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REVISTA DA ARMADA | 520
A MUDANÇA uma MISSÃO e um conjunto de propostas de âmbito multidisci-
plinar, cabendo depois aos poderes públicos promover ou não a
O mar é a grande herança que recebemos dos nossos antepassa- validação e prover à sua implementação.
dos e foi a nossa histórica porta de entrada para o mundo e para a Há, porém, realidades que não podem deixar de ser bem per-
história do mundo. Os portugueses de hoje, herdeiros desta costa cecionadas pelos portugueses, se se pretende uma adesão plena:
marítima e desta enorme Zona Económica Exclusiva, devem estar – que o poder nacional pode aumentar através dum maior con-
à altura dessa herança, i.e., devem ser capazes de, redescobrindo tributo do poder marítimo;
o mar, assegurar através dele a nossa sustentabilidade económica, – que um melhor conhecimento do mar e das suas potencialida-
social e ambiental. des traz vantagens ao país à escala global;
Para reaproximar Portugal e os portugueses do mar há que fazer – que o “crescimento” de um Portugal virado para o mar marcará
algo necessariamente distinto do que foi feito até hoje, não criti- a diferença nas organizações de que Portugal faz parte;
cando algumas das medidas já tomadas, que poderão levar mais – que o nosso mar tem que ser “ocupado” sob pena de outrem o fazer;
ou menos tempo a fazer efeito, mas com uma atitude construtiva. – que parte significativa das importações e exportações nacionais
Repare-se, a título de exemplo, na seguinte medida incluída na se faz por mar; e
Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020: “Nesse sentido, é neces- – que há que manter as vias de comunicação marítima livres
sário recriar uma identidade marítima, moderna, que não renegue das ameaças, até porque também dessas vias dependem, em
os valores tradicionais, mas que esteja virada para o futuro e poten- maior ou menor grau, as regiões autónomas.
cie um novo espírito das descobertas, orientado para a criatividade O projeto que doravante se lança não é mais que um contributo
na conceção, empreendedorismo na preparação e pro-atividade na para essa reaproximação, que a Marinha deseja que aconteça o mais
ação, concretizando as oportunidades que o Mar-Portugal oferece”. rapidamente possível. Em artigos posteriores serão analisadas iniciati-
O que se seguiu e com que acompanhamento e/ou supervisão? vas de outros países e de organizações nacionais, públicas e privadas,
Com ou sem debate público, com ou sem matrizes de análise de tendo em vista idênticos desideratos, porventura a outras escalas.
cenários, para permitir a melhor escolha dos caminhos (a estra-
tégia) a seguir para alcançar o(s) objectivo(s) definido(s), há que Ramos Borges
elaborar um programa para a dita reaproximação, com uma VISÃO, CALM
1ª PEREGRINAÇÃO À TERRA SANTA
primeira peregrinação do Ordinariato
A Castrense à Terra Santa teve lugar entre
25 de fevereiro e 4 de março. Participaram
peregrinos dos três Ramos das Forças Arma-
das, e também civis que trabalham no MDN.
O Bispo das Forças Armadas e das Forças
de Segurança, D. Manuel Linda, conduziu
os 85 peregrinos nesta iniciativa religiosa.
Foi um momento de união entre os pre-
sentes, no fortalecimento da fé comum,
mas também de conhecimento dos luga-
res históricos sagrados cristãos, judaicos
e mesmo muçulmanos, bem como uma
oportunidade de conhecer outras culturas.
Os dias pareceram poucos para visitar
todos os locais importantes e seria fasti-
dioso enumerá-los aqui, pelo que serão
mencionados apenas os lugares mais rele-
vantes nas várias vertentes.
Nos primeiros dias, a caminho da Galileia, foram visitadas as ruí- começando no Convento da Flagelação e terminando no Santo Sepul-
nas da cidade de Cesareia, o monte Carmelo, as ruínas da cidade cro. A chegada ao Santo Sepulcro é um momento onde a fé se revela
de Cafarnaum, a Basílica da Anunciação, em Nazaré, construída no interior de cada cristão. É ainda um lugar onde os cristãos de várias
sobre a gruta onde Nossa Senhora recebeu a visita do anjo Gabriel confissões rezam juntos e é possível verificar que o que nos separa
e onde viveu Jesus. é nada. A celebração da eucaristia naquele lugar foi marcante para
Numa segunda fase da peregrinação, já a caminho do sul, foi visi- todos os peregrinos, que sentiram o sagrado a tocar o seu íntimo.
tado o rio Jordão, as grutas de Qumram e, no fim, a chegada a Jeru- No último dia em Jerusalém, os peregrinos tiveram ainda oportu-
salém. A visão da cidade Santa, lugar sagrado, é um momento único nidade de visitar muitos outros lugares incontornáveis na história
para quem vem do deserto, e muito profundo para um cristão. do cristianismo.
A última fase desta peregrinação focou-se em Jerusalém e Belém. Visitar a Terra Santa constituiu uma experiência única e sê-lo-á
Em Jerusalém, na parte norte da Esplanada das Mesquitas (nome sempre se se conseguir juntar o que se vê ao que se sente.
do complexo onde se encontra a mesquita), fica o famoso Muro das
Lamentações, onde hoje os judeus rezam. A peregrinação continuou Graça Barreiro
CFR
com a realização da Via Dolorosa, passando pelas várias estações, (Um dos participantes)
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