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REVISTA DA ARMADA | 505

PARTICIPAÇÃO DO

CORPO DE FUZILEIROS

TRIDENT JUNCTURE 15

Oexercício Trident Juncture 2015 (TRJE15) foi considerado o          da atracado em Lisboa, tendo sido antecipadamente projetada
     maior exercício militar da NATO durante a última década, en-    para a área de operações uma unidade de reconhecimento com-
volvendo toda a estrutura de Comandos desta organização com a        binada (PRT-EUA) que permitiu recolher informações sobre os
finalidade de demonstrar a capacidade da aliança atlântica para      objetivos, reorientar o esforço e refinar os planos para as ações
planear, gerar, preparar, projetar e sustentar as forças e os meios  subsequentes. Iniciado o movimento (travessia) para a Área do
a ela atribuídos.                                                    Objetivo Anfíbio (AOA) e uma vez consolidada a situação no ter-
                                                                     reno (shaping), foram efetuados os devidos ensaios a bordo e
   O TRJE15 foi basicamente dividido em duas fases: uma primei-      promulgada a ordem de “Land the Landing Force” com a proje-
ra fase para o exercício de Postos de Comando (CPX) no período       ção da FFZ2 e de uma Companhia da 26th MEU por meios aéreos
compreendido entre 03 e 16 de outubro, sendo essa operação           (CH-53 Super Stallion) que efetuaram, com sucesso, um ataque
comandada a partir do NATO Joint Force Command Brunssum, na          sincronizado aos objetivos definidos pelo CLF. Após a decisão de
Holanda; e uma segunda fase, com forças no terreno (LIVEX), de       permanecer em terra para assegurar as operações de estabiliza-
21 de outubro a 06 de novembro, distribuído por Itália, Espanha e    ção, apoio e segurança na região, iniciou-se então o desembar-
Portugal, países que se ofereceram como nações hospedeiras; em       que de outros meios de combate e de apoio de serviços a partir
território nacional o exercício decorreu nas zonas de Pinheiro da    dos LCAC (Landing Craft Air Cushion), edificando uma base tem-
Cruz, Troia, Setúbal, Sines, Beja e Santa Margarida, contando com    porária de estacionamento (BTE) em terra. Também com o 2º es-
a presença de cerca de 13 mil militares, de 14 países da Aliança.    calão de comando já desembarcado as forças reorganizaram-se,
                                                                     prontas para a atribuição de novas tarefas; ao surgir a informação
   A participação do Corpo de Fuzileiros, na sua capacidade de       da presença de bolsas inimigas na AOA, o 1º escalão de comando
Projeção de Força, foi assegurada pelo Batalhão Ligeiro de De-       e a Reserva (FFZ1) permaneceram a bordo até esclarecimento da
sembarque (BLD), edificado pela Força de Fuzileiros nº 1 (FFZ1),     situação e foi atribuído ao Reconhecimento a tarefa de validar a
pela Força de Fuzileiros nº 2 (FFZ2), pelo Elemento de Apoio de      existência dessas ameaças. Confirmados a localização e os efeti-
Serviços em Combate (gerado pelo novo Departamento de Apoio          vos inimigos, e por forma a garantir a surpresa até ao último mo-
Geral – DAG – do Corpo de Fuzileiros), pelo Elemento de Assalto      mento, foi então decidido empenhar a FFZ1 através de uma ação
Anfíbio (agora sedeado no BF1/Unidade de Meios de Desembar-          rápida e em força a partir de bordo, conduzindo um heli-assalto
que) e pelo Elemento de Comando que foi gerado a partir do           à posição inimiga e neutralizando rapidamente essa ameaça; de
Comando e do Núcleo de Programação, Controlo e Registo (PCR)         referir que o CLF exerceu o comando e controlo da ação a partir
do Batalhão de Fuzileiros nº 2 (BF2), reforçado por elementos do     de um helicóptero CH-53 que sobrevoava a área do objetivo.
PCR da FFZ1.
                                                                       Terminada esta “fase” de assalto anfíbio, foi altura de trocar
   No primeiro período da fase LIVEX a missão atribuída ao BLD       experiências em terra, em termos de técnicas, táticas e proce-
foi francamente desafiante, nomeadamente ao integrar uma For-        dimentos. Durante três dias foram conduzidas séries ao escalão
ça de Desembarque Combinada (Combined Landing Force) com             pelotão e secção, desde tiro real no CTPC, ao planeamento e
subunidades da  26th Marine Expeditionary Unit (26th MEU) as-        execução de ataques deliberados bem como outros intercâmbios
segurando, ainda, o Comando dessa força (Commander of the            de conhecimento em áreas especializadas e de interesse mútuo
Landing Force – CLF). Em apoio direto à força foi atribuído o USS    (e.g. socorrismo, reconhecimento, anti-carro, morteiros, etc).
Arlington (o oitavo de doze modernos LPD – Landing Platform          Esta etapa terminou com o reembarque da Companhia do 26th
Dock – da Marinha Norte-americana) que atuou sob o chapéu da         MEU no LPD, após uma churrascada realizada na “curva do BF2”
STRIKFORNATO1 permitindo a execução de uma operação anfíbia          num ambiente mais relaxado e alegre, propício ao convívio e re-
com o objetivo de neutralizar forças opositoras que ameaçavam        lacionamento entre os participantes, onde se efetuou a já habi-
a estabilidade e a segurança num determinado país (cenário fic-      tual troca de lembranças entre os militares de ambos os países.
tício criado e simulado na área de Pinheiro da Cruz e península
de Troia). O planeamento inicial foi efetuado a bordo do LPD, ain-

6 MARÇO 2016
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