Page 187 - Revista da Armada
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Lisboa  o  príncipe  dos  poetas  portugueses,  tendo  sido,   Luís  de  Camões  foi  de  medíocre,  mas  proporcionada,
     na  sua  sepultura,  mandado  inscrever  este  epitáfio:   estatura  de  corpo.  Teve  o  rosto  cheio,  um  pouco  carre-
                                                          gado  de  frente.  O  nariz  comprido,  no  meio  elevado,
                                                          grosso  na  ponta;  o cabelo  louro,  quando  novo; um  olhar
              AQUI JAZ LUÍS DE CAMÕES
                 PRÍNCIPE DOS POETAS                      vivíssimo,  mesmo  depois  de  perder  a  vista  direita.  Era
                     DO SEU TEMPO:                        afável  no  trato,  jovial  na  conversação,  pródigo  com  os
         ViVEU POBRE E MISERÀVELMENTE                     amigos,  inimigo dos vícios, afectuoso pela Pátria.
                    E ASSIM MORREU                        «Da  qualidade  do  seu  engenho  dão  testemunho  os  seus
                   ANO DE MDLXXIX                         escritos.»
             ( Esta campa lhe mandou aqui pôr                                                    A. Chuquere
                   ,D.  Gonçalo Coutinho;                               (Compilado de uma edição de «Os  Lusíadas»,  da
          Na  qual não se enterrará pessoa alguma)                      Imprensa da  Universidade de  Coimbra, di'  J 800)





     EFEMÉRIDES  NAVAIS                                   que  destroçou  o  inimigo  e  apreendeu  todas  as  suas
                                                          ~alés» .
     RELATIVAS                                            Em  17  de  Junho  de  1922,  amaram  no  Rio  de  Janeiro

                                                          Sacadura  Cabral  e  Gago  Coutinho,  concluindo  a  I.a
     AO  MÊS  DE  JUNHO  travessia  aérea  do  Atlântico  Sul,  que  António  Cândido
                                                          saudou  no  dia  apoteótico  da  chegada  a  Lisboa:  «A  tra-
     Em  12  de  Junho  de  1850,  nasce  na  ilha  de  S.  Miguel   vessia  aérea  do  Atlântico  epicamente  tentada  por
     o  comandante  Roberto  Ivens  que,  com  Hermenegildo   Gago  Coutinho  e  Sacadura  Cabral,  dois  grandes  nomes
     Capelo  e  Serpa  Pinto,  haveria  de  realizar  a  expedição   que  já  pertencem  à  História,  não  é  um  simples  feito
     de  ligação  das  duas  costas  de  África - Atlântico-  individual  embora  pareça.
     -Índico - ,  «com  respeito  sobretudo  aos  pontos  por   «É  uma  empresa  colectiva,  é  uma  obra  nacional,
     nós  ocupados,  a  mais  perfeita  apreciação  do  interior   colaborámos  todos  nela  com  o  ardor  dos  nossos  votos,
     respectivo  e  mais  essencialmente  dessa  interessante   com  inabalável  fé  no  sucesso  final,  com  a .alegria  e .a
     região  dos  lagos  que  lhe  serve  de  intermédio  e  que   pena  que,  intermitentemente,  nos  causaram  os  aci-
     lhe  poderá  ajudar  a  abrir  caminho  que  lhe  facilite  o   dentes  vários,  do  maravilhoso  e  arriscado  cometimento,
     maior  comércio  interno  e  quantas  mais  relações  apro-  com  a  intensa  ansiedade  das  nossas  almas,  desde  que
     veitem  aos  nossos  interesses  e  à  civilização  do  mundo».   se  iniciou  o  arrojado  voo.
                                                          «Velhos  dominadores  do  mar,  ficaremos  sendo  também
     Em  15  de Junho de  1180,  D.  Fuas  Roupinho - 1.° almi-  incontestados  avassaladores . do  espaço.  Prefulgente  e
     rante  português - ataca  «no  rio  de  Setúbal»   uma   dupla  glória  a  que  foi  felizmente  predestinado  o  alto
     esquadra  mourisca  de  9  galés,  «travando  rija  peleja.   génio  da  imortal  raça  portuguesa.»










                                No  N.0  7  da  Revista,  no  artigo  intitulado  «A  Primeira
                                Travessia  Aérea  do  Atlântico  Sul»,  por  erro  de  fonte
                               de  informação,  disse-se  que  o  avião  «Santa  Cruz»,
                               com  o  qual  foi  concluída  a  travessia,  fôra  oferecido
                               pelo  Brasil.  Na  realidade, o  movimento de  solidariedade
                               que  se  esboçou  no  país  irmão  com  vista  à  aquisição
                               de  novo  aparelho  para  aquele fim  não  teve  necessidade
                               de  se  concretizar  porque  no  Centro  de  Aviação  do
                               Bom  Sucesso  se  düpunha  ainda  de  um  «Fairey» ,
                               o  último,  que  o  ministro  da  Marinha  fez  seguir  logo
                               que  foi  possível  para  Fernando  Noronha,  a  bordo  do
                               Cruzador  «República».




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