Page 175 - Revista da Armada
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Macaréu?






                          Maremoto?






                                         Tsunami?






             o número de Fevereiro da «Revista da Armada» pu-  erito. que coincide (embora a Novosli, quando diz avan-
         blica  uma  tradução  da  Agência  Novosli,  com  o  titulo   çando em sentido contrário ao da corrente levante certa
          .. Macarêus: as ondas da morte», que aborda fenômeno   perplexidade), nem a validade das hipóteses que preten-
          relativamente raro de ondas gigantescas isoladas, com   dem explicá-lo. A dúvida que se levanta é do nome com
          particular ocorrência, e desfecho por vezes catastrófico,   que o fenómeno foi baptizado.
         em cerlas regiões da Terra, designadamente no Pacífico   Macaréu, como até aqui o conhecíamos, era também
         Ocidental.  Já o  n.061/0ut.  de  76  desta  Revista  inseria   onda invulgar, sim, mas regular e fiel no assento geográ-
         tradução  livre  de  artigo  semelhante,  intitulado  então   lico, e tão previsível como a sucessão das marés nos lu-
          .. Tsunami -  a vaga gigantesca»,                  gares onde ocorre. Na Guiné (Bissau), por exemplo. Em
             Não se põe em causa, agora, nem o fen6meno des-  rios como o Corubal (ou Cocochi) e o Geba (ou Chaian-
                                                             ga) onde a maré se faz sentir até quilómetros da foz com
                                                             desníveis que deixam  as  margens lodosas muíto mais
                                                             largas que o curso liquido fluente, a subida para a praia-
                                                             -mar retarda um tanto em relação ao estuário, ou canal
                                                             maritimo, de sorte que este, alcançando nivel mais ele-
                                                             vado,  entra  por aqueles  rios  em  forma  de onda,  tanto
                                                             mais alia quanto a proximidade da conjunção lunar. Esta
                                                             onda pode atingir um ou dois metros de altura, e avança
                                                             contra a corrente (esta sim ... ) do próprio rio, constituindo
                                                             perigo para canoas e embarcações maiores. Tem, toda-
                                                             via, a gentileza de se fazer anunciar com tempo, pois o
                                                             seu ruído ouve-se de muito longe, permitindo o resguar·
                                                             do que as circunstâncias aconselhem. Normalmente ..
                                                                Este era, para mim,  o  fenómeno que designava de
                                                             macareu. De onde vem o nome, qual a etimologia, como
                                                             destrinçar-lhe,  através  da  análise,  o  real  significado?
                                                             Nâo ciescobrimos. Eça de Queirós, que sabia do oficio
                                                             de escrever,  embora não filólogo de renome,  escreveu
                                                             em "Cartas Familiares»: No Japão foi um desses pavo-
                                                             rosos macareus, (. . .) invadindo em desmedido vagalhão
                                                             léguas de costa e lambendo aldeias, cidades, centenas
                                                             de milhares de criaturas. Aqui, Novosli e Eça estâo per-
                                                             feitamente consonantes.
                                                                Na  mitologia  grega,  Macarêu  foi  um  dos  filhos  de
                                                             Eolo, deus dos ventos, que teve mais cinco rapazes e
                                                             seis raparigas, personificando os doze ventos principais.
















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