Page 13 - Revista da Armada
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Quem  tenha  conhecido  o  Estado  Português  da  Índia   Existem  ao  lado  de  estradas  e  ruas,  à  beira  dos  camI-
         decerto  terá  sido  impressionado  pelo  l1úmero  de  cru-  nhos - uns,  alegres  na  sua  imaculada  brancura,  como
         zeiros  (pedestais  mais  ou  menos  elaborados  arqui-  o  que  se  ergue  no  caminho  da  Fortaleza  de  Tiracol:
         tectonicamente  encimados  por  uma  cruz)  erectos  por   outros,  tristes  e  velhos,  gastos  pelo  tempo,  arruinados,
         toda  a  parte.  Não  são  como  os  das  nossas  aldeias,  onde   roídos  pelas  monções  e  pelo  abandono  dos  homens,
         as  procissões  se  deslocam,  a  partir  da  igreja,  em  dias   como  esse  que  se  vê  (se  é  que  ainda  existe)  no  alto  do
         de  festa.  Lá,  cada  igreja  tem  um  ou  mais  cruzeiros - al-  Monte  Santo,  em  Velha  Goa.
         guns,  verdadeiras  obras  de  arte,  como  o  da  Matriz  de
         Margão -, sempre  elegantes  na  sua  traça,  adornando  um   Muitos  deles,  acompanhados  apenas  pelos  coqueiros,
         adro,  como  na  Igreja  de  S.  Lourenço,  ou  equilibrando   quedam-se  isolados,  sem  que  se  saiba  quando  e  porquê
         uma fachada,  como o de Siridão.  o  entanto,  o  singular,   foram  ali  erguidos,  como  aquele que,  perto de  Agaçaim,
         principalmente  em  Goa,  é  a  profusão  des~1s  constru-  chora de  velho.  Mão  piedosa ergueu-lhe  sobre o  pedestal  •
         ções piedosas, semeadas por toda a parte.            arruinado  rústica  cruz  de  madeira  (humilde  arremedo  ...
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