportes na INTERFET (Força Internacional
Marítimos e de Presidente da Junta de Timor-Leste) que seria rendida
Autónoma do Porto de Díli, mais pela fragata Comandante Herme-
tarde seria também Diretor dos negildo Capelo cujos modelos
Serviços de Transportes Aéreos também estavam apresentados.
de Timor. Este primeiro período Ao mesmo tempo, Companhias
carateriza-se por uma situação de de Fuzileiros integraram diversas
rotina e tranquilidade, executan- missões de imposição e manu-
do a Marinha, além da patrulha e tenção de paz no território, sob a
fiscalização marítimas, tarefas de égide das Nações Unidas.
apoio às populações ribeirinhas. Encontravam-se igualmente re-
De realçar o importante papel desempenhado ções entre aquela parcela do território português ferências à cooperação técnico-militar que
pela Estação Radionaval de Díli nas comuni- e os centros de decisão no Portugal Continental. a Marinha Portuguesa levou e leva a efeito
cações com Lisboa, Macau e Lourenço Mar- O lançamento deste livro coincidiu com a para a edificação da Marinha Timorense.
ques e com os navios-petroleiros portugueses inauguração de uma exposição, igualmente A concluir a Exposição figurava a última
que navegavam de e para o Golfo Pérsico. no Pavilhão das Galeotas, sobre a presença da Bandeira Nacional que esteve içada na Esta-
O segundo período começa com a revolu- Marinha em Timor desde o século XVI até ao ção Radionaval de Díli e foi definitivamente
ção do 25 de abril e prolonga-se até 1975, presente. arriada em 26 de Agosto de 1975, quando da
sendo apresentado em relatórios diários o de- Na Exposição organizada pelo Museu de Ma- saída dos portugueses de Díli.
gradar da situação política e social, mercê de rinha, um extenso quadro apresentava a crono-
fatores internos e externos, perante a vizinha logia histórica da Ilha de Timor onde nasce o Colaboração da COMISSÃO CULTURAL DAMARINHA
14 JANEIRO 2013 • REVISTA DA ARMADA