Page 233 - Revista da Armada
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dizer acerca dos faroleiros, pois esta De José Bernardino Tirapicos, mar.
profissão, num país em que os seus MUTILADO DE GUERRA M , recebemos uma carta da qual extraí-
maiores feitos vieram do mar, é des- mos:
conhecida por grande número da sua «Lisboa, 18 de Abril de 1972.
população.
«Parabéns ao autor do artigo a que me «( ... ) Na oportunidade venho manifes-
Vi-te sorrir. '
referi e apelando para os meus fracos tar quan to me é grato saber que de
poderes literários vou procurar dar
Quedou-se a guerra e uma ordem algum tempo a esta parte a nossa
também uma achega, salvo que seja cravou-se na manhã de distâncias Marinha vem publicandq a «Revista
modesta que nem mereça a publicação. da Armada».
[felizes
«Há tempo quando renovava o meu «Se ao menos atento e~e facto passar
a agitar os sorrisos do meu Além.
bilhete de identidade, ao chegar ao despercebido, cabe-nos a todos - ma-
E eu que regressava e era homem
local destinado a profissão, a empre-
sentia as balas no peito desféito em rinheiros - fomentar a sua ascenção
gada, muito admirada, não queria
[ cicatrizes por forma a fazer dela um elemento
aceitar faroleiro como profissão; nessa
a força duma hora imposta por digno das tão gloriosas tradições da
altura mais ânimo me. deu para que «Briosa» .
[ninguém.
fizesse eco, e que melhor ocasião e «Quando da minha passagem pela
local para isso não será esta revista? Wi-te sorrir. Força Aérea Portuguesa, foi-me dado
«Quem por ventura em passeio ou constatar e por mim avaliar quanto
Olhavas um mutilado?
trabalho percorre a costa portuguesa se sentem satisfeitos e até vaidosos
Não.
há-de ter visto um farol. Em noites os elementos daquela arma quando
ecebias em continência
escuras como breu, ou límpidas em folheiam a sua revista «Mais Alto».
apenas um soldado.
que as estrelas salpicam o céu, quem «Convivendo com eles, sentia certa
não reparou nos fachos luminosos que
Artur de Lucena nostalgia quando através de fotogra-
riscam o espaço? fias, reportagens, tanto na Metrópole
I.O-grumete
«Ou nas entradas dos portos o apagar como no Ultramar, eu via a satisfação
e acender constante dos farolins de com que eles festejavam a presença,
enfiamento, com suas luzes, ora ver- naquela revista, dos seus «escolas».
De José Manuel Falcão Barroso,
melhas ora verdes? «Agora, que toda a Marinha possui
J.O gr. FZ:
«Nos dias de nevoeiro em que a nave- idêntico órgão informativo, cabe, como
«Vila Franca de Xira, 2 1-4-72»
gação se torna mais traiçoeira, quem acima disse, a todos nós contribuir-
não ouviu os sinais sonoros ou sereias? mos para que não só a «Revista da
«Que a boa c-amaradagem e boa dis-
Qual o navegante que não captou os Armada» atinja um valor digno, como
posição reine na Redacção da vossa e
seus radio faróis? também, através dela, a nossa Ma-
nossa Revista são os meus sinceros
«Veodo ou ouvindo alguém terá pen- rinha se sinta honrada com tão bri-
votos.
sado: «Quem manobra tudo isto?» lhante iniciativa.
«Foi com grande entusiasmo e alegria
«Claro que . não podia ser senão esse «Bem haja, senhor director.»
que principiei a ler e a coleccionar
quase desconhecido: o faroleiro.
a nossa querida «Revista da Armada»
«Mas a sua missão não ficou por aqui
e através de diversos esforços consegui
porque toda, ou quase toda, a apare-
arranjar todos os números saídos, De M. Santana, cabo A, embarcado
lhagem é alimentada 'por electricidade
excepto o n.o I, que não consigo en- na fragata «A lmirante Gago Cou ti-
e essa por vezes produzida em suas
contrar. Fazendo eu menção de con- nho», recebemos a seguinte carta:
centrais; são geradores que funcionam
tinuar a apreciar e a guardar com · «Bordo,20-3-72.
e é o' foraleiro atento que os comanda.
todo o carinho a nossa Revista, e
«Quantas vezes a quilómetros de como não possuo a n.O I , agradeço-lhes, «É-me bastante grato, ter ao alcance
povoações ou em ilhas mesmo, priva- caso seja possível, ma enviem. a possibilidade de poder contribuir
do de certos confortos, assim como «Junto três selos de I $00 para o de- com a minha modesta colaboração na
a sua família, ele não desanima e põe vido pagamento. mui nobre «Revista da Armada».
todo o seu brio na profissão que abra- «Termino esta renovando os meus «Há muito que o desejava fazer, mas
çou e está sempre de braços abertos sinceros votos de felicitações e desde na incerteza e talvez com o receio de
para receber os que o visitam, para já apresento os agradecimento~ pela a minha modesta colaboração não
mostrar, conversar e explicar. Por atenção dispensada. servir os · fms da referida Revista,
isso, desde já fica o convite, visitem «Que a nossa Revista continue a pros- tenho-me abstido.
um farol e talvez depois possam ava- perar são os desejos de todos os alu- «Com a saída do n.O 6 e atendendo à
liar um pouco o que isso será.» nos do curso de ACM's.» rubrica «Insistindo», decidi-me a co-
laborar e ao mesmo tempo fazer-me
membro da guarnição da «Nau Ca-
trineta» de agora.
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